terça-feira, 21 de julho de 2009

CARTAABERTA

Sábado, 7 de Fevereiro de 2009

Esta postagem é dedicada ao companheiro de militância no MPD, Thiago D'Angelo, filho de Katia D'Angelo e autor do blog Conselhos que não servem.



Carta aberta da atriz Katia D'Angelo para Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro


Ao prefeito Eduardo Paes, à classe artística e principalmente aos justos

Propus doar ao município a casa onde moro e trabalho para o ''Centrinho Cultural do Canal'' às margens do Marapendi, na Barra, e acabei vítima das minhas boas intenções. Meu projeto foi indicado por Cesar Maia e Ricardo Macieira como de utilidade, onde num raio de 10 quilômetros nada acontecia. O sonho virou tormento. Eduardo Paes quer demolir minha casa e das famílias que moram há Cinquenta Anos no local, sem indenização, com o argumento de estarmos em área ambiental.

Não basta ter perdido meu filho Ronny, assassinado por policiais militares, perdido o emprego na TV por públicas calúnias difamatórias, ter a servidão para minha escola fechada arbitrariamente,ter dormido uma noite na cadeia por erro da VEP, agora estou prestes a ser uma sem teto. Sem a dignidade que deve o Estado a qualquer Cidadão. Que estado é esse que nos vêem como inimigos e não pessoas a quem deve tutelar? A ''APA'' (área de proteção ambiental) sequer pensava em existir. Não somos Invasores! Não somos ricos!!!

Em 1963, meu pai,diretor de vendas de um loteamento na Av. Litorânea ganhou, como outros empregados, um lote da Companhia Litorânea de Imóveis. Nos anos setenta, apaixonada pela natureza do lugar, reformei nossa casinha (a Serla permitia), me estabeleci, tive filhos e moramos nela até hoje. Montei meu grupo de teatro e alugo parte da minha própria residência para sobreviver com honestidade, pois não tenho outra renda que me sustente. Vinte anos depois desta pacífica ocupação, um decreto obrigou os loteamentos a doarem as áreas marginais dos canais para a prefeitura. Somente 36 anos após, a doação foi homologada.

Jamais a prefeitura procurou quem de fato possuía a terra e nela morava para um humano e justo acordo. Nunca houve proposta de remoção para local próximo como manda a lei. Fizemos bodas de ouro com nossas casas, vivemos em um pedacinho de paraíso, com garças, capivaras e de vez em quando um cardume guerreiro de tainhotas que entram pela Joatinga bravamente apesar de tanto esgoto.Não incomodamos nada nem ninguém. Só aos invejosos.

Os antigos governos com seus corporativismos deixaram a Barra crescer sem estrutura, poluiu suas águas, e seus esgotos sem tratamento matou parte da flora e da fauna. Tirou o sossego que o Barrra tinha, com milhares de viaturas nas ruas, nada fez pela cultura do Bairro e agora usa o argumento 'ambiental' para demolirem nossas casas que ocupam ínfimo pedacinho em sua imensidão. Quando chegamos, a Barra era um enorme matagal. Os novos condomínios deram as costas para o canal, instalaram em suas margens casa de empregados, quadras, churrasqueiras, lixeiras, tratando-o como os fundos do terreno, o fim da rua, o local desprezível.

Eu Desafio!! 80% dos condomínios da Barra têm terrenos invadidos e ninguém mexe com eles. Temos fossa e sumidouro, poluímos o canal muito menos que os condomínios de luxo que nos rodeiam. A maioria dos países com mentalidades de primeiro mundo trata seus canais, rios e lagoas como pontos de excelência turística. No Brasil é o contrário. O poder exarcebado gosta de mostrar suas garras principalmente a pobres indefesos cidadãos, impede iniciativas como essa de Um Centrinho Cultural, mas não impede que várias favelas tomem as margens dos nossos rios e canais e ali permaneçam ad-eternum sem dignidade humana.

Poderia citar aqui mais de vinte só na Barra, Recreio, Jacarepaguá e São Conrado, onde, contraditoriamente nosso Prefeito Eduardo Paes quer fazer o modelo de sua atuação nas favelas na de nome Canoas, que fica justamente em área ambiental às margens do Rio Canoas encostada na estrada das Canoas. Que lei é essa que para uns pode para outros não pode!!!??? Que Gestão será a sua Eduardo? Que começa assim? Com tanta injustiça? Sem arte e sem cultura sem respeito humano? Uns em detrimento de outros? Em Rio das Pedras Eduardo Paes declarou que vai reassentar mais de mil famílias por estarem morando em situação deplorável.

