Faleceu artista plástica itabaianense, mestra da pintura de Arte Naïf no Brasil
Faleceu neste sábado (28), em Barra de São João (RJ) a artista plástica Alba Cavalcanti, irmã do também pintor Otto Cavalcanti.
Alba é considerada uma das melhores pintoras de Arte Naïf do Brasil. Alba Cavalcanti nasceu em Itabaiana,na Paraíba onde morou por muito tempo na Praça Epitácio Pessoa. Tinha mais quatro irmãos, sendo um deles o também artista plástico Otto Cavalcanti. Perdeu seus pais ainda criança e foi criada por Jane Cavalcanti, sua irmã mais velha. O seu curso secundário foi feito no Colégio Sagrada Família em Recife, onde estudou interna. Sua família mudou-se para João Pessoa e lá ela trabalhou como funcionária pública estadual. Em 1965 fixou residência no Rio de Janeiro.
Autodidata e dona de uma criatividade exuberante, foi uma costureira que criava os seus próprios modelos para suas clientes. Só em 1984 descobriu a sua tendência para a pintura quando, por acaso, as cinzas de um cigarro caídas em um papel formaram figuras estranhas. Isso despertou a sua criatividade para essa arte e passou a fazer desenhos com cinzas contornadas com carvão de pedra sobre papel. O próximo passo foi trabalhar com pastel seco colorido sobre papel e, em seguida, tinta acrílica sobre tela.
Alba Cavalcanti começou a expor em 1986 no Rio de Janeiro e a partir de então outras importantes exposições se seguiram: Curitiba, Brasília e, no exterior, em Roma e Genova na Itália, Paris, Lagrasse e Béraut na França, Bratislava na Eslováquia, Tóquio no Japão, Figueras e Barcelona na Espanha, Lausanne na Suiça, Nova York e Washington DC nos Estados Unidos, Porto Príncipe no Haiti, e também a participação da Copa do Mundo na Alemanha em 2006.
Suas telas em estilo naïf, são inspiradas em temas folclóricos nordestinos e cariocas, e estão expostas no MIAN – Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil, Rio de Janeiro, no Musée d'Art Naïf de Max Fourny, Paris, no Museu Banespa, São Paulo, no MAN –Museu d'Art Naïf de Figueras, Espanha e no Le Casino de Lagrasse, França.
www.itabaianapbmemoria.blogspot.com
segunda-feira, 30 de maio de 2011
DEMOCRATIZAR E REGULAMENTAR A COMUNICAÇÃO JÁ
Democratizar a comunicação é avançar na cidadania
Nesse sábado último 28 de maio, o Forúm de Mídia Paraibano esteve reunido mais uma vez para tratar de propóstas pós I CONFECOM ,o que não quer calar para nós agentes culturais e movimentos sociais representantes do povo e sociedade civil em geral, é que passados tanto tempó, e das 700 propostas prioritárias aprovadas na I CONFECOM, NADA AINDA FOI FEITO PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO, REGULAMENTAÇÃO E conselho de comunicação aqui na Paraíba.
Para começar bem a semana ,temos a entrevista da jornalista e professora da Unicap Universidade Católica de Pernambuco, Ana Veloso concedeu a Bia Barbosa, do Intervozes, para a Agência Patrícia Galvão.
À entrevista, pois:
‘É urgente que o poder sobre os meios de comunicação seja democratizado’
Sex, 27 de Maio
(Agência Patrícia Galvão) Ultrapassada e pouco democrática, a legislação que hoje rege o setor das comunicações tem se mostrado um entrave não apenas para o desenvolvimento da própria mídia no país como também um obstáculo considerável para a consolidação da democracia brasileira. Em 2009, mais de 30 mil pessoas participaram da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que teve entre suas principais resoluções a necessidade da construção de um novo marco regulatório para o país. A tarefa está a cargo do Ministério das Comunicações, comandado por Paulo Bernardo, que no início de seu mandato afirmou que esta seria uma de suas prioridades.
Ao final do governo Lula, um anteprojeto de lei, coordenado pelo então ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Franklin Martins, foi encaminhado à equipe da presidenta eleita Dilma Rousseff. Até agora o texto não foi tornado público. Organizações da sociedade civil e movimentos sociais têm cobrado do governo a abertura do debate com a população.
Na última semana, no seminário “Marco Regulatório: propostas para uma comunicação democrática”, organizado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) no Rio de Janeiro, dezenas de entidades afirmaram que esta deve ser a principal tarefa posta para o Ministério das Comunicações, juntamente com políticas que garantam a universalização do acesso à banda larga. “Este novo marco regulatório deve abranger todo o setor de comunicações, dando conta do processo de convergência e estabelecendo regras que afirmem a liberdade de expressão e o direito à comunicação de toda a população, buscando garantir a pluralidade e a diversidade informativa e cultural”, disseram em nota.
Nesta entrevista, a jornalista Ana Veloso, professora da Universidade Católica de Pernambuco, colaboradora do Centro das Mulheres do Cabo (PE) e representante da sociedade civil no Conselho Curador da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), levanta os principais pontos que um novo marco regulatório deveria tratar. E fala da importância desta pauta para a conquista dos direitos das mulheres.
Por Bia Barbosa
1 – Desde a I Conferência Nacional de Comunicação, cresceu na sociedade brasileira a demanda por um novo marco regulatório nas comunicações. Por que, na sua avalição, esta pauta se mostra urgente?
Ana Veloso - A pauta é urgente, uma vez que a sociedade brasileira espera que o poder sobre os meios de comunicação possa ser compartilhado, democratizado. É urgente para que outras vozes possam circular nos meios de comunicação no país. A sociedade brasileira demonstrou, na I Confecom, que quer participar do processo. É absolutamente contraditória, em um país que quer ser democrático, a permanência de poucas famílias no controle da produção e distribuição de conteúdos na mídia privada. Está ficando cada vez mais insustentável, politicamente e socialmente, que poucos senhores continuem ditando as regras do que pode ou não ser pautado na esfera pública do rádio e da televisão. Poderíamos começar regulamentando os artigos que tratam da comunicação na Constituição de 1988. É escandalosa a relação entre muitos parlamentares e as concessões de rádio e televisão no Brasil. A regulação dos meios de comunicação no Brasil poderá, inclusive, evitar que alguns programas e veículos, imersos em uma situação de quase absoluta falta de regras, utilizem o argumento do exercício da liberdade de expressão para violar os direitos humanos das mulheres.
2 – Que pontos centrais precisariam ser mudados no novo marco?
