domingo, 28 de fevereiro de 2010

MÚSICA

Um belo dia para se ter Roberta Sá

Roberta Sá é uma diva. Tem tudo que uma diva da MPB tem que ter. Uma voz bonita, uma simpatia esbanjada num sorriso muito lindo e contagiante. É o que se pode ver em uma das apresentações do seu DVD, Pra Se Ter Alegria, em que ela canta “Mambembe”, com um dos supremos poetas da MPB, Chico Buarque de Hollanda - que o maridão Pedro Luis (o da Parede) não nos ouça, mas se tem a impressão de que os dois estão “paquerando” enquanto cantam, tal é o entrosamento.
Roberta Sá estará aqui, em João Pessoa. Vem com o repertório do DVD, que por sua vez é uma fusão dos seus dois discos, Braseiro (2005) e Que Belo Estranho Dia Para Se Ter Alegria (2007), este último lhe conferiu dois prêmios APCA, de Melhor Álbum e de Melhor Cantora. Além do timbre e da graça que, irremediavelmente, nos trazem a lembrança de outra diva da MPB, Marisa Monte, há que se reconhecer que Roberta Sá, pelo cuidado na escolha do repertório, se filia também numa outra tradição - a do samba.
Perguntada sobre o repertório do show na Paraíba, por e-mail, Roberta Sá respondeu que o show é basicamente o mesmo do DVD. “Na estrada, a gente sempre tira uma, coloca outra”. Todavia, a cantora anuncia novidades: “Tem um pot-pourri de samba-enredo que preparamos para o Réveillon que não conseguimos mais parar de tocar”.
Sobre o fato de estar tocando na Paraíba, Roberta Sá não esconde o entusiasmo. “O tempero especial é o público que eu adoro. Vai ser uma delícia! A intenção desse DVD era que ele fosse o retrato fiel desse momento lindo na minha história, que é início da minha carreira e, por isso, o repertório é uma mistura das músicas dos meus dois discos”.
Nascida em Natal, no vizinho Rio Grande do Norte, Roberta Sá mudou-se para o Rio de Janeiro aos nove anos. Em 2002, a cantora participou do Fama, da Rede Globo - mesmo sendo destacada como uma das revelações, não chegou nem às semifinais do programa, que foi vencido pelo mineiro Marcus Vinícius (alguém se lembra dele?).
A sorte começou a sorrir para Roberta Sá pouco tempo depois da participação no Fama. Em 2003, a cantora preparou uma demo, só com cinco canções. Caiu nas mãos de quem? De ninguém menos que Gilberto Braga, que estava escrevendo a novela Celebridade.
O noveleiro percebeu que a moça tinha um jeito de cantar samba com graça e sugeriu que ela cantasse “A Vizinha do lado”, de Dorival Caymmi. Roberta Sá gravou. Emplacou na trilha.
Mas, ciente de que seu trabalho merecia de um cuidado todo especial, Roberta Sá não quis pegar carona no sucesso da novela. Tanto é que o seu primeiro disco, Braseiro, veio só dois anos depois - embora ela tenha gravado, um ano antes, Sambas e Bossas, CD distribuído como brinde de uma empresa.
Ano passado, Roberta Sá resolveu prestar uma homenagem a Carmem Miranda. Quem participou do espetáculo, intitulado Alô... alô? 100 anos de Carmen Miranda foi o biógrafo da pequena notável, Ruy Castro.
Ele comentava, no intervalo de cada número: “Roberta Sá transita sem o menor temor entre o material já consagrado pelos grandes nomes e o que cabe só a ela consagrar. E por que consegue isto? Porque, em tempo recorde, cristalizou um estilo a que qualquer canção”, opinou.

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