A “GESTÃO” CHICO CÉSAR
Ed Porto
Na abertura da 2ª Conferência Municipal de Cultura de João Pessoa (COMCULT JP), ocorrida de 15 a 17 de outubro de 2009, lancei o seguinte desafio ao Chico César: assuma de fato a gestão da FUNJOPE ou renuncie. Usei como argumento o fato de que não honram, há 2 anos, um edital de literatura onde 10 artistas deveriam ser contemplados com a publicação de suas obras (não me inscrevi neste edital). Este problema perpassa três gestões desta Fundação, incluindo, obviamente, a atual. Sugeri que Chico César passasse mais tempo na cidade, para tentar resolver os problemas da Fundação. Ele respondeu que ao assumir, há cerca de 5 meses, se comprometeu a fazer shows apenas nos finais de semana e fora da Paraíba. Também disse que morava aqui na Ponta do Seixas e que eu estava fazendo acusação leviana. Não tive direito à réplica: cassaram minha fala. Pretendo rebatê-lo agora neste espaço.
É sabido que Chico César se dedica muito mais á sua carreira do que à gestão da cultura local (e não me venha com o argumento de que vive aqui ou de que o pessoal da FUNJOPE o substitui quando viaja). O fato é que desde que assumiu, ele cumpre normalmente sua agenda de shows. Fez turnê pela Europa em julho, cumpriu agenda em agosto e, em setembro, com seis shows em dias úteis, três aos sábados e um no domingo. E olha que Chico disse em público que faria shows apenas nos finais de semana! (imprimi agenda em seu site http://www2.uol.com.br/chicocesar), e em outubro (curiosamente em sua agenda de outubro só constam três shows: um em Buenos Aires (Argentina), e outro em Parauapebas (PA). Todavia, segundo informações de músicos locais, em outubro Chico fez outros shows em Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro. Será que Chico está omitindo dados de sua agenda oficial? Um diretor executivo de um cargo público deve agir assim?
Um dos temas da 2ª COMCULT foi cidadania. Cadê a cidadania? Ela deveria começar pelos artistas. Quais os resultados práticos da gestão quase semestral de Chico César? Enquanto ele faz shows, artistas contemplados em editais não recebem a devida premiação. Enquanto viajava, o pessoal abnegado da FUNJOPE, com baixo salário, trabalhava na organização da 2ª COMCULT JP, no Circuito das Praças etc. Este pessoal faz parte dos novos Sem-Teto, amontoados no Casarão 34, sem dignas condições de trabalho. Cidadania começa pelos funcionários. Cadê a gestão de Chico em prol dos funcionários? Poderia se dedicar mais para tentar resolver os muitos problemas da FUNJOPE que carece do empenho de seu diretor executivo, e não de seus substitutos. Reitero o desafio a você Chico César: assuma de fato e de direito a FUNJOPE; ou renuncie para que o prefeito e seus assessores culturais nomeiem alguém dedicado à gestão cultural da cidade.
(Ed Porto é poeta paraibano. Este artigo foi publicado no jornal Correio da Paraíba)
terça-feira, 3 de novembro de 2009
CARTAZ
OS SETE MARES DE ANTÓNIO
Uma saga luso-brasileira inspirada
na vida do Padre António Vieira
Estréia dia 30 de outubro (sexta-feira), e permanece em cartaz até 15 de novembro, o espetáculo teatral “Os Sete Mares de António”, de Tarcísio Pereira. A peça, que terá temporada de três semanas no Theatro Santa Roza, sempre de sexta a domingo, conta a história da vida e obra do Padre António Vieira, escritor sacro-barroco do século XVII que até hoje é uma grande referência da literatura luso-brasileira, em virtude dos célebres Sermões que deixou escritos à posteridade.
Mas a importância histórica do Padre Vieira vai mais além. Durante toda a sua vida, fez diversas viagens entre Brasil e Portugal e, aqui, notadamente nas regiões norte-nordeste, lutou em defesa dos indígenas e contra a escravatura negra, o que o levou a ser perseguido e expulso várias vezes do Brasil na era colonial.
Em Portugal, lutou em favor dos judeus convertidos ao catolicismo, os chamados “Cristãos-Novos”, o que também o levou a ser perseguido pelo próprio Clero, sendo denunciado ao Tribunal do Santo Ofício, julgado e condenado ao silêncio.
O autor e diretor da peça, Tarcísio Pereira, lembra que escreveu o texto no ano passado para participar de um importante concurso internacional, e terminou sendo um dos 4 vencedores no Brasil. O concurso foi lançado em virtude das comemorações dos 400 anos de nascimento do famoso jesuíta, que foram lançadas em 2008 com festividades no Brasil e na Europa. Com esse texto, totalmente escrito em versos, Tarcísio foi finalista do Prêmio Luso-Brasileiro de Dramaturgia, promovido pela Funarte (Brasil), e Instituto Camões (Portugal).