Ana Veloso - Considero que o novo marco deve ser incisivo com relação a algumas questões:
1) Programas/veículos/emissoras que violem direitos humanos devem ser imediatamente retirados do ar e as emissoras precisam sofrer penalidades, como aconteceu com as violações praticadas pelo programa Tarde Quente (RedeTV!), do apresentador João Kleber, que resultou no caso “Direitos de Resposta”;
2) As regras para as concessões não devem privilegiar os critérios econômicos, como estudos comprovam. A definição dos critérios para obtenção de uma outorga deve ser feita em grupos de trabalho, com representantes escolhidos/eleitos/indicados pela sociedade, veículos e Estado, refletindo a diversidade da sociedade brasileira;
3) Toda renovação das concessões deve passar por uma análise de como aquela emissora prestou o serviço de radiodifusão naquele período; esta análise deve ser feita pelo Estado e ouvir também representantes escolhidos/eleitos/indicados pela sociedade brasileira;
4) Regulamentar o direito de resposta, que foi desregulado com a queda da Lei de Imprensa;
5) A questão da publicidade também é um ponto central: a legislação afirma que só podemos ter 25% do tempo da grade de programação ocupado por propaganda, mas estudos comprovam que o percentual veiculado é bem maior;
6) Outra questão que tem que ser enfrentada é a sublocação da grade de programação para veiculação de programas religiosos, um dos problemas mais graves da ausência de uma regulação consistente no setor;
7) O papel dos órgãos fiscalizadores deve ser revisto, uma vez que a Anatel, por exemplo, demonstra alto rigor com as rádios comunitárias enquanto as emissoras comerciais desrespeitam impunemente a legislação;
8) O marco legal deve indicar ainda formas de financiamento para as mídias comunitárias, educativas e públicas, como fundos públicos constituídos com percentuais dos altos lucros e/ou impostos que as empresas privadas deveriam recolher;
9) Por fim, é preciso regulamentar o Artigo 221 da Constituição e garantir a veiculação de produção independente e regional na TV, com a implementação do percentual de 40% de programação regional nas emissoras, como propõe o projeto da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), há cerca de 20 anos em tramitação no Congresso Nacional.
3 – Como conselheira da EBC, você acredita que as emissoras públicas de rádio e televisão também precisam de uma nova regulamentação para se fortalecerem?
Ana Veloso - Considero que sim. Não sei se haveria possibilidade de uma uniformização na legislação, uma vez que as emissoras estaduais têm ordenamento próprio. Todavia, é preciso uma revisão no marco das emissoras públicas para que a sociedade possa participar muito mais da definição de sua programação e de suas decisões em geral, como acontece agora com o Conselho Curador da EBC. A revisão do marco regulatório no setor público também poderá dotar essas emissoras de maior autonomia político-financeira em relação aos governos. Além disso, poderia indicar mais alternativas de financiamento público para as mesmas, e regras explícitas para que sua sustentabilidade não estivesse sob constante ameaça.
4 – Como um novo marco regulatório das comunicações poderia contribuir para o avanço da luta das mulheres?
Ana Veloso - No Brasil, assim como em outros países, as mulheres ainda são tratadas prioritariamente de duas formas pela mídia: ou como consumidoras, ou como objeto sexual. Precisamos ter elementos palpáveis e instrumentos legais para enfrentar questões como a mercantilização de nossos corpos e a reprodução de estereótipos, que nos colocam em situação de submissão e desvantagem, veiculados diariamente nos meios de comunicação de massa. A regulação poderá oferecer, para o movimento de mulheres, as ferramentas necessárias ao exercício da análise e da crítica da mídia com a efetiva ação no sentido de garantir que os meios de comunicação não permaneçam reeditando preconceitos e o sexismo. Também poderá ser importante para a limitação do acesso/sublocação do espaço pelas correntes religiosas que, com seu proselitismo, acabam por atentar contra os direitos conquistados pela população feminina e por favorecer a perpetuação dos fundamentalismos. Por fim, as mulheres também necessitam de incentivos para atuar, ainda mais, no campo da produção de conteúdos, de forma que também estejam representadas na mídia em toda a sua diversidade.
5 – Apesar de ser estratégica, regular as comunicações é uma agenda que ainda encontra resistência na maior parte da sociedade, sobretudo nos proprietários dos meios de comunicação. Como superar este obstáculo?
Ana Veloso - Realmente, esta não é uma discussão fácil. É preciso que o Estado brasileiro tenha capacidade de dialogar e de implementar para os concessionários de rádio e TV regras discutidas e aprovadas junto com a sociedade, incluindo o setor empresarial. As propostas aprovadas pela I Confecom devem, inclusive, nortear este processo de regulação dos meios. Trata-se, também, de um investimento, que precisa ser feito, em uma ação educativa junto à população com relação ao problema gigante que precisamos enfrentar no campo da comunicação brasileira. Temos um histórico de privatização de bens públicos. A sociedade desconhece que tem direito à comunicação. Só agora ensaiamos a construção de um sistema público de mídia. Portanto, foram muitos anos de favorecimento a uma elite branca, masculina e heterossexual que comanda hoje este setor. Contudo, principalmente nos últimos dez anos, percebemos que a sociedade está cada vez mais atenta, vigilante e que exige democracia e pluralidade neste espaço.
6 – O ministro Paulo Bernardo anunciou, no início de sua gestão, que o debate sobre o novo marco regulatório estava entre as prioridades do governo Dilma. Agora, o governo parece recuar em colocar o tema em discussão pública. O que o ministro pode temer?
Ana Veloso - Teme ataques da chamada velha mídia. Teme oposição dos grandes veículos de comunicação, como se isso não tivesse ocorrido desde a campanha eleitoral da presidenta Dilma. Compreendo que há um forte receio de que o governo possa ser considerado contrário à liberdade de imprensa, como ocorreu quando vários países na América Latina implementaram regras mais duras para evitar a concentração da propriedade dos meios, os monopólios e os privilégios das empresas privadas do setor. Todavia, o que o governo brasileiro, que quer manter sua imagem de democrático perante o mundo, parece não enxergar é que o desequilíbrio entre os sistemas público, privado e estatal de comunicação e a histórica primazia do empresariado no setor limitam as possibilidades do exercício da democracia para o conjunto da população brasileira. A privatização da produção dos bens simbólicos e a prevalência de interesses particulares em detrimento do interesse público podem se configurar como um dos maiores ataques à democracia em nosso país.
Apesar desta limitação, em vários momentos, a presidenta Dilma foi enfática na defesa da pluralidade no setor e no respeito à liberdade de expressão e de imprensa. A quebra de um ciclo histórico de ministros ligados à mídia ocupando a pasta das Comunicações também pode ser considerado um avanço. Mas um dos problemas para o governo é a alta articulação entre políticos e empresas de comunicação. Temos cerca de 30% dos parlamentares do Congresso Nacional com negócios na área. O governo precisa se fortalecer junto à sociedade civil e ter habilidade em construir propostas consistentes que possam responder às questões levantadas pela I Confecom.
