Companheir@os de viagem no barco poético (O ÚLTIMO VERSO.
Senhor
sou eu
este infante
ou corsário louco
que vos tenta
a fala
trazendo nas mãos
as páginas
inda úmidas
doutras cartas
rasguei
todos os mapas
depois de navegar
por mares
náufrago de palavras
nunca dantes navegadas
Senhor
vos digo mais
não existe mar
além do búzio
que temos no peito
e no cais
nos espera
a mais antiga
das caravelas
(nosso barco de papel)
O mar
Senhor
é infindo
e ainda vos tendes sentado
no mesmo trono
em que vos deixei
enquanto lá fora
faz bom tempo para se navegar
e não existe mar
alheio à vossa vontade
Senhor
longe somos nós
quando velejamos sonhos
e mais longe somos ainda
quando o pleno voo da gaivota
nos é pouso
e o mar
se faz bebedouro
de nossos pássaros
Não tenho horizontes
tenho sonhos à vela
e a tempestade da história
não tenho mapas
tenho cartas anônimas
e os gritos de seus náufragos
não tenho mares
tenho a garganta seca
e as palavras navegáveis
sei do mar
do seu sal
suas palavras naus
e toda paisagem
uma vista de Portugal
sei do mar
do seu longe
sua história mangue
e o marulho das ondas
uma linguagem lusitana
sei do mar
que o mar
ainda é um silêncio
e a palavra mar
um oceano de palavras
(LÚCIO LINS)
https://www.youtube.com/watch?v=ORj4qqhDLSE
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