quarta-feira, 8 de setembro de 2010

CULTURA by WALTER SANTOS

A reação de Ricardo VS mais adesões a Maranhão

Postado por Walter Santos em 08/09/10 as 18:53

Bem que o candidato do PSB, Ricardo Coutinho, convocou toda sua gente para ocupar setores e ruas de João Pessoa dentro da estratégia de buscar impressionar e dar maior volume à campanha nesta reta final mas, no inicio da tarde veio uma informação de que três novos prefeitos passaram a apoiar seu adversário, José Maranhão.

No bairro da Torre noticia como esta de Maranhão diante de quem quer reagir geralmente os meninos tipificam como “água no chope do candidato do PSB” porque se computar por baixo os votos a serem transferidos pelas lideranças adesistas passa dos 15 mil votos – e isto faz uma diferença enorme numa eleição.

Teixeira ( Wenceslau Souza), Vieirópolis (Marcos Pereira) e Pedro Régis ( Severino Batista) são os novos nomes na lista que consolida a tendência e favoritismo do governador, que nesta quarta-feira deu uma aula de desenvolvimento sustentável em encontro com empresários do ramo do comércio e de serviços.

Particularmente tenho informações muito positivas de Doutor Severino (Biu), gente da melhor qualidade e que resistiu muito para tomar esta decisão movida pela pressão popular e desatenção de aliados.

É evidente que Ricardo manterá a chama acesa impressionando com sua militância nos lugares, entretanto, seja qual for o cenário é fácil identificar que há um volume mais expressivo na direção do candidato do PMDB.

Nesta quarta à noite, o candidato do PSB reúne apoiadores de sua campanha para jantar/adesão no paço dos Leões devendo agregar nomes de expressão, mas nada disso impressiona mais do que o ensaio de outras perdas para Ricardo e adesões em favor de Maranhão.

Como dizia Antonio Cândido (meu pai, in memorian) ninguém segura água de morro abaixo, aquele negócio e fogo de serra acima. É o que está acontecendo e desequilibrando a disputa.

Duda entrosado ?

O publicitário deu demonstrações no fim-de-semana de total engajamento nos seus projetos contemporâneos. Foi visto até com microfone na mão falando à vontade. Mas era na cidade de Serrinha, domingo, comandando leilão de cavalos – já que um dos maiores criadores do Brasil.

De fato estava muito preocupado. Quanto à campanha de Ricardo...

David ligeiro e com propostas

O Sub-Secretário de Cultura do Governo, David Fernandes, repercutiu positivamente com seu relato em carta para a coluna falando dos projetos de agora e do futuro.

Então ele tinha do que falar. E falou.

Última

“Que na tortura toda carne se trai...”
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Debate sobre Cultura: David revela conjunto de Ações

Postado por Walter Santos em 08/09/10 as 15:48

Do Sub-Secretário de Cultura do Governo do Estado, professor e editor David Fernandes, recebo extenso relatório e sua própria avaliação de uma série de processos e ações em curso traduzindo o Foco da Política de Cultura agora tomada de valores econômicos de olho na tal auto sustentação. Confesso que me impressionei com o volume de dados. Leiamos conjuntamente:

"Ao guerrilheiro cultural WS,

Como sempre, venho acompanhando atentamente suas reflexões sobre o processo cultural que se desenvolve em nossa terra. Desde as analogias com os investimentos pernambucanos e baianos com os de nossa terra, principalmente no ciclo carnavalesco, até o artigo que você publicou na data de hoje.

Estamos na Subsecretaria de Cultura no período de 11 meses e podemos afirmar que a nossa maior preocupação é a formatação de uma política cultural de Estado, cujo desenho começou com a realização da CONFERÊNCIA ESTADUAL DE CULTURA, antecedida pelas CONFERÊNCIAS MUNICIPAIS, que colocou em cena mais de 10.000 agentes culturais em discussão, e que levou mais de 500 delegados para reflexão da cultura paraibana em Campina Grande. Tivemos um retrato do que acontece no Estado e suas perspectivas.

Nossa missão já está definida no Plano Integrado de Cultura do Estado da Paraíba e tem como objeto o fortalecimento da identidade cultural da população, a preservação da sua memória material e imaterial e o fomento à sua produção artística e cultural, e a principal diretriz é integrar a política cultural do governo ao processo de desenvolvimento econômico, social e político do Estado;

Compreendemos que a atuação do poder público na área da cultura estabeleceu-se, historicamente, num sistema de financiamento que destina apenas recursos não-reembolsáveis, oriundos do tesouro do estadual ou de renúncia fiscal, aos mais variados projetos e ações culturais. Este sistema foi muito importante para viabilizar – principalmente num Estado de parcos recursos como o nosso – grande parte da nossa produção cultural, mas insuficiente para estimulá-la de modo sustentável. Por isso toda nossa energia para este foco.