Além de figurar entre os 4 melhores textos brasileiros sobre o Padre Vieira, a peça ganhou o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2008, tendo recebido financiamento do Ministério da Cultura para a sua encenação. “Portanto, a gente já estréia essa peça carregando dois importantes prêmios, e a nossa esperança é que o espetáculo esteja realmente à altura desses prêmios e venha agradar ao público”.
O espetáculo tem apenas três atores em cena: Flávio Melo (no papel de Padre António Vieira), Sidney Costa (um cantador brasileiro), e Neuri Mossmann (um trovador português). Os dois últimos, com versos em cordel e trovas portuguesas, narram e interpretam dezenas de personagens que passaram pela biografia do pregador. Flávio Melo, além de dialogar com os dois, pronuncia trechos de vários sermões de Vieira, só que adaptados para versos em redondilha maior.
“A idéia foi a de compor uma peça, em versos rimados, dividida em sete quadros. Dizem que o sete é número cabalístico – mas, não por acaso, foi também o número de viagens empreendidas pelo Padre António Vieira de Portugal ao Brasil e vice-versa”, afirma o autor e diretor da peça, explicando: “A peça, assim, está dividida em sete quadros que chamamos de ‘mares’, pois a história se concentra nos acontecimentos das sete viagens feitas por ele. Foi a maneira encontrada para melhor organizar essa biografia em gênero dramático”.
A forma em versos, aliás, já não é novidade na dramaturgia de Tarcísio. Já teve a oportunidade de mostrar esse formado em “Cordel da Paixão de Deus”, dirigido por Duílio Cunha em 2006 durante a semana santa em João Pessoa. A outra peça é “Caboré, a Ópera da Moça Feia”, um dos textos mais encenados do autor, tanto na Paraíba como em outros Estados. Agora, com “Os Sete Mares de António”, completa uma trilogia de peças rimadas e, coincidentemente, as três foram premiadas em concursos de dramaturgia e festivais de teatro, como é o caso de “Caboré”.
Apesar da fidelidade histórica, o autor explica que a intenção é meramente poética e dramatúrgica. Os trechos de alguns sermões do Padre Vieira, inclusive, são enxertados com base nos seus originais. “A diferença está na transmigração da prosa para o cordel, na métrica e na musicalidade, alguns em estrofes de sete versos com sete sílabas, outros em decassílabos com dez versos. Essa foi a parte mais difícil de toda a composição, mas terminou valendo a pena”, diz.
Com uma trilha sonora original, criada pelo maestro e compositor Eli-Eri Moura, as músicas fazem fusão entre o universo ibérico e o armorial, passando por ritmos medievais. A operação musical é do ator Antonio dos Santos. Cenários e adereços de Chico Régis e figurinos de Zeno Zenarde, com assistência de Ana Isaura Nogueira. O plano de luz do espetáculo, bem como a sua execução, levam a assinatura de Fabiano Diniz.
“Pensei numa peça, claro, para ser encenada – mas também num texto para ser lido, cantado ou simplesmente falado – assim como os folhetos de cordel declamados nas feiras do interior nordestino”, afirma o diretor. Ele garante ainda que, além de lúdico, com uma encenação ágil e mutante, o espetáculo é didático do ponto de vista da história do Brasil, da literatura e da personalidade do Padre Vieira, “e com isso pretendemos atingir um público escolar e acadêmico, contribuindo para a divulgação, o conhecimento e o debate”.
O espetáculo levou cinco meses para ser encenado. Desde o mês de maio último, após a notícia de sua classificação no Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, começaram os planejamentos de produção e concepção cênica. Somente em julho o trabalho com os atores teve início, e os ensaios acontecerem entre o Teatro Lima Penante, Teatro de Arena do Espaço Cultural e no Centro Cultural Piollim.
Em cartaz no Theatro Santa Roza, de sexta a domingo, no período de 30 de outubro
a 15 de novembro, sempre a partir das 20:30hs.
Ingressos ao preço de R$ 12,00 (inteira), e R$ 6,00 (meia).
Informações: 3218-4383 / 8735-5720 / 3218-4382
Uma saga luso-brasileira inspirada
na vida do Padre António Vieira
Estréia dia 30 de outubro (sexta-feira), e permanece em cartaz até 15 de novembro, o espetáculo teatral “Os Sete Mares de António”, de Tarcísio Pereira. A peça, que terá temporada de três semanas no Theatro Santa Roza, sempre de sexta a domingo, conta a história da vida e obra do Padre António Vieira, escritor sacro-barroco do século XVII que até hoje é uma grande referência da literatura luso-brasileira, em virtude dos célebres Sermões que deixou escritos à posteridade.
Mas a importância histórica do Padre Vieira vai mais além. Durante toda a sua vida, fez diversas viagens entre Brasil e Portugal e, aqui, notadamente nas regiões norte-nordeste, lutou em defesa dos indígenas e contra a escravatura negra, o que o levou a ser perseguido e expulso várias vezes do Brasil na era colonial.