Contato com a entrevistada
Ana Veloso – jornalista e professora da Universidade Católica de Pernambuco
Centro das Mulheres do Cabo
Representante da sociedade civil no Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)
Cabo de Santo Agostinho/PE
(81) 9965-5064 / 3524-9170 / 3521-9366
velosoanam@gmail.com / anaveloso@mulheresdocabo.org.br
Nesse sábado último 28 de maio, o Forúm de Mídia Paraibano esteve reunido mais uma vez para tratar de propóstas pós I CONFECOM ,o que não quer calar para nós agentes culturais e movimentos sociais representantes do povo e sociedade civil em geral, é que passados tanto tempó, e das 700 propostas prioritárias aprovadas na I CONFECOM, NADA AINDA FOI FEITO PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO, REGULAMENTAÇÃO E conselho de comunicação aqui na Paraíba.
Para começar bem a semana ,temos a entrevista da jornalista e professora da Unicap Universidade Católica de Pernambuco, Ana Veloso concedeu a Bia Barbosa, do Intervozes, para a Agência Patrícia Galvão.
À entrevista, pois:
‘É urgente que o poder sobre os meios de comunicação seja democratizado’
Sex, 27 de Maio
(Agência Patrícia Galvão) Ultrapassada e pouco democrática, a legislação que hoje rege o setor das comunicações tem se mostrado um entrave não apenas para o desenvolvimento da própria mídia no país como também um obstáculo considerável para a consolidação da democracia brasileira. Em 2009, mais de 30 mil pessoas participaram da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que teve entre suas principais resoluções a necessidade da construção de um novo marco regulatório para o país. A tarefa está a cargo do Ministério das Comunicações, comandado por Paulo Bernardo, que no início de seu mandato afirmou que esta seria uma de suas prioridades.
Ao final do governo Lula, um anteprojeto de lei, coordenado pelo então ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Franklin Martins, foi encaminhado à equipe da presidenta eleita Dilma Rousseff. Até agora o texto não foi tornado público. Organizações da sociedade civil e movimentos sociais têm cobrado do governo a abertura do debate com a população.
Na última semana, no seminário “Marco Regulatório: propostas para uma comunicação democrática”, organizado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) no Rio de Janeiro, dezenas de entidades afirmaram que esta deve ser a principal tarefa posta para o Ministério das Comunicações, juntamente com políticas que garantam a universalização do acesso à banda larga. “Este novo marco regulatório deve abranger todo o setor de comunicações, dando conta do processo de convergência e estabelecendo regras que afirmem a liberdade de expressão e o direito à comunicação de toda a população, buscando garantir a pluralidade e a diversidade informativa e cultural”, disseram em nota.
Nesta entrevista, a jornalista Ana Veloso, professora da Universidade Católica de Pernambuco, colaboradora do Centro das Mulheres do Cabo (PE) e representante da sociedade civil no Conselho Curador da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), levanta os principais pontos que um novo marco regulatório deveria tratar. E fala da importância desta pauta para a conquista dos direitos das mulheres.
Por Bia Barbosa
1 – Desde a I Conferência Nacional de Comunicação, cresceu na sociedade brasileira a demanda por um novo marco regulatório nas comunicações. Por que, na sua avalição, esta pauta se mostra urgente?
Ana Veloso - A pauta é urgente, uma vez que a sociedade brasileira espera que o poder sobre os meios de comunicação possa ser compartilhado, democratizado. É urgente para que outras vozes possam circular nos meios de comunicação no país. A sociedade brasileira demonstrou, na I Confecom, que quer participar do processo. É absolutamente contraditória, em um país que quer ser democrático, a permanência de poucas famílias no controle da produção e distribuição de conteúdos na mídia privada. Está ficando cada vez mais insustentável, politicamente e socialmente, que poucos senhores continuem ditando as regras do que pode ou não ser pautado na esfera pública do rádio e da televisão. Poderíamos começar regulamentando os artigos que tratam da comunicação na Constituição de 1988. É escandalosa a relação entre muitos parlamentares e as concessões de rádio e televisão no Brasil. A regulação dos meios de comunicação no Brasil poderá, inclusive, evitar que alguns programas e veículos, imersos em uma situação de quase absoluta falta de regras, utilizem o argumento do exercício da liberdade de expressão para violar os direitos humanos das mulheres.
2 – Que pontos centrais precisariam ser mudados no novo marco?
Ana Veloso - Considero que o novo marco deve ser incisivo com relação a algumas questões:
1) Programas/veículos/emissoras que violem direitos humanos devem ser imediatamente retirados do ar e as emissoras precisam sofrer penalidades, como aconteceu com as violações praticadas pelo programa Tarde Quente (RedeTV!), do apresentador João Kleber, que resultou no caso “Direitos de Resposta”;
2) As regras para as concessões não devem privilegiar os critérios econômicos, como estudos comprovam. A definição dos critérios para obtenção de uma outorga deve ser feita em grupos de trabalho, com representantes escolhidos/eleitos/indicados pela sociedade, veículos e Estado, refletindo a diversidade da sociedade brasileira;
3) Toda renovação das concessões deve passar por uma análise de como aquela emissora prestou o serviço de radiodifusão naquele período; esta análise deve ser feita pelo Estado e ouvir também representantes escolhidos/eleitos/indicados pela sociedade brasileira;
4) Regulamentar o direito de resposta, que foi desregulado com a queda da Lei de Imprensa;
5) A questão da publicidade também é um ponto central: a legislação afirma que só podemos ter 25% do tempo da grade de programação ocupado por propaganda, mas estudos comprovam que o percentual veiculado é bem maior;
6) Outra questão que tem que ser enfrentada é a sublocação da grade de programação para veiculação de programas religiosos, um dos problemas mais graves da ausência de uma regulação consistente no setor;
7) O papel dos órgãos fiscalizadores deve ser revisto, uma vez que a Anatel, por exemplo, demonstra alto rigor com as rádios comunitárias enquanto as emissoras comerciais desrespeitam impunemente a legislação;
8) O marco legal deve indicar ainda formas de financiamento para as mídias comunitárias, educativas e públicas, como fundos públicos constituídos com percentuais dos altos lucros e/ou impostos que as empresas privadas deveriam recolher;
9) Por fim, é preciso regulamentar o Artigo 221 da Constituição e garantir a veiculação de produção independente e regional na TV, com a implementação do percentual de 40% de programação regional nas emissoras, como propõe o projeto da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), há cerca de 20 anos em tramitação no Congresso Nacional.
3 – Como conselheira da EBC, você acredita que as emissoras públicas de rádio e televisão também precisam de uma nova regulamentação para se fortalecerem?
Ana Veloso - Considero que sim. Não sei se haveria possibilidade de uma uniformização na legislação, uma vez que as emissoras estaduais têm ordenamento próprio. Todavia, é preciso uma revisão no marco das emissoras públicas para que a sociedade possa participar muito mais da definição de sua programação e de suas decisões em geral, como acontece agora com o Conselho Curador da EBC. A revisão do marco regulatório no setor público também poderá dotar essas emissoras de maior autonomia político-financeira em relação aos governos. Além disso, poderia indicar mais alternativas de financiamento público para as mesmas, e regras explícitas para que sua sustentabilidade não estivesse sob constante ameaça.
