terça-feira, 3 de novembro de 2009

CARTAZ

OS SETE MARES DE ANTÓNIO

Uma saga luso-brasileira inspirada

na vida do Padre António Vieira





Estréia dia 30 de outubro (sexta-feira), e permanece em cartaz até 15 de novembro, o espetáculo teatral “Os Sete Mares de António”, de Tarcísio Pereira. A peça, que terá temporada de três semanas no Theatro Santa Roza, sempre de sexta a domingo, conta a história da vida e obra do Padre António Vieira, escritor sacro-barroco do século XVII que até hoje é uma grande referência da literatura luso-brasileira, em virtude dos célebres Sermões que deixou escritos à posteridade.



Mas a importância histórica do Padre Vieira vai mais além. Durante toda a sua vida, fez diversas viagens entre Brasil e Portugal e, aqui, notadamente nas regiões norte-nordeste, lutou em defesa dos indígenas e contra a escravatura negra, o que o levou a ser perseguido e expulso várias vezes do Brasil na era colonial.



Em Portugal, lutou em favor dos judeus convertidos ao catolicismo, os chamados “Cristãos-Novos”, o que também o levou a ser perseguido pelo próprio Clero, sendo denunciado ao Tribunal do Santo Ofício, julgado e condenado ao silêncio.



O autor e diretor da peça, Tarcísio Pereira, lembra que escreveu o texto no ano passado para participar de um importante concurso internacional, e terminou sendo um dos 4 vencedores no Brasil. O concurso foi lançado em virtude das comemorações dos 400 anos de nascimento do famoso jesuíta, que foram lançadas em 2008 com festividades no Brasil e na Europa. Com esse texto, totalmente escrito em versos, Tarcísio foi finalista do Prêmio Luso-Brasileiro de Dramaturgia, promovido pela Funarte (Brasil), e Instituto Camões (Portugal).



Além de figurar entre os 4 melhores textos brasileiros sobre o Padre Vieira, a peça ganhou o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2008, tendo recebido financiamento do Ministério da Cultura para a sua encenação. “Portanto, a gente já estréia essa peça carregando dois importantes prêmios, e a nossa esperança é que o espetáculo esteja realmente à altura desses prêmios e venha agradar ao público”.



O espetáculo tem apenas três atores em cena: Flávio Melo (no papel de Padre António Vieira), Sidney Costa (um cantador brasileiro), e Neuri Mossmann (um trovador português). Os dois últimos, com versos em cordel e trovas portuguesas, narram e interpretam dezenas de personagens que passaram pela biografia do pregador. Flávio Melo, além de dialogar com os dois, pronuncia trechos de vários sermões de Vieira, só que adaptados para versos em redondilha maior.



“A idéia foi a de compor uma peça, em versos rimados, dividida em sete quadros. Dizem que o sete é número cabalístico – mas, não por acaso, foi também o número de viagens empreendidas pelo Padre António Vieira de Portugal ao Brasil e vice-versa”, afirma o autor e diretor da peça, explicando: “A peça, assim, está dividida em sete quadros que chamamos de ‘mares’, pois a história se concentra nos acontecimentos das sete viagens feitas por ele. Foi a maneira encontrada para melhor organizar essa biografia em gênero dramático”.



A forma em versos, aliás, já não é novidade na dramaturgia de Tarcísio. Já teve a oportunidade de mostrar esse formado em “Cordel da Paixão de Deus”, dirigido por Duílio Cunha em 2006 durante a semana santa em João Pessoa. A outra peça é “Caboré, a Ópera da Moça Feia”, um dos textos mais encenados do autor, tanto na Paraíba como em outros Estados. Agora, com “Os Sete Mares de António”, completa uma trilogia de peças rimadas e, coincidentemente, as três foram premiadas em concursos de dramaturgia e festivais de teatro, como é o caso de “Caboré”.



Apesar da fidelidade histórica, o autor explica que a intenção é meramente poética e dramatúrgica. Os trechos de alguns sermões do Padre Vieira, inclusive, são enxertados com base nos seus originais. “A diferença está na transmigração da prosa para o cordel, na métrica e na musicalidade, alguns em estrofes de sete versos com sete sílabas, outros em decassílabos com dez versos. Essa foi a parte mais difícil de toda a composição, mas terminou valendo a pena”, diz.



Com uma trilha sonora original, criada pelo maestro e compositor Eli-Eri Moura, as músicas fazem fusão entre o universo ibérico e o armorial, passando por ritmos medievais. A operação musical é do ator Antonio dos Santos. Cenários e adereços de Chico Régis e figurinos de Zeno Zenarde, com assistência de Ana Isaura Nogueira. O plano de luz do espetáculo, bem como a sua execução, levam a assinatura de Fabiano Diniz.



“Pensei numa peça, claro, para ser encenada – mas também num texto para ser lido, cantado ou simplesmente falado – assim como os folhetos de cordel declamados nas feiras do interior nordestino”, afirma o diretor. Ele garante ainda que, além de lúdico, com uma encenação ágil e mutante, o espetáculo é didático do ponto de vista da história do Brasil, da literatura e da personalidade do Padre Vieira, “e com isso pretendemos atingir um público escolar e acadêmico, contribuindo para a divulgação, o conhecimento e o debate”.



O espetáculo levou cinco meses para ser encenado. Desde o mês de maio último, após a notícia de sua classificação no Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, começaram os planejamentos de produção e concepção cênica. Somente em julho o trabalho com os atores teve início, e os ensaios acontecerem entre o Teatro Lima Penante, Teatro de Arena do Espaço Cultural e no Centro Cultural Piollim.



Em cartaz no Theatro Santa Roza, de sexta a domingo, no período de 30 de outubro

a 15 de novembro, sempre a partir das 20:30hs.

Ingressos ao preço de R$ 12,00 (inteira), e R$ 6,00 (meia).

Informações: 3218-4383 / 8735-5720 / 3218-4382

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