Compreendemos também que a chamada “economia da cultura” que você tão bem reflete, é, atualmente, um dos setores que mais crescem, geram emprego e renda, e dos que melhor remuneram. Ela é fundada na “utilização de recursos inesgotáveis, como a criatividade, e consome cada vez menos recursos naturais esgotáveis”. O resultado de seus produtos gera bem-estar, prazer, estimula a formação de novos valores e reforça os vínculos sociais e a diversidade. Além disso, apresenta um uso intenso de inovações (como interação na TV Digital, que é uma invenção paraibana) e proporciona o desenvolvimento de outras tecnologias.

Essa economia da cultura é um novo campo de desenvolvimento por seus efeitos sociais positivos. O crescimento do setor no Brasil tem sido significativo, apesar dos valores ainda modestos quando se compara com outros países desenvolvidos. A economia da cultura no Brasil passou de US$ 11,5 bi em 2001 para US$ 14,6 bi em 2005. Estão previstos para o setor a marca de US$ 21,9 bi em 2010, com uma taxa de crescimento anual estimada em 8,4%, ou seja, quase o dobro da estimativa de crescimento do PIB do Brasil. É uma excelente notícia.

BREVE DIAGNÓSTICO DO SETOR CULTURAL

No âmbito da cultura, a avaliação do quadro atual e as perspectivas quanto ao desenvolvimento do setor no Estado, tomam como parâmetro o conjunto de deliberações da II Conferência Estadual de Cultura da Paraíba, realizada em dezembro de 2009, em Campina Grande. Uma série de ações indicaram os novos rumos em torno da política cultural do Estado, dentre eles, forte apoio à cadeia do Livro, Leitura e Biblioteca, mudanças de paradigmas no Fenart, acesso mais democrático ao Fundo de Incentivo à Cultura, integração mais significativa com o Conselho Estadual de Cultura, o Prêmio Linduarte Noronha do Audiovisual Paraibano, Festival de Dança de Rua, Seminários sobre o Sistema Nacional de Cultura; e a consolidação de parcerias com o Ministério da Cultura, através de programas como Micro-Projetos Mais Cultura, Pontos de Cultura, Pontos de Leitura, Cine Mais Cultura e o projeto de Memoriais e Museus, entre outros.

A própria realização da II Conferência demonstrou o amadurecimento do governo estadual no intuito de avaliar os diversos aspectos de sua realidade sócio-cultural, especialmente sob a ótica de seus agentes culturais. No evento, promovido pelo Governo do Estado em parceria com a sociedade civil, construiu-se o mais amplo e rico debate, resultando num conjunto de deliberações imprescindíveis para se definir e implementar as políticas de cultura na Paraíba. A II Conferência apontou para a necessidade da atualização do Plano de Cultura do Estado e para a consolidação de mecanismos fundamentais no processo de desenvolvimento sociocultural. Revelou também a ausência de um banco de dados e de um sistema de informações sobre a cadeia produtiva da cultura paraibana, para um melhor planejamento das ações voltadas ao aproveitamento dos potenciais de cada microrregião.

Apontou ainda, a necessidade de um programa de capacitação de agentes e gestores culturais, considerando a ampliação das políticas públicas de cultura e atualização dos mecanismos voltados para a efetivação dos empreendimentos culturais.

A fragilidade estrutural e institucional da cultura no Estado resultou na proposição por parte do Governo da criação de uma Secretaria de Estado específica para a área (A Paraíba é um dos poucos estados que não tem Secretaria de Cultura). A sua criação, recentemente encaminhada à Assembléia pelo Governo do Estado, facilitará a ampliação de ações, proporcionando um melhor atendimento à crescente demanda de um dos maiores celeiros artístico-culturais do país. Nessa perspectiva, ocorrerá um maior alinhamento com a política do Ministério da Cultura, suscitando iniciativas estruturais como a implantação do Sistema Estadual de Cultura.