4 – Como um novo marco regulatório das comunicações poderia contribuir para o avanço da luta das mulheres?
Ana Veloso - No Brasil, assim como em outros países, as mulheres ainda são tratadas prioritariamente de duas formas pela mídia: ou como consumidoras, ou como objeto sexual. Precisamos ter elementos palpáveis e instrumentos legais para enfrentar questões como a mercantilização de nossos corpos e a reprodução de estereótipos, que nos colocam em situação de submissão e desvantagem, veiculados diariamente nos meios de comunicação de massa. A regulação poderá oferecer, para o movimento de mulheres, as ferramentas necessárias ao exercício da análise e da crítica da mídia com a efetiva ação no sentido de garantir que os meios de comunicação não permaneçam reeditando preconceitos e o sexismo. Também poderá ser importante para a limitação do acesso/sublocação do espaço pelas correntes religiosas que, com seu proselitismo, acabam por atentar contra os direitos conquistados pela população feminina e por favorecer a perpetuação dos fundamentalismos. Por fim, as mulheres também necessitam de incentivos para atuar, ainda mais, no campo da produção de conteúdos, de forma que também estejam representadas na mídia em toda a sua diversidade.
5 – Apesar de ser estratégica, regular as comunicações é uma agenda que ainda encontra resistência na maior parte da sociedade, sobretudo nos proprietários dos meios de comunicação. Como superar este obstáculo?
Ana Veloso - Realmente, esta não é uma discussão fácil. É preciso que o Estado brasileiro tenha capacidade de dialogar e de implementar para os concessionários de rádio e TV regras discutidas e aprovadas junto com a sociedade, incluindo o setor empresarial. As propostas aprovadas pela I Confecom devem, inclusive, nortear este processo de regulação dos meios. Trata-se, também, de um investimento, que precisa ser feito, em uma ação educativa junto à população com relação ao problema gigante que precisamos enfrentar no campo da comunicação brasileira. Temos um histórico de privatização de bens públicos. A sociedade desconhece que tem direito à comunicação. Só agora ensaiamos a construção de um sistema público de mídia. Portanto, foram muitos anos de favorecimento a uma elite branca, masculina e heterossexual que comanda hoje este setor. Contudo, principalmente nos últimos dez anos, percebemos que a sociedade está cada vez mais atenta, vigilante e que exige democracia e pluralidade neste espaço.
6 – O ministro Paulo Bernardo anunciou, no início de sua gestão, que o debate sobre o novo marco regulatório estava entre as prioridades do governo Dilma. Agora, o governo parece recuar em colocar o tema em discussão pública. O que o ministro pode temer?
Ana Veloso - Teme ataques da chamada velha mídia. Teme oposição dos grandes veículos de comunicação, como se isso não tivesse ocorrido desde a campanha eleitoral da presidenta Dilma. Compreendo que há um forte receio de que o governo possa ser considerado contrário à liberdade de imprensa, como ocorreu quando vários países na América Latina implementaram regras mais duras para evitar a concentração da propriedade dos meios, os monopólios e os privilégios das empresas privadas do setor. Todavia, o que o governo brasileiro, que quer manter sua imagem de democrático perante o mundo, parece não enxergar é que o desequilíbrio entre os sistemas público, privado e estatal de comunicação e a histórica primazia do empresariado no setor limitam as possibilidades do exercício da democracia para o conjunto da população brasileira. A privatização da produção dos bens simbólicos e a prevalência de interesses particulares em detrimento do interesse público podem se configurar como um dos maiores ataques à democracia em nosso país.
Apesar desta limitação, em vários momentos, a presidenta Dilma foi enfática na defesa da pluralidade no setor e no respeito à liberdade de expressão e de imprensa. A quebra de um ciclo histórico de ministros ligados à mídia ocupando a pasta das Comunicações também pode ser considerado um avanço. Mas um dos problemas para o governo é a alta articulação entre políticos e empresas de comunicação. Temos cerca de 30% dos parlamentares do Congresso Nacional com negócios na área. O governo precisa se fortalecer junto à sociedade civil e ter habilidade em construir propostas consistentes que possam responder às questões levantadas pela I Confecom.
Contato com a entrevistada
Ana Veloso – jornalista e professora da Universidade Católica de Pernambuco
Centro das Mulheres do Cabo
Representante da sociedade civil no Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)
Cabo de Santo Agostinho/PE
(81) 9965-5064 / 3524-9170 / 3521-9366
velosoanam@gmail.com / anaveloso@mulheresdocabo.org.br
domingo, 29 de maio de 2011
MULHERES JORNALISTAS RECEBEM HOMENAGEM DE NALDO BARBOSA EM 29 DE MAIO 2011
Acabo de chegar da FESTA do BATOM, aniversário de Naldo Barbosa, que nesse ano 2011, teve a feliz idéia de reverter a renda da festa de seu aniversário para o hospital do cancer, ao tempo em que homenageou jornalistas e produção cultural nas MULHERES QUE FAZEM A PARAÍBA desse milenio em que vivemos sob penas constante da disputa de valores socias e a política partidária interferindo em todos os seguimentos .
o que dizer da questão cultura e cidadania?
¨ parece que as pessoas estão vivendo um retrocesso geral, substituição de valores da nossa cultura cristã da caridade¨. Muitas dessas mulheres jornalistas homenageadas , não compareceram ao evento,construindo assim uma imagem negativa em favor da cidadania.
o que dizer da questão cultura e cidadania?
¨ parece que as pessoas estão vivendo um retrocesso geral, substituição de valores da nossa cultura cristã da caridade¨. Muitas dessas mulheres jornalistas homenageadas , não compareceram ao evento,construindo assim uma imagem negativa em favor da cidadania.
DIAS 24 à 27 de maio DESEMBARCARAM EM BRASÍLIA A CARAVANA NACIONAL DE PONTOS DE CULTURA
Entre os dias 24 e 27 de maio de 2011 centenas de representantes de Pontos de Cultura desembarcaram em Brasília para uma jornada de encontros, audiências, mobilização, diálogo e celebração. São artistas, educadores, estudantes, jovens, mestres e griôs, gestores, lideranças religiosas e comunitárias, midialivristas, geeks, brincantes, cidadãos, ponteir@s vindos de todos os cantos e pontos que foram à Brasília em defesa da continuidade e avanço do Programa Cultura Viva.
