terça-feira, 27 de julho de 2010
Jornalistas têm chance de mudar rumos da Fenaj
Dalmo Oliveira
Jornalistas profissionais sindicalizados de todo Brasil vão às urnas a partir de hoje até a próxima quinta-feira, 29, para eleger a nova diretoria da Fenaj. Duas chapas estão concorrendo ao pleito que conduzirá os ganhadores à uma gestão até 2013. A chapa 1, “Virar o Jogo: em Defesa do Jornalismo e do Jornalista”, é comandada pelo atual vice-presidente da Fenaj, Celso Schröder (pronuncia-se “Xereder”). A chapa 2, de oposição, “Luta, Fenaj!”, é encabeçada por Pedro Pomar, assessor de imprensa do Sindicato dos professores da USP. Cometendo flagrante ato-falho, a estratégia discursiva da chapa 1 quer fazer crer uma “virada de jogo”, assumindo que muita coisa precisa mudar numa Fenaj que o grupo situacionista comanda há vários anos.
Na Paraíba, urnas fixas estarão à disposição dos votantes na sede do sindicato, em João Pessoa e Campina Grande. Urnas volantes deverão também ser usadas para catar votos em redações e assessorias de imprensa. A comissão eleitoral local, composta pelo presidente da entidade Land Seixas, além de Marcos da Paz e Reginaldo Marinho, não divulgou como será a votação noutras cidades paraibanas.
Jornalistas sindicalizados aposentados também poderão votar, mas não se sabe se eles precisarão cumprir as mesmas exigências dos jornalistas da ativa, ou seja, estarem em dias com a tesouraria da entidade.
Apenas a chapa da situação (chapa 1) possui representantes paraibanos: Rafael Freire concorre à Vice-Presidência Nordeste I; Lúcia Figueiredo disputa uma vaga no Departamento de Saúde e Previdência; e Edson Verber, que pretende ocupar o Conselho Fiscal.
O Movimento Novos Rumos decidiu não participar do pleito esse ano, mas aposta nos companheiros da chapa 2, por entender se tratar da única chapa disputante merecedora da confiança da categoria. A chapa da situação representa o continuísmo de uma Fenaj derrotada pelo patronato do setor, desvinculada da realidade da categoria, cujo candidato a presidente ocupa cargo de chefia na Assembléia Legislativa gaúcha, tendo desempenhado um papel vergonhoso e subalterno durante a primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), atuando como um dos principais interlocutores do baronato da mídia e do governo junto aos movimentos sociais, refreando o ímpeto mais progressista das demandas da sociedade nessa conferência histórica.
Já os representantes paraibanos na chapa da situação são os mesmos que fizeram do sindicato local uma entidade apática e distante dos verdadeiros anseios dos jornalistas da Paraíba. Sua base eleitoral é sustentada, em grande medida, por jornalistas aposentados e por jornalistas que entraram na categoria pela janela do oportunismo, sem diploma de curso superior de Jornalismo, em sua maioria agraciada com registros profissionais para o exercício de funções adjacentes como diagramadores, ilustradores, repórteres-fotográficos, colaboradores etc.
Merece destaque o candidato à vice-presidência Nordeste I, que substitui Seixas na composição nacional. Militante profissionalizado desde o movimento estudantil, Freire, consegue se sobrepor a capas-pretas históricos, como Verber, Marcos da Paz e Lúcia Figueiredo, ocupando um cargo estratégico na chapa situacionista.
A eleição da Fenaj deve ser um termômetro de como a categoria avalia as últimas lambanças do grupo liderado por Xereder e Sergio Murilo, afinal de contas esse grupo foi o responsável pelas derradeiras e vergonhosas derrotas da categoria em nível nacional, como a extinção da Lei de Imprensa (sem outra legislação substituta), fim da obrigatoriedade do diploma superior para o exercício da profissão e inviabilidade da criação do Conselho Federal de Jornalismo.
Sob a batuta deste grupo na Fenaj a categoria viu a precarização da profissão chegar a níveis sub-humanos, numa afronta imoral a todos os direitos trabalhistas conquistados a duras penas por nossa categoria anteriormente à chegada deles ao poder.
Então, se você acha que está tudo OK, vote na chapa 1.
Mas se quiser dar uma chance à verdadeira mudança na Fenaj, devolvendo a entidade para o campo da combatividade ao capitalismo midiático; se quer uma Fenaj mais presente, mais atuante, menos subalterna, mais proativa e solidária, vote na chapa 2.
Esse ano poderemos, através do voto, mudar os representantes que não correspondem às nossas expectativas e demandas, começando por nossa própria Federação de sindicatos.
Nenhum comentário :
Postar um comentário