Enfim, as deliberações resultantes da conferência demonstram que a dinâmica e o acesso aos mecanismos de incentivo e instrumentalização das ações culturais no Estado, ainda estão abaixo da representatividade do setor, cuja força e riqueza de sua expressividade já ganharam notoriedade nacional e mundial. Ressalta-se, ainda, a necessidade do aproveitamento desse patrimônio cultural no contexto da geração de trabalho e renda e a urgência do reconhecimento como referência da identidade e auto-estima do povo paraibano. Ações nesse sentido estão sendo discutidas, como por exemplo a criação de formulários orais para o acesso aos Fundos de incentivo e a ampliação da faixa de recursos para esses fundos.

ESTRATÉGIA DE AÇÃO REQUERIDA VISANDO A SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DIAGNOSTICADOS

A política cultural do governo do Estado da Paraíba, proposta para o próximo período, parte do princípio de que a cultura é o elemento fundamental para dar consistência a qualquer programa público de desenvolvimento social e econômico. Portanto, pensar a cultura na perspectiva da afirmação do jeito de ser paraibano, na construção da cidadania e inclusão social, significa permitir o acesso de todos aos equipamentos de cultura do Estado, concretizando, desta forma, o principal objetivo da ação cultural: a geração de conhecimento, criação, a fruição, a circulação, a criação de espaços e a preservação dos bens e serviços culturais.

Transformar os equipamentos da cultura em verdadeiros pólos dinamizadores nos municípios dos processos culturais é o grande desafio para a concretização dos objetivos que queremos alcançar. Neste sentido, cada uma das “redes de cultura” deve constituir não apenas um espaço onde as pessoas consumam produtos e serviços culturais, como também um campo para experimentação, criação, produção, reflexão, contato com nossas tradições, além da experimentação de novas linguagens, a serviço de todo o Estado.

Nenhum equipamento pertencente à rede estadual da cultura funcionará de modo isolado. Todos serão geridos de forma compartilhada, estimulando a reflexão cultural, o exercício da cidadania, servindo como instrumentos de criação dos equipamentos culturais em todo o Estado.

Desta forma, serão formados os sistemas de museus, bibliotecas, arquivos públicos e centros de arte e cultura. Através desses sistemas, serão criados circuitos de espetáculos, exposições e outras manifestações artístico-culturais que circularão em todo o Estado.



TRÊS IDÉIAS PARAIBANAS

Apenas para citar como exemplo, levanto três projetos (sem falar do sucesso do nosso artesanato – que acredito ser o melhor do país): a cadeia produtiva regional do livro e da leitura (que estamos desenvolvendo em parceria com os Sebraes da região), o Centro de Referência da Cultura Popular (em parceria com a Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do MinC e o Pólo do Audiovisual.

A cadeia produtiva do livro prevê a formação de leitores, a criação e reformas de bibliotecas públicas em todo Estado, que tem 223 municípios (agora somada ao decreto presidencial que obriga todas escolas a instalarem esse equipamento); o estímulo ao surgimento de novos autores paraibanos; a expansão das editoras e da distribuição do livro; o fomento de tiragens maiores que barateiam o custo; e tudo isso culmina com a realização do Salão Internacional do Livro da Paraíba, que junta autores do estado e do país, levando crianças e jovens a um processo que vai da fruição à aquisição do livro. E uma novidade, os professores da rede publica receberão um cheque-livro para adquirirem bibliografia no evento.

O Centro de Referência da Cultura Popular, uma espécie de “Universidade” da cultura popular abrigará os mestres das artes e os mestres e doutores da academia. Fará o resgate, o ensino e a divulgação das manifestações regionais, divididas em quatro ciclos: o natalino, o carnavalesco, o junino e o das festas religiosas. No ciclo natalino, por exemplo, os mestres e doutores são convocados para discutirem, ensinarem e praticarem as principais atividades do ciclo, como a lapinha, o reisado, a culinária de época, entre outras.

O outro exemplo é o Pólo Audiovisual, que está em discussão no PAC das Cidades Históricas, com a implantação de três equipamentos: a Escola de TV Digital (proposto pelo LAVID-UFPB, através de Guido Lemos), o Instituto de Educação a Distância (para produção do material didático a ser usado nas escolas estaduais e municipais) e o Núcleo de Produção Audiovisual (formado de grandes estúdios e equipamentos para produção de minisséries e filmes digitais). Iniciaremos estudo de consultoria, em parceira com o CESAR de Recife, para definir sua viabilidade.