Os Pontos de Cultura são a expressão mais visível do avanço das políticas culturais do Brasil nos últimos 8 anos, onde as políticas públicas se dedicaram ao reconhecimento e valorização da dimensão da diversidade cultural do povo brasileiro, democratizando o acesso aos bens e produtos culturais mas também – e principalmente – ampliando e democratizando as ferramentas de produção, expressão e comunicação, padrões tecnológicos livres, criação de ambientes reais e virtuais de articulação em rede, promovendo a autonomia e o protagonismo social através da cultura.
A programação de atividades em Brasília foi intensa. No dia 24 de maio, representantes de Pontos de Cultura se reuniram com a Secretária Marta Porto e a equipe da Secretaria de Cidadania Cultural, para um diálogo político sobre a gestão do Programa Cultura Viva. No dia 25 de maio aconteceu a Marcha Nacional dos Pontos de Cultura, um grande cortejo cultural ao som dos tambores, com a participação de artistas de rua, circenses, brincantes, manifestações da cultura popular, griôs, mestres e centenas de representantes de Pontos de Cultura de todo o país.
O cortejo até o Congresso Nacional, onde os manifestantes foram recebidos pela Ministra da Cultura Ana de Hollanda, e por deputados e senadores da Frente Parlamentar de Cultura, em um momento altamente simbólico entre governo, sociedade civil e poder legislativo pela consolidação e avanço do programa Cultura Viva e pelo exercício da gestão compartilhada das políticas culturais.
No dia 26/05, a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados promoveu audiência pública sobre o Projeto de Lei Cultura Viva, que inicia sua tramitação no Congresso Nacional, para escuta e participação popular na construção desta lei que consolidará o Programa Cultura Viva como política permanente de estado. Nos dias 26 e 27 aconteceu na UnB a reunião da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura.
Esta mobilização teve caráter nacional e está sendo produzida e organizada de maneira autônoma e colaborativa pelo Movimento Nacional dos Pontos de Cultura, Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, e diversos parceiros e apoiadores de todo o país em um exercício democrático de manifestação política e ocupação cultural da nova cena pública brasileira.
Os Pontos de Cultura são a expressão mais visível do avanço das políticas culturais do Brasil nos últimos 8 anos, onde as políticas públicas se dedicaram ao reconhecimento e valorização da dimensão da diversidade cultural do povo brasileiro, democratizando o acesso aos bens e produtos culturais mas também – e principalmente – ampliando e democratizando as ferramentas de produção, expressão e comunicação, padrões tecnológicos livres, criação de ambientes reais e virtuais de articulação em rede, promovendo a autonomia e o protagonismo social através da cultura.
A programação de atividades em Brasília foi intensa. No dia 24 de maio, representantes de Pontos de Cultura se reuniram com a Secretária Marta Porto e a equipe da Secretaria de Cidadania Cultural, para um diálogo político sobre a gestão do Programa Cultura Viva. No dia 25 de maio aconteceu a Marcha Nacional dos Pontos de Cultura, um grande cortejo cultural ao som dos tambores, com a participação de artistas de rua, circenses, brincantes, manifestações da cultura popular, griôs, mestres e centenas de representantes de Pontos de Cultura de todo o país.
O cortejo até o Congresso Nacional, onde os manifestantes foram recebidos pela Ministra da Cultura Ana de Hollanda, e por deputados e senadores da Frente Parlamentar de Cultura, em um momento altamente simbólico entre governo, sociedade civil e poder legislativo pela consolidação e avanço do programa Cultura Viva e pelo exercício da gestão compartilhada das políticas culturais.
No dia 26/05, a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados promoveu audiência pública sobre o Projeto de Lei Cultura Viva, que inicia sua tramitação no Congresso Nacional, para escuta e participação popular na construção desta lei que consolidará o Programa Cultura Viva como política permanente de estado. Nos dias 26 e 27 aconteceu na UnB a reunião da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura.
Esta mobilização teve caráter nacional e está sendo produzida e organizada de maneira autônoma e colaborativa pelo Movimento Nacional dos Pontos de Cultura, Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, e diversos parceiros e apoiadores de todo o país em um exercício democrático de manifestação política e ocupação cultural da nova cena pública brasileira.
Brasil na mísia canadense
Fantastic news about North-East Brazil, for international public.
Bonjour Ednamay,
Here is a very interesting and positive review of North-East Brazil, published in The Economist.
Paraiba better be ready!
Je compte sur vous pour qu'on n'oublie pas la Culture dans tout ce boom!
Amitié
Jacques D. (Facebook friend!)
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IN 1983 Jornal do Brasil, a newspaper in Rio de Janeiro, sent a reporter to Brazil’s north-east to cover a drought. He found starving residents eating rats and lizards. Since then, the country has made strides. Yet the north-east remains Brazil’s poorest region: it has 28% of the country’s people but just 14% of its GDP. A fifth of the area’s adults are illiterate, twice the national rate. And it holds more than half the 16m Brazilians who live on less than 70 reais ($43) a month. For decades it has exported workers to the kitchens and construction sites of the rich cities in the south-east.
Recently, however, the north-east has become Brazil’s star economic performer. In the past decade the region’s GDP rose by 4.2% a year, compared with 3.6% for the country as a whole. Last year Pernambuco state’s economy grew by a China-like 9.3%.
Bolsa Família, Luiz Inácio Lula da Silva’s much-lauded anti-poverty scheme, has been important, says Marcelo Neri of the Fundação Getulio Vargas, a research institute. But other government policies have helped more. Three-quarters of the growth in incomes since 2003, when Lula became president, came from earnings, not handouts. In real terms the minimum wage has risen by around 60% over the same period, with the greatest benefits felt in the north-east. The institute reckons that Crediamigo, the state-owned Banco do Nordeste’s micro-credit programme, has lifted more than 1m north-easterners out of poverty.
The region’s new-found buying power is attracting firms. Earlier this month Kraft Foods opened its first factory in the area, making chocolate and powdered drinks. Sudene, a government regional-development agency, has helped to finance 52 malls in the north-east since 2006. And migrants from the north-east are coming back home to work. Pão de Açúcar, a supermarket chain, is expanding in the region, and offering north-eastern natives working in its other stores the chance to transfer.
“Right now, the north-east is one big building site,” says Fernando Bezerra Coelho, the federal integration minister. The government is investing heavily in public works, including widening the Atlantic coastal highway. But the main source of growth is the port and industrial complex of Suape, which is being expanded to handle bigger ships. A petrochemical plant, the southern hemisphere’s biggest shipyard and a refinery owned by Petrobras, the state-controlled oil company, are under construction. Over 100 firms have moved in, lured by tax incentives and what should be excellent transport links. Fiat is spending 3 billion reais on a car factory nearby.
By 2013, if all runs to plan, a new railway will link Suape to the north-eastern interior (see map). The federal government began building it in 1990, but it stalled for lack of money and only restarted in 2006. A second branch will travel north to the port of Pecém, which is also being expanded. There, the Ceará state government is setting up an institute to train 12,000 workers a year, and Petrobras is building another refinery. Paulo Roberto Costa, its downstream director, envisages trains taking soyabeans, corn and iron ore from the interior to the ports and returning with oil. Journey times to Europe and America will be three or four days less than from south-eastern ports. The 1,728-km line will one day carry 30m tonnes of cargo a year.
