A Lapa, os negócios culturais e nossa realidade
Walter Santos
A cultura como força econômica
RIO DE JANEIRO – O complexo de ações envolvendo Prefeitura do Rio, Governo do Estado, os projetos culturais paralelos e a iniciativa privada transformou a então área decadente da Lapa numa nova realidade de ocupação de negócios a movimentar as atividades num patamar visível de reaquecimento, que faz pessoenses como eu lembrar de nossa realidade no Centro Histórico.
A reocupação econômica tem a ver com a inserção da cultura, do samba e da dança mais especificamente, mesclada com a culinária – ótimos bares e restaurantes – e a política fiscal adotada pela Prefeitura no tempo de César Maia.
Todos os empreendimentos em torno da Lapa têm 100% de isenção do IPTU. Foi a opção gerada pelo ex-prefeito para fomentar o setor mas exigindo que, em cada negócio, no mínimo o investidor teria de contratar cinco funcionários com Carteira do Trabalho assinada.
Associada a esta ação fundamental para a iniciativa privada se motivar, de César Maia para cá o volume de providências do setor público se somou com investimentos do Governo nas áreas de habitação fomentando a reocupação das pessoas querendo morar no lugar e uma forte presença da segurança – mesmo que volta e meia existam registros policiais desagradáveis contra turistas.
Afora tudo isso, ainda existem os projetos culturais permanentes mantidos por grandes empresas públicas, a exemplo da Petrobras, Eletrobrás, BNDES, etc que são multiplicadores de dinheiro circulando na área, por isso o Rio se sente dona desses patrimônios brasileiros e não aceita dividir parte dos lucros com outras aldeias.
Mas, o fato é que a Lapa é um exemplo concreto do que, por exemplo, Recife também já anda produzindo há anos no seu ambiente histórico do Recife Antigo – algo que nos faz pensar sobre João Pessoa, nosso Centro Histórico.
Lá, existem ações pontuais ali ou acolá, como o Ponto de Cem Reis, a Praça Rio Branco e por ai vai escasseando as grandes políticas de incentivo à habitação e aos negócios mesmo porque a Prefeitura não isenta nada nem estimula a iniciativa privada a se multiplicar. Lembro de Bob Zácara e Marconi Serpa, dois empreendedores idealistas, que tentaram se estabelecer na Praça Antenor Navarro mas não conseguiram porque as dificuldades foram maiores do que as facilitações.
Conheço de perto esta realidade porque o Grupo WSCOM tem sede exatamente na área primeira da cidade, entretanto, registrando arrombamentos, assaltos e nenhum apoio concreto para multiplicarmos nossas atividades até porque as lutas encampadas se perdem por falta de efetividade das promessas feitas.
Por enquanto, com a companhia luxuosa de Totonho, Ernany Boy e companheira santista estamos atestando com nossos próprios olhos a forma exemplar que o Rio oferece através da Lapa.
Um dia, quem sabe, poderemos ter também esse arrojo em nossa aldeia.
O brilho ascendente de Totonho
A força da luta e do talento
Penso que está próxima a fase de reconhecimento amplo, geral e irrestrito ao trabalho rejuvenescido que o cantor e compositor Totonho anda produzindo nos bastidores da Música Brasileira, a partir do Rio.
Alguns ícones da MPB, como Zeca Balero, Herbert Viana, Zé Ramalho, etc, já perceberam a importância desta fase de Totonho, tanto que se dispuseram a participar do futuro CD e DVD do artista monteirense/torrelandense.
Mas, dá um orgulho danado, passear com ele pela Lapa e vê-lo sendo reconhecido por bambas e pela nossa gente excluída mas que encara Totonho como um aliado especial das agruras.
Poucos sabem mas, ainda hoje ele trabalha voluntariamente com comunidades carentes do Rio. Agora mesmo ensinando meus irmãos de cor e lutas como passar no Vestibular. Lá atrás, ele era o ícone da ONG que Geraldo Azevedo mantinha com ele para tentar tirar os meninos de rua do Centro do Rio. Isso é tão forte que Totonho tinha muitos amigos dos garotos mortos na Chacina da Candelária, anos atrás.
Bom, o bom mesmo é saber que nosso artista anda produzindo muitas ações importantes, inclusive na musica onde já encantou Marisa Monte.
REPETECO
"Levanta cabra da peste,
E se manda, vai salvar o mundo"
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