O livro “Política e Mudança: perspectivas populares”, de José Francisco de Melo Neto, demonstra que política é mesmo feita de idas e vindas. Nos anexos da publicação, consta uma carta assinada pelo hoje prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB), que, à época, era filiado ao Partido dos Trabalhadores, e criticava a tendência do partido em aliar-se ao grupo do ex-governador Cássio Cunha Lima e do senador Cícero Lucena, para as eleições municipais de 2000.
“Faltando cinco meses e 20 dias para uma eleição onde o PT apresenta chances reais de vitória, a campanha não tinha qualquer estrutura pensada ou montada para o embate eleitoral”, disse em um trecho, completando mais adiante: “...dinamitaram a nossa candidatura na Direção Nacional, alegando que ela não tinha chances de vitória, levando-os a não considerar prioritária e, portanto, fora do apoio do PT Nacional”, disse, referindo-se aos petistas Júlio Rafael, Walter Aguiar, Luiz Couto, Adalberto Fulgêncio, Francisco Linhares, Anderson Pires e Chica Carvalho.
A candidatura de Ricardo, na ocasião, foi então substituída pela do atual deputado Luiz Couto, o que deixou aquele indignado. Na mesma época, o PT de Campina Grande construiu uma aliança entre o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) e a ex-prefeita Cozete Barbosa (PT).
“Quando se tratou de construir uma aliança com os Cunha Lima, esse grupo demonstrou todo o empenho possível. (...) Valia tudo para submeter o PT ao poder da oligarquia Cunha Lima em troca da promessa da vice e de alguns cargos. Para a candidatura do PT, em João Pessoa, eles só tinham a oferecer o boicote e a incompreensão, provavelmente pelo fato de não terem tido a coragem de propor uma aliança com Cícero Lucena, pois sabiam que sairiam desmoralizados”, relatou Coutinho.
Segundo o livro, a carta foi escrita no dia 14 de abril de 2000. Nela, Ricardo ainda conclama a militância petista para não se calar diante da traição que ele identificava na postura de algumas lideranças. “Não posso ser candidato a prefeito de João Pessoa com essa direção partidária apunhalando o desejo e a esperança dos nossos militantes”, disse, em trecho final da missiva.