Odebrecht, the Brazilian firm building the railway, recently flew your correspondent to Salgueiro, where its two coast-bound branches meet. The line’s 3m concrete sleepers are being cast there, and the ballast on which they will lie is quarried nearby. Paulo Falcão, the project director, is preoccupied with a novel problem for the north-east: a labour shortage. Even though word of the grand projects dotted around the north-east is attracting workers from all over the country, the demand is such that Odebrecht is training everyone from carpenters and bricklayers to truck drivers and forklift operators itself. Some have no previous construction experience. A fifth of the employees at Salgueiro are women.
“China is now the Japan of the 1960s,” says Eduardo Bartolomeo, the director of logistics for Vale, a mining firm. In that era Japan’s appetite for metals funded Vale’s big investments in rail and sea transport. Today China’s hunger for iron ore pays for its infrastructure projects. By 2015 Ponta da Madeira, Vale’s private port, will be Brazil’s largest by tonnage, exporting 230m tonnes of iron ore a year. The railway from the Carajás mine in Pará state to the dockside is being upgraded to carry 330-car trains, each 3km long, at a cost of 4.5 billion reais.
The benefits, says Mr Bartolomeo, will extend beyond mining. He points to the Norte-Sul railway as evidence. Since 2007, when Vale started to operate the line, soyabean production in the surrounding region has risen by 8.5% a year, and the price of land has more than doubled in places.
The region’s rapid pace of development, combined with workers’ new-found muscle-flexing, has led to some industrial unrest. The strain is also evident in traffic jams and soaring housing prices. In Ceará Adail Fontenele, the state secretary of infrastructure, says that the municipalities around Pecém are preoccupied with finding homes for the city’s new workers. If decent lodging is not built fast enough, slums may spring up instead.
The biggest risk is that the region fails to tackle its other longstanding weakness: poor education. “We have seen infrastructure booms in the north-east before, and they have helped us to catch up,” says Alexandre Rands of Datamétrica, a consultancy. “But the past 60 years have shown that infrastructure is not enough.” The big firms are training the workers they need. But the north-east spends less on schools than the national average, and has weaker teachers. If its next generation is to benefit fully from what today’s is building, the region’s schools must get an upgrade, too.
Jacques Dupont
Bonjour Ednamay,
Here is a very interesting and positive review of North-East Brazil, published in The Economist.
Paraiba better be ready!
Je compte sur vous pour qu'on n'oublie pas la Culture dans tout ce boom!
Amitié
Jacques D. (Facebook friend!)
**************************
IN 1983 Jornal do Brasil, a newspaper in Rio de Janeiro, sent a reporter to Brazil’s north-east to cover a drought. He found starving residents eating rats and lizards. Since then, the country has made strides. Yet the north-east remains Brazil’s poorest region: it has 28% of the country’s people but just 14% of its GDP. A fifth of the area’s adults are illiterate, twice the national rate. And it holds more than half the 16m Brazilians who live on less than 70 reais ($43) a month. For decades it has exported workers to the kitchens and construction sites of the rich cities in the south-east.
Recently, however, the north-east has become Brazil’s star economic performer. In the past decade the region’s GDP rose by 4.2% a year, compared with 3.6% for the country as a whole. Last year Pernambuco state’s economy grew by a China-like 9.3%.
Bolsa Família, Luiz Inácio Lula da Silva’s much-lauded anti-poverty scheme, has been important, says Marcelo Neri of the Fundação Getulio Vargas, a research institute. But other government policies have helped more. Three-quarters of the growth in incomes since 2003, when Lula became president, came from earnings, not handouts. In real terms the minimum wage has risen by around 60% over the same period, with the greatest benefits felt in the north-east. The institute reckons that Crediamigo, the state-owned Banco do Nordeste’s micro-credit programme, has lifted more than 1m north-easterners out of poverty.
The region’s new-found buying power is attracting firms. Earlier this month Kraft Foods opened its first factory in the area, making chocolate and powdered drinks. Sudene, a government regional-development agency, has helped to finance 52 malls in the north-east since 2006. And migrants from the north-east are coming back home to work. Pão de Açúcar, a supermarket chain, is expanding in the region, and offering north-eastern natives working in its other stores the chance to transfer.
“Right now, the north-east is one big building site,” says Fernando Bezerra Coelho, the federal integration minister. The government is investing heavily in public works, including widening the Atlantic coastal highway. But the main source of growth is the port and industrial complex of Suape, which is being expanded to handle bigger ships. A petrochemical plant, the southern hemisphere’s biggest shipyard and a refinery owned by Petrobras, the state-controlled oil company, are under construction. Over 100 firms have moved in, lured by tax incentives and what should be excellent transport links. Fiat is spending 3 billion reais on a car factory nearby.
By 2013, if all runs to plan, a new railway will link Suape to the north-eastern interior (see map). The federal government began building it in 1990, but it stalled for lack of money and only restarted in 2006. A second branch will travel north to the port of Pecém, which is also being expanded. There, the Ceará state government is setting up an institute to train 12,000 workers a year, and Petrobras is building another refinery. Paulo Roberto Costa, its downstream director, envisages trains taking soyabeans, corn and iron ore from the interior to the ports and returning with oil. Journey times to Europe and America will be three or four days less than from south-eastern ports. The 1,728-km line will one day carry 30m tonnes of cargo a year.
Odebrecht, the Brazilian firm building the railway, recently flew your correspondent to Salgueiro, where its two coast-bound branches meet. The line’s 3m concrete sleepers are being cast there, and the ballast on which they will lie is quarried nearby. Paulo Falcão, the project director, is preoccupied with a novel problem for the north-east: a labour shortage. Even though word of the grand projects dotted around the north-east is attracting workers from all over the country, the demand is such that Odebrecht is training everyone from carpenters and bricklayers to truck drivers and forklift operators itself. Some have no previous construction experience. A fifth of the employees at Salgueiro are women.
“China is now the Japan of the 1960s,” says Eduardo Bartolomeo, the director of logistics for Vale, a mining firm. In that era Japan’s appetite for metals funded Vale’s big investments in rail and sea transport. Today China’s hunger for iron ore pays for its infrastructure projects. By 2015 Ponta da Madeira, Vale’s private port, will be Brazil’s largest by tonnage, exporting 230m tonnes of iron ore a year. The railway from the Carajás mine in Pará state to the dockside is being upgraded to carry 330-car trains, each 3km long, at a cost of 4.5 billion reais.
The benefits, says Mr Bartolomeo, will extend beyond mining. He points to the Norte-Sul railway as evidence. Since 2007, when Vale started to operate the line, soyabean production in the surrounding region has risen by 8.5% a year, and the price of land has more than doubled in places.