Favelas às beiras dos Canais, Rios e Lagoas pode? Sem contar as dos morros que há muito extinguiram as franjas das encostas e as belas paisagens do Rio? Se estivéssemos, 50 anos depois no mesmo lugar em estado deplorável, talvez a prefeitura viesse nos paternalizar, mas como melhoramos um pouquinho nossas casas, passamos a ser uma afronta!! Quer que eu peça clemência. Eu peço! Publicamente, para meu teto e para o Centrinho Cultural, bucólico, em decks de madeira sem a pompa dos mármores, exposto a brisa e ao visual e não enclausurados entre as vitrines dos Shoppings. Clemência também para nós cidadãos, moradia digna e trabalho honesto.

Com tanta crise de trabalho e habitação a resolver no mundo, a demolição de nossas casas será a demolição de nossas vidas. Somos oito famílias que vivem no local há mais de cinqüenta anos, trabalhadores desempregados como eu e velhinhos que vivem com um salário de aposentadoria como meu pai. É uma covardia dormir na mansão da Gávea Pequena, acordar e vir demolir o lar de pessoas simples e honestas. Em derradeiro, caso os czares queiram mesmo nossas cabeças, merecemos e precisamos de uma remoção honesta e digna e não de castigo, mãos de ferro, demonstração de poder. Precisamos de um prefeito, inteligente dinâmico, moderno humano, sensível e culto, sem o ranço do populismo calcado em uma legislação hipócrita, inadequada e fora da realidade.

Essa é boa oportunidade de repensar as verdadeiras necessidades da nossa cidade. Ninguém mora ilegal por que quer, sem necessidade! É preciso separar o joio do trigo, os especuladores e os que precisam de casa para morar. Queremos paz, Paes, já sofremos demais! Deus é paz você Paes só um instrumento. O que já é a Glória!

Parem de nos torturar! Ajudem-nos! Meu coração sangrando agradece!


Katia D'Angelo, (57 anos) é atriz desempregada. Seu pai (91 anos) é aposentado e ganha um salário.



Release histórico sobre o caso feito por Katia D'Angelo

Em 1997, o filho mais Velho de Katia, Ronny com 26 anos na época, foi assassinado depois de uma briga em uma festa de carnaval de rua no Rio de Janeiro, por quatro Policiais Militares que faziam a segurança da festa. Nunca conseguiu indiciar os policiais, apesar de, com a ajuda do Advogado Nilo Batista ter desvendado o crime. O Estado deveria indenizar esta mãe que, viúva, fica sem seu primogênito para ampará-la na velhice. Ao tentar prender os PMs foi ameaçada e teve que sair do país com o filho mais novo e se hospedou na casa de parentes na França onde viveu por um tempo.

Em 2007, Katia D'Angelo foi presa na 16ª DP da Barra da Tijuca, por um erro nos computadores da Vara de Execuções Penais e passou uma noite e um dia enclausurada como bandida em uma cela solitária, fria, úmida e sem cama. O mal entendido só foi desfeito 30 horas depois da prisão. O Estado deveria indenizá-la pelo tormento.

Em 1991, Kátia teve a Escola de Teatro, Grupo de Teatro Proscênio, fechada arbitrariamente por um condomínio na Barra. Na época, ela tinha um espetáculo no Canecão vendido para mais de 70.000 alunos do primeiro grau. Esse processo está em fase de execução e uma indenização de mais de um milhão de reais emperrada nos corredores da Justiça.

Nos anos oitenta, teve seu nome caluniosamente envolvido em uma invasão de terras atrás do Barra Shopping, levou um pito da TV Globo, e não consegue atuar na emissora até hoje. Os verdadeiros invasores foram identificados e as centenas de barracos construídos no local, retirados. Katia nunca teve oportunidade de desfazer a calúnia.

Katia jamais podia esperar que uma tentativa de doação para a prefeitura se voltasse contra ela para a demolição de sua casa, confiou na capacidade da Defensoria Publica para sua defesa no processo administrativo da prefeitura, mas infelizmente depois de uma decisão contrária a sua defesa, descobriu vários erros no processo.