A realização de uma minissérie, por exemplo, que tem em média 13 capítulos, e custa 1,5 milhão, emprega em média 400 pessoas. É uma grande cadeia. Tem o escritor, o roteirista, o adaptador, o cenógrafo, o ajudante de cenografia, o marceneiro, a costureira, o iluminador, o eletricista, o mecânico, o soldador, o maquiador, o figurinista, os atores e atrizes, os figurantes e muito mais. Coloque aí também os músicos, os compositores. Com o tempo vão aparecer empresas que vão fornecer madeiras e tintas para os cenários, as produtoras, a empresas de equipamentos de iluminação, de elenco.

Imagine que tudo isso sendo feito e realizado na Paraíba, que é um celeiro de talentos em todas as áreas, que tem excelente luminosidade, chove pouco, e tem belos cenários (viva o film comission). Se começarmos agora, nos próximos dez anos teremos como abastecer um mercado ávido por produção genuinamente brasileira, nordestina, e com o talento paraibano.



DA GESTÃO CULTURAL

Uma das tarefas que nos foi colocada pelo Governador José Maranhão foi a de criar atividades e projetos ligados à economia da cultura, principalmente as estruturantes. Continuamos, sim, a fomentar atividades pontuais como apoio a eventos e festivais, ao projeto Seis e Meia, ao Fenart, aos museus, aos editais do audiovisual, a criação de pontos de cultura e micro-projetos, de publicações, entre outros.

E pode acreditar, a Cultura está ocupando, dentro do Governo, espaço preponderante na formulação de suas ações, e pensando no futuro, com políticas e práticas exeqüíveis.

A gestão da cultura no Estado está de olhar atento a todas às áreas, mas está principalmente gerando meios para que haja formação, gestão qualificada e autossustentável. Começamos nos próximos meses um intenso curso de formação de pessoal na área de gestão em parceria com a Sudene (que pela primeira vez entra na atividade da economia da cultura). Pois boas idéias precisam ser formatadas.

A própria Secretaria começou suas atividades dialogando com todos os segmentos, do hip-hop, passando pelos ciganos, até os grupos de inovação tecnológica. Nossas gestões em parceria com os Ministérios elevaram o orçamento da área de 400 mil reais para 28 milhões de investimentos. E uma outra diretriz que nos move é a possibilidade de acesso para todos através de uma ferramenta publica e transparente que é o edital.

Acreditamos ser um primeiro passo.

Anexo para seu conhecimento algumas ações e mapas culturais do nosso estado.

É isso, caro WS. Já começamos.David Fernandes



SINTESE

A nossa conclusão é que, de fato, existe um conjunto de açoes planejadas dentro de uma nova visão e praxis de Politica Cultural a merecer respeito, acompanhamento e futuras cobranças. Mas é assim que se faz dando explicações concretas quando se tem o que mostrar.

ÚLTIMa

"Chegou a hora mostre seu palavreado/

ou então assuma seu papel de mamulengo..."


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A cultura em si, a indústria e a necessidade de transformar

Postado por Walter Santos em 08/09/10 as 02:01

Antes que a campanha acabe, a Cultura precisa ocupar seu espaço preponderante no debate e na formulação e direção do futuro com cada um precisando se comprometer com políticas e práticas exeqüíveis até porque se existe um bem imaterial (material também) de muito valor no Brasil este, em parte, é produzido por paraibanos.

Em tempo: antes ainda de ousar dar um breve mergulho nesta área, não é difícil identificar gênios mortos e vivos com genoma PB a dimensionar o que somos ao longo do tempo. Celso Furtado, Jackson do Pandeiro, Sivuca, José Américo, José Lins do Rego, Genival Macedo, Livardo Alves, Pedro Américo, Paulo Pontes, Assis Chateaubriand, Pedro Santos (mesmo nascido no Amazonas), Ariano Suassuna, Elba, Zé Ramalho, Geraldo Vandré, Herbert Viana, Vital Farias, Cátia de França, Roberta Miranda, Chico César, João Câmara, Antonio Dias, Flávio Tavares, Altimar Pimentel, Flávio José, Pinto de Monteiro, do Acordeon, Fuba, Bráulio Tavares, etc, etc, etc – e, ainda, farei justiça mais na frente inserindo mais gente de referência.

Na prática, não tem essa história de “Paraíba pequenina”, não. Discordo da afirmação quando se trata de Arte e Cultura, até porque somos muito mais do que mais de dezena de Estados deste Brasil nesta área. Não é àtoa que Caetano diz que o Axé quem tocou foco foi Zé Ramalho como “Frevo Mulher”.

Pois bem, a Paraíba dessa referência até hoje não se encontrou definitivamente com uma Política Cultural vasta, plural e transformadora – não para produzir shows e/ou eventos e contemplar apaniguados do Poder.

