Pela ativista e produtora cultural Roberta Martins
Abdias do Nascimento esteve por aqui desde o distante 1914 até agorinha em 2011, viveu muito... e em seus bem vividos 97 anos, foi um exemplo de firmeza e coerência e no mais perfeito sentido, um grande Mestre. Sempre um protagonista em suas múltiplas atividades, seja como dramaturgo, ator, acadêmico, político, artista plástico, poeta... E mais, como poucos no Brasil, Abdias do Nascimento associou de maneira indivisível o fazer artístico a uma proposta política, sempre se colocando como um combatente na luta contra a discriminação racial e pela valorização da cultura negra.
Como disse Nei Lopes: "Abdias é o elo maior do nosso movimento negro, levando em conta que ele é do início do século passado, quando a discriminação era ainda mais clara. Mesmo hoje, um pouco debilitado [pelas condições de saúde], quando ele abre a boca, sabemos que é o nosso baobá [árvore sagrada no candomblé], guarda toda a vida e história de nossa africanidade".
A militância política de Abdias vem da juventude na década de 1930, desde aquela época refletindo os desafios da vida em um Brasil racista. Integrou a Frente Negra Brasileira, a mais importante entidade negra na primeira metade do século XX no campo sócio-político. Participou dos primeiros congressos de negros no país em que tinham como objetivo discutir formas de resistência à discriminação racial e da fundação do jornal Quilombo e do Museu de Arte Negra.
As origens da participação política de Abdias se encontram no racismo brasileiro e sua combatividade, sem dúvida, reflete a sociedade dos anos 30, mas é viajando pela América Latina, no início da década de 1940, que o Mestre associa de maneira determinante cultura, política e a questão negra. Em especial em sua passagem pelo Peru, quando assiste ao espetáculo O Imperador Jones, de Eugene O'Neill, e vê o personagem central ser interpretado por um ator branco tingido de negro, o que também acontecia no Brasil, fortalecendo a determinação de criar um teatro que valorizasse os artistas negros. Após ter estudado no Teatro Del Pueblo de Buenos Aires, ao retornar ao Brasil em 1941, Abdias é preso por crime de resistência. Ao cumprir pena na penitenciária do Carandiru, organiza um grupo de presos que escrevem e encenam os próprios textos e funda o ‘Teatro do Sentenciado’.
Anos depois em 1944, com o objetivo de valorizar o negro no teatro e a criação de uma nova dramaturgia, inicia o Teatro Experimental do Negro – TEN, que fez mais do que levar negros aos palcos, significou uma iniciativa pioneira, que mobilizou a produção de novos textos e propiciou o surgimento de novos atores e grupos. Além disso, disseminou uma discussão que permaneceria em aberto: a ausência do negro como atores e nas histórias contadas pela dramaturgia em um país de forte traço cultural negro.
O Teatro Experimental do Negro não se limitava ao campo artístico, suas ações incluíam ações de conscientização e também de alfabetização do elenco recrutado, entre os quais: operários, empregadas domésticas, favelados sem profissão definida, estivadores e trabalhadores pobres. Experiências político-culturais que integravam arte, cultura e promoção cidadã, que representou uma forma revolucionária de denunciar o racismo no país.
Há ainda muito que falar do Grande Mestre e mais uma vez intimamente relacionado à política, pelo exílio imposto pela ditadura militar instaurada em 1964, que o faz permanecer treze anos fora do Brasil. Intensificou a produção como artista plástico, em que se dedicou à pintura relacionada à cultura religiosa afro-brasileira e a atuação como conferencista e professor universitário, voz potente na denúncia contra a discriminação racial, nos anos 1970. Período em que foi professor na Universidade do Estado de Nova Iorque, onde fundou a cadeira de Cultura Africana no Novo Mundo, e como professor visitante nas Universidades de Yale e no departamento de línguas e literaturas da Universidade de Ifé, na Nigéria. Tornou-se, a partir daquele momento, presença constante em congressos e fóruns de debates anti-racistas nos Estados Unidos, na África e no Caribe, como o primeiro pan-africanista brasileiro.
No retorno ao Brasil, optou pela carreira política partidária, exercendo mandatos de deputado federal e senador da república pelo PDT, e os cargos de secretário de Estado de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras e de Cidadania e Direitos Humanos, ambos no governo do Estado do Rio e Janeiro. Sempre afirmando a importância da cultura negra na sociedade.
