quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

CARNAVAL

Um carnaval mais triste

Por: RICARDO OLIVEIRA


ALEGRIA. - Vilô, em entrevista à TV Cabo Branco (ao lado), e Adeildo, que produziu um documentário sobre ele: “Queria ter lançado o vídeo com ele vivo”

Um artista que deixa o legado de quatro décadas de frevo, alegria e dignidade. O maestro Severino Vilô faleceu na última terça-feira, às 19h no Hospital da Unimed, por complicações cardiorespiratórias. O problema foi uma consequência da luta contra a diabetes que durou mais de nove anos e levou o maestro a se aposentar da orquestra. Seus amigos, entretanto, mesmo no momento de perda, afirmam que lembram do maestro Vilô como uma referência de alegria.
Em mais de 20 anos de carnaval no Clube Cabo Branco, o maestro sempre foi uma figura ímpar nas festas carnavalescas da cidade. Sua segurança no palco e a firmeza que transmitia à banda nos ensaios está estampada nas lembranças de músicos como Geraldo Marcelo, ex-baterista da Orquestra Tupi de Frevos. “Poderia haver qualquer outra orquestra para apresentações na mesma noite, ele queria arrebentar, fazer o melhor”, afirmou Geraldo à nossa reportagem. O músico lembra que, acima de tudo, Vilô era um “grande amigo que não tinha ambições. Ele era humilde e simples no que fazia”.
Edna Rodrigues, a primeira cantora da orquestra, afirma que para ela Vilô tornou-se um sinônimo de carnaval. “É comum os amigos lembrarem daquela época afirmando que carnavais de verdade eram as festas com Vilô”, lembra a cantora e jornalista. O maestro acreditava que uma música como “Vassourinhas”, quando começava a tocar nos salões dos clubes de baile, era capaz de mudar o humor de todos. Edna lembra o quanto o maestro também gostava de tocar “Bandeira Branca” (de Max Nunes e Laércio Alves) e como as mais animadas “estilo tourada” faziam Vilô vibrar e levantar os bailes.
Nos últimos meses, o cantor e compositor Adeildo Vieira produziu um documentário sobre a vida e obra de Vilô, em parceria com os videastas Adilson Luis, Alfredo Amaral e Niu Batista. O vídeo está em fase final de edição e Adeildo lamenta porque desejava lançar o trabalho com o maestro em vida. “Nós lutamos por isso, para que ele se sentisse homenageado, mas a dinâmica da produção audiovisual na cidade não nos permitiu”, afirmou o cantor. Segundo Adeildo, a ideia é lançar o filme junto ao CD que homenageia a carreira de 40 anos de frevo de Vilô. Na oportunidade, a equipe responsável pelo documentário pretende realizar um seminário sobre a música de carnaval na Paraíba e no Nordeste. “Queremos trazer à discussão a musicalidade carnavalesca da nossa terra, relembrando inclusive a importância do Maestro Vilô”.
O CD ao qual Adeildo se refere é o último trabalho realizado por Severino Vilô e será chamado “40 Anos de Frevo”. A obra foi produzida no final de 2008 e traz um repertório que passa desde as marchinhas clássicas de carnaval até o frevo mais animado. O álbum teve a produção de amigos e familiares, como Márcia e Marcelo Vilô, filhos do maestro. Marcelo, atualmente, é o maestro da orquestra e por telefone nos concedeu uma entrevista que transmitia emoção ao lembrar do CD. “Meu desafio era fazer algo a altura do trabalho que tinha sido feito por ele”, afirmou Marcelo Vilô. Seu pai, devido ao quadro de saúde debilitado, participou apenas homenageando com sua voz o músico Travanquinha, ex-tocador de caixa da orquestra.
O álbum, que terá 14 faixas, está em fase de finalização na gravadora e em breve será lançado – prometendo ainda animar (e emocionar) muitos carnavais.

ONORTE

Adriana Crisanto - O NORTE 05/02/2009

Músicos, parentes, jornalistas e muitos amigos compareceram ao Cemitério Parque das Acácias, em João Pessoa, para dar o último adeus ao instrumentista Severino Vilô Filho, o Maestro Vilô, de 75 anos, um dos mais respeitados maestros paraibano.

Vilô, como era mais conhecido, faleceu na terça-feira (3), às 19h, no Hospital da Unimed, onde estava internado desde sábado (30), com complicações cardiorrespiratórias, geradas pela diabetes, doença silenciosa contra a qual vinha lutando há mais de nove anos.

O maestro deixou viúva Maria Lúcia Costa de Oliveira e cinco filhos, Marcelo e Márcia Vilô, da Orquestra Metalúrgica Filipéia e Sanhauá de Frevos; César; Carlos; e Marcos Vilô.

O músico Adeildo Vieira, profundo admirador da obra do maestro Vilô, disse que ele foi o responsável por trazer dignidade para a música carnavalesca manifestada não apenas nos palcos com a qualidade das composições, mas também nos bastidores enquanto formador de novos músicos. “Formando consciência em cima da boa música. Isso é unâmine entre os músicos que participaram da vida de Vilô”, completou Adeildo, que está em processo de elaboração de um vídeo documentário sobre a vida e a obra do maestro.