Nem mesmo na esperada gestão de Ricardo Coutinho, o politico que em fase de campanha recebeu a mais completa cumplicidade de toda a categoria -conseguiu fazer parcela do que se previa.

Para ser justo, precisamos admitir o Governo Pedro Moreno Gondim com alguns primeiros ensaios e arroubos de Política Cultural. Mas deu azar porque mais na frente se deparou com a Ditadura – a ascensão do Militarismo no País - e com eles se foram uma fase assanhada, mas dilapidada de nossa Cultura. O tempo fechou.

Depois, na fase inicial da Abertura (retomada da democratização), a partir do final dos anos 70 e anos 80 (este de muita ebulição política) dois Governos seqüenciados deram gás ao processo cultural, ou seja, de Tarcisio Burity e Wilson Braga com estilos bem distintos:

O primeiro, rebuscado, constituiu a melhor Orquestra Sinfônica num modelo bipartite com a UFPB trazendo músicos do exterior para ensinar na Universidade, além de ter construído o Espaço Cultural, investido no Centro Histórico (vide Celso Furtado) com os primeiros convênios atraindo a Espanha para iniciar a revitalização de nosso acervo, além dos eventos internacionais de Filosofia de Direito, etc.

Burity como intelectual deu forte contribuição, mas sua Política era exercida de baixo para cima sem um viés popular nem decisão partilhada com os artistas. Denominou-se a tudo isso como governante elitista, que o era – vide T. Virgilius, pseudônimo que chegou a usar como autor de peça erudita.

Neste contexto, ressalte – se a extraordinária contribuição dada pela UFPB na fomentação de grandes projetos no Canto Coral, na musica instrumental, erudita – alô alô Clovis Pereira, Kaplan), no Teatro com o Lima Penante, as várias ações da PRAC (Pro-Reitoria de Assuntos Comunitárias – vide Iveraldo Lucena), o Quinteto Armorial que Lynaldo Cavalcanti atendeu a Ariano e bancou os “meninos geniais” por aqui, o DAC, Altimar Pimentel, etc.

A fase seguinte, de Wilson Leite Braga, foi a mais tumultuada porque em meio ao assassinato do empresário Paulo Brandão havia uma turbulência permanente a partir da UFPB e dos movimentos sociais querendo, exigindo a redemocratização do País – e nesse bolo estava o “Cego”, como chamavam os adversários do governador / conservador do PDS, principal partido aliado do Governo Militar.

Só que Wilson Braga, contudo, permitiu a germinação dos maiores ensaios populares de raiz que se viu na historia cultural com a antiga DGC comandada pelo irrequieto teatrólogo Raimundo Nonato Batista sacudindo o meio artístico com inúmeros projetos de articulação, como nunca tinha sido visto. O projeto Araponga e o Festival de Areia (com raiz anterior), além de inúmeras operações de incentivo aos artistas, serviram de referência com ramificação nos bairros, levando arte aos bairros, como até hoje não se vê na mesma dimensão.

Dos anos 90 para cá

De Ronaldo Cunha Lima, Antonio Mariz, José Maranhão, Cássio Cunha Lima e agora Maranhão haveremos de pontuar inúmeros projetos na área, de valor eu sei, mas creio não ser injusto ao apontar que a crise política ao longo desses tempos entre Governo e oposição nunca deixou que houvesse uma ação continuada de fôlego realçar com força absoluta e inabalável, se comparado, por exemplo, ao que o Movimento Cultural em torno da Grande Recife produz sobre a Capital pernambucana na formação de um processo com grande perspectiva à vista.

A impressão vigente no meu quengo é de que as linhas traçadas por Sales Gaudêncio e Chico Pereira para uma política de governo só se efetivaram na prática mesmo na sequência com Cida Lobo na catalogação de meios, sinalização e gestão a partir do FIC – Fundo de Incentivo à Cultura, denominado de Augusto dos Anjos, ao lado de medidas para proteger os artistas em decadência (lembro de Canhoto da Paraíba), da retomada da Sifonica, o reconhecido programa de artesanato ainda hoje bem conduzido pela arquiteta Sandra Moura, mas a saída dela acabou que esvaziando o processo porque sem decisão política reforçada na sequencia os processos se esvaem.

Trocando em miúdos, aqui me refiro a processos e não a eventos até mesmo grandiosos, porque estao longe de efeitos na transformação da Cultura.

É agora que o bicho vai pegar...

