domingo, 12 de setembro de 2010

PARA FUBA QUE NOS TRAZ O ROCK'N ROOL

09/2010
Scorpions: uma jornada pelo tempo

Em 1988 o mundo ainda vivia sob o chamado “equilíbrio pela força”. Estados Unidos e União Soviética disputavam cada milímetro do planeta buscando a hegemonia de suas pregações ideológicas. Por trás da “Cortina de Ferro” (o termo é erroneamente atribuído a Winston Churchill, ex-primeiro-ministro inglês) algumas mudanças já estavam sendo processadas. Um certo Mikhail Gorbachev dava prosseguimento à sua política de transparência (“glasnost”) e reconstrução (“perestroika”), o que significava a abertura de todos os canais para uma nova mentalidade política, econômica e social. O modelo soviético estava sendo destruído por dentro. Já não atendia mais às necessidades de um povo carente de liberdade de expressão e privado de certas “vantagens” só encontradas nos países capitalistas. E foi nesse “vendaval” de mudanças que naquele ano desembarcou em Leningrado (cidade às margens do rio Neva, na entrada do golfo da Finlândia, hoje São Petersburgo) a banda alemã Scorpions.

O registro da visita (com shows, passeio pela cidade e contato com o povo russo) revelou um lugar de rebeldia e de insatisfações. O irreverente Klaus Meine (vocalista da banda) se mostrou bastante surpreso sobre o modo como a juventude soviética “se virava” para ouvir o rock produzido nos países do Ocidente. Como havia muitas proibições e as bandas ocidentais não podiam entrar no país, os jovens sintonizavam uma rádio da Finlândia, gravavam as músicas em aparelhos portáteis e “rodavam” a fita de mão em mão. Claro, a qualidade de áudio ficava aquém do que queriam esses irreverentes “prisioneiros da ideologia”. A banda também visitou um clube onde eram realizados shows de rock’n roll. Enfeitando o palco onde os cantores se apresentavam podia ser vista, estampada, a imagem de Lênin, o pai do sovietismo. A questão era saber se os jovens estavam de acordo com o “Lênin na parede”. Podia ser uma imposição do regime que agonizava. E o Scorpions tocou com a banda “Perestroika”, num show que revelou muita irreverência e pouca vontade de permanecer sob aquele regime.

“To Russia with love and other Savage Amusement” é o título do DVD gravado especialmente para registrar a passagem do grupo alemão pela cidade de Leningrado. Meine foi a uma loja de discos (de vinil, claro) e procurou um do Scorpions. Mas não se surpreendeu com a informação da vendedora de que ali não seria encontrado um único LP do grupo. É explicável: a KGB, a polícia política da URSS, ainda estava muito ativa e o processo de mudanças não havia se completado. Isso só viria a ocorrer no ano seguinte à visita do Scorpions a Leningrado, quando o Muro de Berlim finalmente veio abaixo.

POST-SCRIPTUM:

O portal R7 anunciou que o show do Scorpions, amanhã (sábado, 11 de setembro) no estádio O Almeidão, em João Pessoa, durante o Sun Rock Music Festival, será gravado com câmeras de alta definição. Partes das gravações será usada na composição do DVD blu-ray, que documentará a turnê do grupo alemão intitulada Get your Sting and Blackout World Tour 2010. Segundo o mesmo portal, a base do disco será uma apresentação que o grupo fará na Alemanha. Rudolph Schenker, o líder do Scorpions, anunciou que o grupo estará encerrando suas atividades e que o álbum Sting in the tail, lançado recentemente, é o último de sua discografia. O Scorpions está nas paradas desde o inícios dos anos 70 e se transformou numa das maiores bandas de hard-rock do planeta com hits como Rhythm of Love, Blackout, Send me an Angel, Rock you like a hurricane, Wind of Change (música que fala exatamente sobre a queda do comunismo) e outras que por muito tempo estiveram nas paradas de sucesso em vários países.

Quem for ao estádio Almeidão certamente verá uma das últimas relíquias do rock’n roll. Vá e curta. Vale a pena.

FUBA E O ROCK

Scorpions leva 18 mil ao Almeidão; produção quer tornar festival anual

Quarenta anos de palco já dizem tudo sobre o profissionalismo da banda Scorpions ao subir no palco do primeiro dia de Sun Music Festival, este sábado (11), em João Pessoa. Quase pontuais, os músicos alemães começaram o show às 21h40, apenas 10 minutos depois do programado, fazendo valer a pena o ingresso e 'contornando' o fato de dois shows previstos antes (das bandas paraibanas Shock e Unidade Móvel) terem sido adiados para o domingo (12).

Este foi o primeiro show no Brasil da turnê "Get Your Sting and Blackout World”, que o grupo promete ser a última. Porém, em entrevista no desembarque no aeroporto, a banda aliviou os fãs declarando que prefere não pernsar no fim, e apenas curtir os três anos de shows que ainda tem pela frente.

Os músicos sessentões mostraram que estão em plena forma. Além da disposição e energia no palco, prova disso é a agenda apertada, com shows em quase todos os dias desta semana por vários países da América Latina.

Da Paraíba, os alemães seguem para Buenos Aires (Argentina), onde fazem show na segunda-feira (13), Santiago do Chile (14), La Paz/Bolívia (16), e retornam ao Brasil para tocar em São Paulo (18 e 19), Curitiba (21), Brasília (22) e São Luís (24).

Sun Rock anual

A produção do festival de música calcula que 18 mil pessoas tenham passado pelo Almeidão neste primeiro dia. Ao final do espetáculo de Scorpions, o produtor Fuba avaliou o primeiro dia como positivo, mesmo com os contratempos. Decidido, ele declarou que os pessoenses e nordestinos poderão aguardar uma nova edição do Sun Rock no próximo ano, com mais atrações internacionais.

"Esta foi a primeira grande atração internacional que a cidade recebeu, especialmente em um estádio. Com certeza voltaremos trazendo novidades", comentou.

O show

Os Scorpions prometeram e realmente cumpriram: sacudiram João Pessoa como um furacão, numa alusão a uma de seus maiores sucessos, a música "Rock You Like a Hurricane". Apesar de trazerem no set list muitas músicas do CD novo, "Sting in The Tail", o grupo tocou e cantou hits saudosos, como "Wind Of Change".

As mais aguardadas pelo público ficaram para o bis: "No One Like You" e "Rock You Like a Hurricane", que fechou o espetáculo. Esta última teve participação especial de Andreas Kisser, do Sepultura, adicionando à música o som pesado de sua guitarra. A parceria já aconteceu outras vezes. Em 2008, em Recife, Kisser abriu o show de Scorpions. No Sun Rock, os alemães o convidaram a tocar a última música o elogiando e se declarando admiradores do brasileiro.

Segundo dia

Os shows das bandas Shock (PB) e Unidade Móvel (PB) ficaram para domingo. Neste dia, ainda estão previstas as apresentações de Terra Prima (PE), Matanza (RJ), Children of the Beast (SP), Angra (SP) e Sepultura (MG/EUA). Segundo a produção, quem comprou ingresso para este sábado poderá apresentar o canhoto do bilhete e ir novamente ao festival no domingo, gratuitamente, para ver os grupos que foram transferidos.

Fonte: Paraíba 1