Em Portugal, lutou em favor dos judeus convertidos ao catolicismo, os chamados “Cristãos-Novos”, o que também o levou a ser perseguido pelo próprio Clero, sendo denunciado ao Tribunal do Santo Ofício, julgado e condenado ao silêncio.
O autor e diretor da peça, Tarcísio Pereira, lembra que escreveu o texto no ano passado para participar de um importante concurso internacional, e terminou sendo um dos 4 vencedores no Brasil. O concurso foi lançado em virtude das comemorações dos 400 anos de nascimento do famoso jesuíta, que foram lançadas em 2008 com festividades no Brasil e na Europa. Com esse texto, totalmente escrito em versos, Tarcísio foi finalista do Prêmio Luso-Brasileiro de Dramaturgia, promovido pela Funarte (Brasil), e Instituto Camões (Portugal).
Além de figurar entre os 4 melhores textos brasileiros sobre o Padre Vieira, a peça ganhou o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2008, tendo recebido financiamento do Ministério da Cultura para a sua encenação. “Portanto, a gente já estréia essa peça carregando dois importantes prêmios, e a nossa esperança é que o espetáculo esteja realmente à altura desses prêmios e venha agradar ao público”.
O espetáculo tem apenas três atores em cena: Flávio Melo (no papel de Padre António Vieira), Sidney Costa (um cantador brasileiro), e Neuri Mossmann (um trovador português). Os dois últimos, com versos em cordel e trovas portuguesas, narram e interpretam dezenas de personagens que passaram pela biografia do pregador. Flávio Melo, além de dialogar com os dois, pronuncia trechos de vários sermões de Vieira, só que adaptados para versos em redondilha maior.
“A idéia foi a de compor uma peça, em versos rimados, dividida em sete quadros. Dizem que o sete é número cabalístico – mas, não por acaso, foi também o número de viagens empreendidas pelo Padre António Vieira de Portugal ao Brasil e vice-versa”, afirma o autor e diretor da peça, explicando: “A peça, assim, está dividida em sete quadros que chamamos de ‘mares’, pois a história se concentra nos acontecimentos das sete viagens feitas por ele. Foi a maneira encontrada para melhor organizar essa biografia em gênero dramático”.
A forma em versos, aliás, já não é novidade na dramaturgia de Tarcísio. Já teve a oportunidade de mostrar esse formado em “Cordel da Paixão de Deus”, dirigido por Duílio Cunha em 2006 durante a semana santa em João Pessoa. A outra peça é “Caboré, a Ópera da Moça Feia”, um dos textos mais encenados do autor, tanto na Paraíba como em outros Estados. Agora, com “Os Sete Mares de António”, completa uma trilogia de peças rimadas e, coincidentemente, as três foram premiadas em concursos de dramaturgia e festivais de teatro, como é o caso de “Caboré”.
Apesar da fidelidade histórica, o autor explica que a intenção é meramente poética e dramatúrgica. Os trechos de alguns sermões do Padre Vieira, inclusive, são enxertados com base nos seus originais. “A diferença está na transmigração da prosa para o cordel, na métrica e na musicalidade, alguns em estrofes de sete versos com sete sílabas, outros em decassílabos com dez versos. Essa foi a parte mais difícil de toda a composição, mas terminou valendo a pena”, diz.
Com uma trilha sonora original, criada pelo maestro e compositor Eli-Eri Moura, as músicas fazem fusão entre o universo ibérico e o armorial, passando por ritmos medievais. A operação musical é do ator Antonio dos Santos. Cenários e adereços de Chico Régis e figurinos de Zeno Zenarde, com assistência de Ana Isaura Nogueira. O plano de luz do espetáculo, bem como a sua execução, levam a assinatura de Fabiano Diniz.
“Pensei numa peça, claro, para ser encenada – mas também num texto para ser lido, cantado ou simplesmente falado – assim como os folhetos de cordel declamados nas feiras do interior nordestino”, afirma o diretor. Ele garante ainda que, além de lúdico, com uma encenação ágil e mutante, o espetáculo é didático do ponto de vista da história do Brasil, da literatura e da personalidade do Padre Vieira, “e com isso pretendemos atingir um público escolar e acadêmico, contribuindo para a divulgação, o conhecimento e o debate”.
O espetáculo levou cinco meses para ser encenado. Desde o mês de maio último, após a notícia de sua classificação no Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, começaram os planejamentos de produção e concepção cênica. Somente em julho o trabalho com os atores teve início, e os ensaios acontecerem entre o Teatro Lima Penante, Teatro de Arena do Espaço Cultural e no Centro Cultural Piollim.
Em cartaz no Theatro Santa Roza, de sexta a domingo, no período de 30 de outubro
a 15 de novembro, sempre a partir das 20:30hs.
Ingressos ao preço de R$ 12,00 (inteira), e R$ 6,00 (meia).
Informações: 3218-4383 / 8735-5720 / 3218-4382
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