O documentário, que ainda não tem nome, está sendo gravado por Adeildo Vieira e o videasta Adilson Luis, com imagens de Niltides Batista, Patrício e Alfredo Amaral. “Estávamos torcendo muito para que pudéssemos fazer o lançamento do vídeo com ele ainda em vida, mas, infelizmente as condições de trabalho de cada um de nós que estamos envolvidos não nos permitiram”, acrescentou Adeildo.
Com o agravamento da doença, foi antecipado o CD “40 Anos de Frevo”, produzido no final do ano passado, gravado no estúdio de Sérgio Gallo, com 14 canções. O CD, que ainda está sendo prensado em São Paulo, traz frevos e marchinhas de carnaval que levam assinatura de Vilô e outros parceiros, a exemplo de Livardo Alves (já falecido), Arthur Silva, Marcos Melodia, Assis Alcântara, Zito, além de músicas de autoria de novos cantores da terra, como Fuba, Ricardo Fabião, Bombinha, Jonas Batista e Mathias, entre outros.

O presidente da Ordem dos Músicos do Brasil, seção Paraíba (OMB/PB), Benedito Onório, amigo pessoal de Vilô, lamentou o falecimento prematuro do maestro. “Ele era um dos ícones da música paraibana na especialidade frevo. Um grande maestro. Ele foi conselheiro por vários anos na Ordem dos Músicos”, acrescentou Onório.

O Maestro Severino Vilô Filho era natural de Serra Branca (PB), mas adotou a cidade de João Pessoa aos 24 anos de idade, quando veio trabalhar na área comercial. Era filho do também Maestro Vilô, que o despertou para a música, sendo estimulado por colegas de trabalho.

Foi quando trocou o balcão pela música, no ano de 1958, período em que ingressou na banda de música da Polícia Militar como trompetista e logo depois na Orquestra Tabajara de Frevo do Estado.
Um dos músicos que o acompanhou em quase todas as orquestras foi o baterista Geraldo Marcelo. “Eu comecei a tocar com ele em 1972. Ele era um pai para todos os músicos. Um homem excepcional. Senti muito ontem, não dormi e hoje vim dar meus agradecimentos por tudo que ele fez por mim”, disse Geraldo, emocionado, que hoje reside no município de Pilar (PB).

Chateado com o caminho que seguia a música de carnaval, Severino Vilô Filho decidiu então criar sua própria orquestra de frevo. Inicialmente, a Orquestra Tupi de Frevos, que animou 41 carnavais de clube da Capital, iniciando pelo Clube Astréa e depois o Esporte Clube Cabo Branco (onde fez 21 carnavais) e cujo conjunto recebeu a denominação de Vilô e Sua Orquestra.

Ele foi parceiro de grandes maestros de orquestras de frevo, a exemplo de Severino Araújo, Maestro Cipó, Guedes Peixoto, Nelson Ferreira e Claudionor Germano. O maestro deixa uma família alegre e calorosa. Casou três vezes e teve cinco filhos, dos quais três, Marcos, Márcia e Marcelo Vilô enveredaram pela arte musical. O último, inclusive, com o afastamento do pai por motivos de saúde, é hoje regente da Orquestra de Vilô, um dos símbolos da resistência do frevo paraibano, característica que elevou o Maestro Vilô à condição de "homenageado especial" da Prévia Carnavalesca Folia de Rua, em 2000.

Membro de uma árvore genealógica musical paraibana, o Maestro Vilô é irmão do também maestro Ninô (falecido) e do saxofonista Geraldo Araújo e é tio do regente Roberto Araújo e da jornalista dos Diários Associados Paraíba, Fátima Sousa (Mana).

Vilô sempre foi referência para os mais antigos, mas também para os mais novos músicos, como é o caso do trompetista Ranilson Farias, que tocou nos últimos anos com o maestro na orquestra. “Foi um aprendizado e uma experiência muito grande ter tocado na orquestra de Vilô. Vou carregar isso comigo na minha bagagem", disse Ranilson que também integra o CD “40 Anos de Frevo”.
SAIBA MAIS

Um dos poucos reconhecimentos que o maestro Severino Vilô recebeu foi o título de Cidadão Pessoense, em 2004. A homenagem foi proposta pelo então vereador Fernando do Grotão, como reconhecimento ao trabalho prestado pelo maestro, filho do Cariri Paraibano, à cultura musical do Estado.

MAESTRO

MAESTRO VILÔ SERÁ HOMENAGEADO PELO BLOCO ANJO AZUL 15 ANOS - 2009

A música e as orquestras de frevos paraibano, perdem o ícone de nossos carnavais remanescentes e das prévias da Folia de Rua.
O MAESTRO VILÔ, deu ¨alma e vida¨ com alegria e harmonia junto aos seus músicos , na historiografia do primeiro bloco do centro histórico paraibano o ANJO AZUL,que completa 15 anos nesse fevereiro de 2009 HOMENAGEANDO seu eterno MAESTRO.

Ednamay - bloco Anjo Azul