The region’s rapid pace of development, combined with workers’ new-found muscle-flexing, has led to some industrial unrest. The strain is also evident in traffic jams and soaring housing prices. In Ceará Adail Fontenele, the state secretary of infrastructure, says that the municipalities around Pecém are preoccupied with finding homes for the city’s new workers. If decent lodging is not built fast enough, slums may spring up instead.
The biggest risk is that the region fails to tackle its other longstanding weakness: poor education. “We have seen infrastructure booms in the north-east before, and they have helped us to catch up,” says Alexandre Rands of Datamétrica, a consultancy. “But the past 60 years have shown that infrastructure is not enough.” The big firms are training the workers they need. But the north-east spends less on schools than the national average, and has weaker teachers. If its next generation is to benefit fully from what today’s is building, the region’s schools must get an upgrade, too.
Jacques Dupont
quinta-feira, 26 de maio de 2011
COMUNICAÇÃO E MÍDIA VIRTUAL
*I Encontro de **Blogueir@s* * e Redes Sociais da Paraíba.*
Numa realidade caracterizada pela excessiva e flagrante concentração dos
meios de comunicação em mãos de poucas empresas, de caráter quase familiar,
ligadas por uma extensa rede de dependência econômica e financeira com
grupos e governos de uma potencia estrangeira, os movimentos sociais
brasileiros alertam para o caráter anti-democrático e anti-nacional do
enorme poder exercido por estas empresas.
O exercício pleno da liberdade de expressão e comunicação, até agora
exercido apenas por uma estrutura oligárquica de propriedade dos meios,
ganha impulso novo com a estrutura descentralizada e participativa
proporcionada pelas redes digitais.
O fato de um/a cidadã/o comum ser agente de comunicação, publicando sua
visão de mundo quase sem intermediários, de maneira relativamente fácil e
rica em recursos, inaugura um paradigma oposto ao que permanece vigente e
hegemônico no momento.
De forma imprescindível, a comunicação independente alcançou círculos
sociais maiores, de forma a oferecer o contraditório ausente na mídia
corporativa e tradicional, comprometida com uma mesma e ultrapassada visão
unilateral e imperial do mundo e baseada na propriedade exclusiva de pesadas
estruturas de impressão, difusão e produção das informações.
A formação gradual de uma rede anti-hegemônica, em favor da comunicação
social efetiva e não exclusivamente de interesses empresariais, foi
conseqüência natural não só da evolução técnica, mas também política da
sociedade.
É como resultado dessa evolução que se dá o I Encontro dos Blogueir@s e
Redes Sociais da Paraíba. O blogueir@ deve ter noção do seu papel inovador e
revolucionário diante da estrutura oligárquica de concentração dos meios de
comunicação, que priva a/o cidadã/o comum da informação objetiva e
necessária para a sua vida e visão de mundo.
O blogueir@ consciente é contra a ditadura midiática, a favor da
Numa realidade caracterizada pela excessiva e flagrante concentração dos
meios de comunicação em mãos de poucas empresas, de caráter quase familiar,
ligadas por uma extensa rede de dependência econômica e financeira com
grupos e governos de uma potencia estrangeira, os movimentos sociais
brasileiros alertam para o caráter anti-democrático e anti-nacional do
enorme poder exercido por estas empresas.
O exercício pleno da liberdade de expressão e comunicação, até agora
exercido apenas por uma estrutura oligárquica de propriedade dos meios,
ganha impulso novo com a estrutura descentralizada e participativa
proporcionada pelas redes digitais.
O fato de um/a cidadã/o comum ser agente de comunicação, publicando sua
visão de mundo quase sem intermediários, de maneira relativamente fácil e
rica em recursos, inaugura um paradigma oposto ao que permanece vigente e
hegemônico no momento.
De forma imprescindível, a comunicação independente alcançou círculos
sociais maiores, de forma a oferecer o contraditório ausente na mídia
corporativa e tradicional, comprometida com uma mesma e ultrapassada visão
unilateral e imperial do mundo e baseada na propriedade exclusiva de pesadas
estruturas de impressão, difusão e produção das informações.
A formação gradual de uma rede anti-hegemônica, em favor da comunicação
social efetiva e não exclusivamente de interesses empresariais, foi
conseqüência natural não só da evolução técnica, mas também política da
sociedade.
É como resultado dessa evolução que se dá o I Encontro dos Blogueir@s e
Redes Sociais da Paraíba. O blogueir@ deve ter noção do seu papel inovador e
revolucionário diante da estrutura oligárquica de concentração dos meios de
comunicação, que priva a/o cidadã/o comum da informação objetiva e
necessária para a sua vida e visão de mundo.
O blogueir@ consciente é contra a ditadura midiática, a favor da
quarta-feira, 25 de maio de 2011
MEMÓRIA DA COOPERARTE PARA ARCHIDY PICADO FILHO
Ednamay e Manu
Nos últimos vinte e cinco anos em que convivemos respeitosamente na mesma cidade, transitando pela militância cultural, tive a alegria de estarmos em movimentos de grande importância para a cultura made- in pb, por exemplo a criação da COOPERARTE - Coperativa dos Artistas da Paraíba século passado, onde semanalmente reuniamos no Sindicao dos Artistas localizado a Rua Duque de Caxias, atendendo chamado de Edmilson Cantalice e João Balula,os maiores agitadores culturais, vinha gente de todas as regiões do Estado, de todos os segmentos da cultura para a convocação ,Pedro Osmar, Leila,Escurinho, Junior Targino, Adeildo Vieira, Kennedy Costa,Maestro Luiz Carlos, Ricardinho,Glaucia Lima, Patricia Moreyra, parecia uma extensão do movimento musiclub do antigo Thomáz Mindelo, os jornalistas em ebulição faziam a cobertura nessa grande mídia provinciana , à aquela época a política dormia o Twitter e o facebock nem eram nascidos e nós com a corda toda, fizemos até curso de Conselheiros para Cooperativa,para deleite e segurança mercadologica dos poetas, cronistas, bailarinos, teatreiros ,brincantes, amadores e profissionais .
