Caros amigos,
chamo a atenção para este lamento do artista plástico, escritor e professor Archidy Picado Filho, que ví nascer, filho de um grande artista que merece muito mais do que um nome de galeria, se bem que, cada vez que vou à Galeria Archidy Picado me emociono com a lembrança do grande amigo para quem escrevi uma crônica intitulada "O despertar da modernidade".
A Galeria Archidy Picado, é bom lembrar, tem feito um trabalho de mostragem das artes visuais simplesmente exemplar em todas as sua gestões, desde que foi criada pelo primeiro grupo de artistas que integrou o Espaço Cultural, e pelo que eu sei, todos têm e tiveram a maior reverência pelo nome de seu patrono.
Aprendi muito com sua generosidade.
O que é preciso para se homenagear Archidy é difundir sua obra. Não apenas a obra pictórica, já por si maravilhosa, mas também a obra escrita, tanto em poesia e prosa quanto em pensamento estético.
Archidy, o filho, precisa saber que seu pai tem amigos de verdade, e são muitos, e sendo assim ele tem por herança, mas também por seu talento, muitos amigos.
Não tendo o email dele, peço para que este texto lhe chegue às mãos com o meu sincero abraço.
Raul Córdula
“Abaixo Archidy Picado”
Archidy Picado Filho
Conversando com um amigo outro dia, assíduo ouvinte das programações das rádios de João Pessoa (PB) – já que o rádio é seu único companheiro de trabalho no escritório de engenharia que mantém em casa – soube que, às vezes, há comentários no ar questionando o valor do nome de meu pai a referendar a galeria de arte que a Fundação Espaço Cultural mantém em suas dependências.
A crítica ao nome de Archidy Picado para tanto surgiu anos depois que o idealizador da galeria, o arquiteto e artista plástico Arthur Cantalice, resolveu homenagear seu falecido amigo acreditando que, por tudo o que fizera em nome do desenvolvimento das artes na Paraíba, Archidy Picado merecia tal homenagem.
Podem ter havido outras razões particulares para que Arthur tenha sugerido tal homenagem ao meu pai, apoiada pela então presidente da Fundação, a professora Giselda Navarro. Mas o fato é que, senão muitas, meu pai deu substanciais colaborações para a cultura paraibana, não sendo estranho, portanto, que seu nome tenha sido lembrado para dar nome à referida galeria.
Entre os opositores de seu nome para tanto – bem antes que desinformados jornalistas radialistas tenham usado sua liberdade de expressão para denegrir a imagem de pessoas consideradas ilustres, hábito entre perversos invejosos que a democracia não pode evitar – ainda anda por aí o “artista plástico” Josildo Dias, um desses “abstracionistas” que, malgrado o valor inicial justamente conferido ao Abstracionismo (que surgiu no Brasil no século 19, sendo o valor da originalidade de tal arte evidentemente ultrapassado), com o aval de certos críticos, em pleno século 21 ele ainda insiste em se expressar como os antigos opositores do academicismo.
Hoje, esses dois estilos das artes visuais, entre outras artes, estão onde deveriam estar: a serviço da mais completa manifestação artística já desenvolvida: o Cinema.
Mas aqui não caberá discorrer sobre a importância ou a não de certos estilos artísticos na atualidade, ou de “artistas” paraibanos como Josildo Dias. Voltando ao assunto principal deste comentário, digo que, para mim, seria vantajoso que retirassem o nome de meu pai da galeria da FUNESC. Por mim, seria indiferente se a galeria tivesse o nome do próprio Josildo Dias ou de quaisquer outros borra-tintas como ele. Infelizmente, como ocorreu com meu pai, não se prestam grandes homenagens aos que estão vivos, tanto para que não se envaideçam demasiadamente como porque, mortos, tais personalidades não mais representarão nenhuma ameaça aos seus companheiros e companheiras concorrentes.
Aos mortos, portanto, todas as honras.
Agora, fora desta vida cheia de perversos, morto (como ele queria), meu pai não se orgulha de ter seu nome lembrado numa galeria; nem se sentirá injustiçado se o retirarem de lá. Sou eu quem, por estar ainda vivo e ter também seu nome, tem sofrido as conseqüências do despeito e da inveja. Não apenas por ter herdado o nome dele, mas também essa “patologia”, essa tara por culturas e pelas artes que me fazem ser muitas vezes confundido com ele. E não apenas em seus aspectos positivos, por sua inteligência, amabilidade, elegância e beleza física, mas principal e perversamente com seu lado “negativo”; ou seja, com sua “irresponsabilidade” como pai de família, como funcionário público federal e seu alcoolismo, com os quais é referendado por um contingente de pessoas sem nenhum senso de justiça e que, absolutamente ignorantes, nada entendem nem querem entender das angústias e frustrações daqueles que, como meu pai, malgrado suas invejadas posições sociais, enxergam da vida mais do que deveriam.
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