Um carnaval mais triste
Por: RICARDO OLIVEIRA
ALEGRIA. - Vilô, em entrevista à TV Cabo Branco (ao lado), e Adeildo, que produziu um documentário sobre ele: “Queria ter lançado o vídeo com ele vivoâ€
Um artista que deixa o legado de quatro décadas de frevo, alegria e dignidade. O maestro Severino Vilô faleceu na última terça-feira, às 19h no Hospital da Unimed, por complicações cardiorespiratórias. O problema foi uma consequência da luta contra a diabetes que durou mais de nove anos e levou o maestro a se aposentar da orquestra. Seus amigos, entretanto, mesmo no momento de perda, afirmam que lembram do maestro Vilô como uma referência de alegria.
Em mais de 20 anos de carnaval no Clube Cabo Branco, o maestro sempre foi uma figura ímpar nas festas carnavalescas da cidade. Sua segurança no palco e a firmeza que transmitia à banda nos ensaios está estampada nas lembranças de músicos como Geraldo Marcelo, ex-baterista da Orquestra Tupi de Frevos. “Poderia haver qualquer outra orquestra para apresentações na mesma noite, ele queria arrebentar, fazer o melhor”, afirmou Geraldo à nossa reportagem. O músico lembra que, acima de tudo, Vilô era um “grande amigo que não tinha ambições. Ele era humilde e simples no que fazia”.
Edna Rodrigues, a primeira cantora da orquestra, afirma que para ela Vilô tornou-se um sinônimo de carnaval. “É comum os amigos lembrarem daquela época afirmando que carnavais de verdade eram as festas com Vilô”, lembra a cantora e jornalista. O maestro acreditava que uma música como “Vassourinhas”, quando começava a tocar nos salões dos clubes de baile, era capaz de mudar o humor de todos. Edna lembra o quanto o maestro também gostava de tocar “Bandeira Branca” (de Max Nunes e Laércio Alves) e como as mais animadas “estilo tourada” faziam Vilô vibrar e levantar os bailes.
Nos últimos meses, o cantor e compositor Adeildo Vieira produziu um documentário sobre a vida e obra de Vilô, em parceria com os videastas Adilson Luis, Alfredo Amaral e Niu Batista. O vídeo está em fase final de edição e Adeildo lamenta porque desejava lançar o trabalho com o maestro em vida. “Nós lutamos por isso, para que ele se sentisse homenageado, mas a dinâmica da produção audiovisual na cidade não nos permitiu”, afirmou o cantor. Segundo Adeildo, a ideia é lançar o filme junto ao CD que homenageia a carreira de 40 anos de frevo de Vilô. Na oportunidade, a equipe responsável pelo documentário pretende realizar um seminário sobre a música de carnaval na Paraíba e no Nordeste. “Queremos trazer à discussão a musicalidade carnavalesca da nossa terra, relembrando inclusive a importância do Maestro Vilô”.
O CD ao qual Adeildo se refere é o último trabalho realizado por Severino Vilô e será chamado “40 Anos de Frevo”. A obra foi produzida no final de 2008 e traz um repertório que passa desde as marchinhas clássicas de carnaval até o frevo mais animado. O álbum teve a produção de amigos e familiares, como Márcia e Marcelo Vilô, filhos do maestro. Marcelo, atualmente, é o maestro da orquestra e por telefone nos concedeu uma entrevista que transmitia emoção ao lembrar do CD. “Meu desafio era fazer algo a altura do trabalho que tinha sido feito por ele”, afirmou Marcelo Vilô. Seu pai, devido ao quadro de saúde debilitado, participou apenas homenageando com sua voz o músico Travanquinha, ex-tocador de caixa da orquestra.
O álbum, que terá 14 faixas, está em fase de finalização na gravadora e em breve será lançado – prometendo ainda animar (e emocionar) muitos carnavais.
Nenhum comentário :
Postar um comentário