A longa e intensa vida do Mestre Abdias do Nascimento foi sem duvida a trajetória de um grande homem da cultura, um líder guerreiro da luta pela afirmação dos direitos dos descendentes de africanos no Brasil e em todo o mundo. Mais uma vez, me utilizo das palavras de Nei Lopes:
Quando um guerreiro parte (Abdias Nascimento)
Quando parte um guerreiro
O que se há de fazer senão cantar-lhe
Os cânticos de guerra que entoava?
O que se há de fazer
Senão soar os tambores que soava
Chacoalhando-lhes as soalhas
Aos ouvidos moucos da pequenez
E da indiferença
Para que todos saibam
Que um Herói ali vai ?!
O que se há de fazer
Senão imaginá-lo
Transpondo
Os limites da existência palpável
Para, novinho em folha,
Começar tudo de novo
Do outro lado do Tempo?
ADEUS, QUERIDO MESTRE!!!
*Roberta Martins é produtora cultural
Fontes:
- www.abdias.com.br, acesso em 26/05/2011
- http://www.neilopes.blogger.com.br/, acesso em 30/05/2011
- SEMOG, Ele. Abdias Nascimento - O Griot e as Muralhas. Editora Pallas, 2006.
- ALMADA, Sandra de Souza. Abdias Nascimento. Coleção: Retratos do Brasil Negro. Selo Negro. Editora: Summus. 2009.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
DRAMATURGIA - LEITURAS EM CENAS ¨VIDA NOTURNA¨.
Já encontra-se definida como uma das atrações da Mostra Dramaturgia – Leituras em Cena, que acontecerá entre os dias 14 e 17 de junho, no Teatro Lima Penante, ligado ao NTU- Núcleo de Teatro Universitário da UFPB – Universidade Federal da Paraíba. O evento é promovido pelo Sesc de João Pessoa, através do Setor de Cultura, finalizando o processo desencadeado pela oficina “Dramaturgia – Leitura em Cena” com André Paes Leme, realizada durante o mês de maio no Auditório do Sesc Centro.
A apresentação de “ Vida Noturna” acontecerá no dia 15 de junho, às 19 horas, com entrada gratuita.
“VIDA NOTURNA” é uma adaptação dos contos “Um orelhão toca na noite” e “Não é assim a vida?”, do escritor paraibano Geraldo Maciel, falecido em Maio de 2009.
No primeiro momento, a narrativa descreve um jornalista em crise com todas as questões que envolvem sua profissão: ética, justiça, responsabilidade, concessões, violência, sensacionalismo e prostituição infantil.
E na seqüência, um repórter (estagiária) faz uma entrevista com algumas prostitutas, onde são relatadas as adversidades dessa profissão: problemas com a polícia, drogas, alcoolismo, concorrência com outras(os) profissionais da área, fantasias, dentre outras.
Proposta
A escolha desses contos tem como proposta:
Homenagear o contista paraibano Geraldo Maciel, falecido em maio de 2009.
Voltar nosso olhar para problemas sociais do nosso país, em especial, a prostituição infantil.
Experimentar ritmos e gêneros diferenciados de narrativa (drama e comédia).
A programação geral da Mostra Dramaturgia – Leituras em Cena, está assim distribuída:
Mostra " Dramaturgia - Leituras em Cena "
Teatro Lima Penante
Data: 14 a 17 de Junho
Horário: 19:00 hs
Leituras:
NUA NA IGREJA
Texto de Tarcisio Pereira
Diretor: Nelson Alexandre
Data: 14/06
Elenco: Elba Góes
Raquel Ferreira
Tiago Herculano
Wallyson Rodrigues
Márcio Barcellar
Mércia Cartaxo
Participação Especial: Maronilton Henrrique
CONTOS "VIDA" NOTURNA
Texto de Geraldo Maciel
Diretor: Sergio Silva
Data:15/06
Elenco: Tércia Santos Lima
Aparecida Melo
José Sócrates C. L. Silva
Camila Débora Torres
Nara Limeira
Márcio Lins
VAMOS NESSA
Texto de Paulo Vieira
Diretora: Suzy Lopes
Data:16/06
Elenco: Natália Sá
Kassandra Brandão
Glaydson Gonçalves
Suellen Brito
Edmilson Santos
Jamila Facury
ESPERE A CHUVA
Texto de Tarcisio Pereira
Diretor: Antônio Deol
Data:17/06
Elenco: Janielle Araújo
Wilmarks Camilo
Crislane Araújo
José Carlos dos Santos Lima
Dian Ushita Lacerda
Adriana Zenaide Vieira de Melo
Programação:
Data: 14/06
Horário: 20:00 hs
Roda de Conversa:
Tarcisio Pereira e Nelson Alexandre Conversam sobre " Nua na Igreja" de Tarcisio Pereira ,após leitura.