Só resta agora demonstrar essas falhas processuais com a esperança de fazer a Justiça rever o processo e de ter tempo para que o prefeito Eduardo Paes possa rever essa situação e encontrar uma solução justa e humana para todas as famílias, como quer fazer em outros pontos da cidade. A Equipe do advogado Sergio Wiskof, consciente, se propôs a entrar com o pedido da revisão processual.

Se for para cumprir a lei, que as famílias sejam removidas para área próxima e de condições semelhantes a que moram há cinquenta anos.

É preciso tornar essa situação pública porque não pode haver dois pesos e duas medidas para se governar com democracia. Como vai ficar a situação de dezenas de ocupações iguais as nossas pelos condomínios da Barra? Vão ao chão também?

É preciso que a classe artística saiba que mais uma vez teve negada a possibilidade de um Ponto de Cultura existir, bravamente sem patrocínio, nessa cidade tão carente de arte, onde só os agraciados e escolhidos têm vez .

Aos meus colegas artistas reitero que estou doando a minha casa para inaugurar o Centrinho Cultural do Canal para tods nós. Quem se habilitar, vamos fazer chegar às mãos dos nossos governantes que estejam dispostos a criar jurisdição e nova forma humana de governar o nosso pedido de ajuda.

Nós queremos abrir uma discussão pública sobre a postura das demolições que não é transparente e igual para todos.

DIPLOMA

LEI DE IMPRENSA & DIPLOMA

O jornalismo Tabajara

Por Luciano Martins Costa em 17/7/2009 - Fonte: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=546JDB008
Comentário para o programa radiofônico do OI, no ar em 17/07/09

Passado um mês da decisão do Supremo Tribunal Federal extinguindo a obrigatoriedade do diploma específico para o exercício do jornalismo no Brasil, as empresas, universidades, o Ministério da Educação e os jornalistas ainda não chegaram a um acordo sobre como vai funcionar a relação entre as empresas jornalísticas e seus profissionais.

A Lei de Imprensa, nº. 5.250, de 1967, foi revogada no dia 30 de abril.

Praticamente no dia seguinte, começaram os debates sobre o vazio legal que se formou, e que pode trazer consequências graves para a própria imprensa.

As duas decisões foram resultado de intensa movimentação por parte das empresas de comunicação, que celebraram as votações no STF como vitórias da liberdade de expressão.

O observador da imprensa não pode deixar de questionar: ora, com todo acesso que têm aos mais qualificados juristas do País, as empresas de mídia não poderiam ter previsto os efeitos das campanhas que patrocinaram, tanto para a extinção da lei 5.250 como para o fim da obrigatoriedade do diploma de jornalista?

Tanto em um como em outro caso, os articulistas e comentadores que disputam espaço nos jornais de circulação nacional se esmeraram em defender tais medidas.

Nenhum deles chegou a pensar no dia seguinte? Nesse caso, para que servem tais analistas? Apenas para referendar a opinião exposta ali ao lado, nos editoriais?

Brasil sem lei

Já foi publicado que, dos 191 países integrantes da ONU, apenas o Brasil não tem uma legislação específica para regular os direitos e deveres da imprensa.

Com o vácuo legal criado pela extinção da Lei de Imprensa, os cidadãos ficam desprotegidos contra os erros dos jornalistas.

Da mesma forma, sem a legislação específica, os jornais ficam à mercê de decisões aleatórias surgidas por qualquer querela.

Nesta sexta-feira, por exemplo, noticia-se que um juiz do Rio de Janeiro proibiu o colunista da Folha de S.Paulo José Simão de citar o nome da atriz e modelo Juliana Paes.

Se desobedecer, o humorista terá de pagar R$ 10 mil por citação.

Sem a lei específica, há pouco o que fazer em sua defesa.

Quanto ao diploma de jornalismo, algumas consequências já são notadas: empresas de educação de terceira linha começam a anunciar cursos rápidos para os candidatos a jornalista sem diploma universitário específico.

Uma dessas empresas chega a oferecer um curso de jornalismo online pela módica quantia de R$ 40. Não a mensalidade: o curso todo.

A campanha dos jornais contra o diploma ainda vai dar credibilidade à escola de jornalismo das Organizações Tabajara.

Quem quer fazer alguma coisa arranja um jeito, quem não quer arranja uma desculpa - Aforismo Árabe