A dados de hoje, as duas referências que se tem de gestão cultural – a do professor David Fernandes e Chico César respondendo pelo Governo do Estado e da Prefeitura de João Pessoa, respectivamente, catalogam feitos relevantes aqui ou acolá, mas estão aquém do desejo e expectativa, não só dos setores culturais envolvidos como da sociedade de uma forma geral. Falta mais dinâmica, grude e política de transformação mesmo.

David elenca a retomada dos recursos do FIC em mais de R$ 2.8 milhões, a revitalização e construção do Museu de João Pessoa, inúmeros projetos da Fundação Espaço Cultural (esta merece uma análise), entre outros, como a garantir o fluxo de apoiamento ao setor, agora reduzido por conta das eleições. É verdade, ele não mente, mas o meio precisa de muito mais.

Mas, em termos de expectativa, quem ainda deve muito ao contexto cultural como gestor é o brilhante letrista, interprete e multimídia Chico César. Por sua fama criada, sobretudo por sua formação nos movimentos culturais de bairro – vide Jaguaribe Carne, Musiclube, etc – com a cancha que adquiriu no mercado discográfico, da industria cultural a partir de São Paulo e seus diálogos com o Exterior – ao ser anunciado como novo condutor da Cultura logo imaginava-se que a partir daí estaríamos diante de um momento espetacular.

Infelizmente, embora seja uma gestão pontuada em eventos e algumas ações com grupos culturais, a fase de Chico César está distante do que muitos setores / produtores da Cultura imaginavam porque, ao que parece, se deixou conduzir até hoje pela vertente ideológica e política de plantão com todos os traços do ex-prefeito Ricardo Coutinho de não tolerar e conviver com o que não lhe apetece de reciprocidade.

Em síntese, o artista paraibano de maior visibilidade e dialogo com o mundo da cultura externa não consegue dialogar com vários movimentos da cidade – nem vou falar do Estado porque aí distancia é maior – frustrando imensamente a expectativa de que ele fosse o mais expressivo interlocutor entre todas as tribos e patotas do pedaço.

E ele não foi nem será enquanto Chico não identificar como a práxis e nova onda germinada por Gilberto Gil no MINC pulverizando as ações de forma democrática, construída e envolvendo todos os segmentos a partir de um novo paradigma de que política cultural não serve apenas para shows e manter a vida dos artistas.

Este modelo está distante da nova ordem, a partir do MINC, entretanto, se mantém em voga ainda por aqui protegendo quem é da patota e desprestigiando os que não gozam dessa confiança ou cumplicidade. A programação continuada dos shows no Ponto de Cem Réis, Busto de Tamandaré e a divisão do Folia de Rua reforçam esta constatação.

A gestão da cultura, a rigor, com base nos novos paradigmas tem de cuidar da revitalização, das ações pontuais de incentivos aos diversos segmentos, mas hoje só faz sentido distinguindo o papel do Estado, mas gerando meios para que haja formação, gestão qualificada e auto sustentação – nem sempre advinda dos cofres públicos - garantindo mercado e sobrevivência de forma plural respeitando e valorizando a classe artistica quando buscada. A cultura não pode ignorar mais a base econômica em si.

É este contexto gerencial que haverá de ser cobrado – e, vejam só, é exercido minusculamente pelo empresário Mauricio Burity, ex-roqueiro burguês, mas com sensibilidade no dialogo com todas as patotas, ouvidos abertos e ação para a gestão sem esperar que o leite, origem da sustentação, pingue somente das tetas da Secretaria de Finanças porque hoje em dia, mais do que antes, se faz indispensável buscar novos reforços orçamentários fora da aldeia.

Aqui, para encerrar esse primeiro dialogo, não trato de valores pessoais, inegáveis, mas precisamos de gestores mais ousados, mais agregadores, sempre ouvidos / respeitados pelos governantes na execução das políticas, da mesma forma que faz indispensável a implantação da Secretaria de Cultura sem a qual a Cultura estará sendo sempre um penduricalho – desculpem – me pela expressão – de segunda categoria.

Ainda voltaremos ao assunto sem ignorar absurdos jamais imaginados e vindos da esperança transformada em decepção. Certamente não posso ignorar a saudade da Guerrilha aposentada de Pedro Osmar, do ‘Bicho’ Carlos Aranha na produção de tantas inquietações ou de Fuba, um dos mais importantes atores da arte e cultura paraibana, agora envolvido com Scorpions – só que precisamos dele sem escorpiões fazendo muito mais em nosso favor, mesmo sabendo que uma coisa é ser artista a outra é gestor.

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