Data: 15/06
Horário: 20:00 hs
Roda de Conversa:
Nara Limeira e Sergio José conversam sobre os Contos " Vida" Noturna de Geraldo Maciel, após leitura.
Data: 16/06
Horário: 20:00 hs
Roda de Conversa:
Suzy Lopes e Paulo Vieira Conversam sobre " Vamos Nessa" de Paulo Vieira, após Leitura.
Data:17/06
Horário: 20:00 hs
Roda de Conversa:
Antônio Deol e Tarcisio Pereira conversam sobre " Espere a Chuva" de Tarcisio Pereira, após a Leitura
Realização: Sesc
Maysa Romão
Assessoria de Comunicação
(83) 88217124 begin_of_the_skype_highlighting (83) 88217124 end_of_the_skype_highlighting / (83) 32083158 begin_of_the_skype_highlighting
A apresentação de “ Vida Noturna” acontecerá no dia 15 de junho, às 19 horas, com entrada gratuita.
“VIDA NOTURNA” é uma adaptação dos contos “Um orelhão toca na noite” e “Não é assim a vida?”, do escritor paraibano Geraldo Maciel, falecido em Maio de 2009.
No primeiro momento, a narrativa descreve um jornalista em crise com todas as questões que envolvem sua profissão: ética, justiça, responsabilidade, concessões, violência, sensacionalismo e prostituição infantil.
E na seqüência, um repórter (estagiária) faz uma entrevista com algumas prostitutas, onde são relatadas as adversidades dessa profissão: problemas com a polícia, drogas, alcoolismo, concorrência com outras(os) profissionais da área, fantasias, dentre outras.
Proposta
A escolha desses contos tem como proposta:
Homenagear o contista paraibano Geraldo Maciel, falecido em maio de 2009.
Voltar nosso olhar para problemas sociais do nosso país, em especial, a prostituição infantil.
Experimentar ritmos e gêneros diferenciados de narrativa (drama e comédia).
A programação geral da Mostra Dramaturgia – Leituras em Cena, está assim distribuída:
Mostra " Dramaturgia - Leituras em Cena "
Teatro Lima Penante
Data: 14 a 17 de Junho
Horário: 19:00 hs
Leituras:
NUA NA IGREJA
Texto de Tarcisio Pereira
Diretor: Nelson Alexandre
Data: 14/06
Elenco: Elba Góes
Raquel Ferreira
Tiago Herculano
Wallyson Rodrigues
Márcio Barcellar
Mércia Cartaxo
Participação Especial: Maronilton Henrrique
CONTOS "VIDA" NOTURNA
Texto de Geraldo Maciel
Diretor: Sergio Silva
Data:15/06
Elenco: Tércia Santos Lima
Aparecida Melo
José Sócrates C. L. Silva
Camila Débora Torres
Nara Limeira
Márcio Lins
VAMOS NESSA
Texto de Paulo Vieira
Diretora: Suzy Lopes
Data:16/06
Elenco: Natália Sá
Kassandra Brandão
Glaydson Gonçalves
Suellen Brito
Edmilson Santos
Jamila Facury
ESPERE A CHUVA
Texto de Tarcisio Pereira
Diretor: Antônio Deol
Data:17/06
Elenco: Janielle Araújo
Wilmarks Camilo
Crislane Araújo
José Carlos dos Santos Lima
Dian Ushita Lacerda
Adriana Zenaide Vieira de Melo
Programação:
Data: 14/06
Horário: 20:00 hs
Roda de Conversa:
Tarcisio Pereira e Nelson Alexandre Conversam sobre " Nua na Igreja" de Tarcisio Pereira ,após leitura.
Data: 15/06
Horário: 20:00 hs
Roda de Conversa:
Nara Limeira e Sergio José conversam sobre os Contos " Vida" Noturna de Geraldo Maciel, após leitura.
Data: 16/06
Horário: 20:00 hs
Roda de Conversa:
Suzy Lopes e Paulo Vieira Conversam sobre " Vamos Nessa" de Paulo Vieira, após Leitura.
Data:17/06
Horário: 20:00 hs
Roda de Conversa:
Antônio Deol e Tarcisio Pereira conversam sobre " Espere a Chuva" de Tarcisio Pereira, após a Leitura
Realização: Sesc
Maysa Romão
Assessoria de Comunicação
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