Foram muitas as histórias compartilhadas com Archidy, entre Ednaldo do Egito , Pereira, Altimar Pimentel, tardes no prédio antigo da Duque de Caxias ali funcionava inclusive a produtora ,o escritório da criação multicultural, era um vai e vem maravilhoso de artistas época em que vivíamos plenamente o resgate do centro histórico e o apogue dos Movimetos, Folia de Rua e ACHERVO - Associação Centro Histórico Vivo,onde fui fundadora junto a outros companheiros formadores de opinião e ativistas culturais , sonhavámos uma Praça Antenor Navarro como o grande palco para as cenas contemporâneas paraibana , nesse clima de espectativa emoção e muita alegria começamos a transformação da Praça Antenhor Navarro, inauguramos nossa COOPERARTE em estilo swho espetáculo , nessa noite gloriosa na calçada do extinto bar Parahyba Café,encontrava-se Lúcio Lins nosso poetinha camarada ,Bob Zacara , Marcone Serpa, Sergio de Castro Pinto, os boemios da CONFRARIA DE MALAGRIDA, do Bloco ANJO AZUL, do Confete & Serpentina, na praça que virou realidade até os dias de hoje, quando a garotada se expressa em festivais como PB POP, ou Folia de Rua.Atualmente daqui do Ponto Extremo Oriental das Américas,me encontro vez ou outra com você e Sofia, na Estação Ciências Cultura e Arte Cabo Branco para escutar Mestre Fuba com a certeza que fomos nós que demos os primeiros passos para essa grande transformação de atores e atrizes poder continuar o sonho que não acaba jamais.Parabens pelo meio século de ensinamentos e sabedoria companheiro que CHEGOU DO OVO junto com Zé Trovão.
beijo da eterna emérita cidadã pessoensse,
ativista
Ednamay Cirilo
a mãe de Cristine Emmanuelle ( Manu).
quinta-feira, 19 de maio de 2011
LIVRO DO MEC CAUSA POLÊMICA NA MÍDIA BRASILEIRA
O livro didático e a ignorância jornalística
Polêmica ou ignorância?
Discussão sobre livro didático só revela ignorância da grande imprensa
Por Marcos Bagno – Universidade de Brasília (17/05/11)
Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua. Jornalistas desinformados abrem um livro didático, leem metade de meia página e saem falando coisas que depõem sempre muito mais contra eles mesmos do que eles mesmos pensam (se é que pensam nisso, prepotentemente convencidos que são, quase todos, de que detêm o absoluto poder da informação).
Polêmica? Por que polêmica, meus senhores e minhas senhoras? Já faz mais de quinze anos que os livros didáticos de língua portuguesa disponíveis no mercado e avaliados e aprovados pelo Ministério da Educação abordam o tema da variação linguística e do seu tratamento em sala de aula. Não é coisa de petista, fiquem tranquilas senhoras comentaristas políticas da televisão brasileira e seus colegas explanadores do óbvio.
Já no governo FHC, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos da variação linguística, o caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua viva falada no mundo, a mudança irreprimível que transformou, tem transformado, transforma e transformará qualquer idioma usado por uma comunidade humana. Somente com uma abordagem assim as alunas e os alunos provenientes das chamadas “classes populares” poderão se reconhecer no material didático e não se sentir alvo de zombaria e preconceito. E, é claro, com a chegada ao magistério de docentes provenientes cada vez mais dessas mesmas “classes populares”, esses mesmos profissionais entenderão que seu modo de falar, e o de seus aprendizes, não é feio, nem errado, nem tosco, é apenas uma língua diferente daquela – devidamente fossilizada e conservada em formol – que a tradição normativa tenta preservar a ferro e fogo, principalmente nos últimos tempos, com a chegada aos novos meios de comunicação de pseudoespecialistas que, amparados em tecnologias inovadoras, tentam vender um peixe gramatiqueiro para lá de podre.
Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro do conjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantados para as colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de conviver com essas situações no mínimo patéticas.
A principal característica dos discursos marcadamente ideologizados (sejam eles da direita ou da esquerda) é a impossibilidade de ver as coisas em perspectiva contínua, em redes complexas de elementos que se cruzam e entrecruzam, em ciclos constantes. Nesses discursos só existe o preto e o branco, o masculino e o feminino, o mocinho e o bandido, o certo e o errado e por aí vai.
Darwin nunca disse em nenhum lugar de seus escritos que “o homem vem do macaco”. Ele disse, sim, que humanos e demais primatas deviam ter se originado de um ancestral comum. Mas essa visão mais sofisticada não interessava ao fundamentalismo religioso que precisava de um lema distorcido como “o homem vem do macaco” para empreender sua campanha obscurantista, que permanece em voga até hoje (inclusive no discurso da candidata azul disfarçada de verde à presidência da República no ano passado).
Da mesma forma, nenhum linguista sério, brasileiro ou estrangeiro, jamais disse ou escreveu que os estudantes usuários de variedades linguísticas mais distantes das normas urbanas de prestígio deveriam permanecer ali, fechados em sua comunidade, em sua cultura e em sua língua. O que esses profissionais vêm tentando fazer as pessoas entenderem é que defender uma coisa não significa automaticamente combater a outra. Defender o respeito à variedade linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los ao mundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso repetir isso a todo momento.
Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles – se julgarem pertinente, adequado e necessário – possam vir a usá-la TAMBÉM. O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assiti ao filme,
que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem 101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou três gatos pingados).
O mais divertido (para mim, pelo menos, talvez por um pouco de masoquismo) é ver os mesmos defensores da suposta “língua certa”, no exato momento em que a defendem, empregar regras linguísticas que a tradição normativa que eles acham que defendem rejeitaria imediatamente.
Pois ontem, vendo o Jornal das Dez, da GloboNews, ouvi da boca do sr. Carlos Monforte essa deliciosa pergunta: “Como é que fica então as concordâncias?”. Ora, sr. Monforte, eu lhe devolvo a pergunta: “E as concordâncias, como é que ficam então?
Fonte: http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=745
Postado por David Soares às 00:19
Polêmica ou ignorância?
Discussão sobre livro didático só revela ignorância da grande imprensa
Por Marcos Bagno – Universidade de Brasília (17/05/11)
Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua. Jornalistas desinformados abrem um livro didático, leem metade de meia página e saem falando coisas que depõem sempre muito mais contra eles mesmos do que eles mesmos pensam (se é que pensam nisso, prepotentemente convencidos que são, quase todos, de que detêm o absoluto poder da informação).
Polêmica? Por que polêmica, meus senhores e minhas senhoras? Já faz mais de quinze anos que os livros didáticos de língua portuguesa disponíveis no mercado e avaliados e aprovados pelo Ministério da Educação abordam o tema da variação linguística e do seu tratamento em sala de aula. Não é coisa de petista, fiquem tranquilas senhoras comentaristas políticas da televisão brasileira e seus colegas explanadores do óbvio.
Já no governo FHC, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos da variação linguística, o caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua viva falada no mundo, a mudança irreprimível que transformou, tem transformado, transforma e transformará qualquer idioma usado por uma comunidade humana. Somente com uma abordagem assim as alunas e os alunos provenientes das chamadas “classes populares” poderão se reconhecer no material didático e não se sentir alvo de zombaria e preconceito. E, é claro, com a chegada ao magistério de docentes provenientes cada vez mais dessas mesmas “classes populares”, esses mesmos profissionais entenderão que seu modo de falar, e o de seus aprendizes, não é feio, nem errado, nem tosco, é apenas uma língua diferente daquela – devidamente fossilizada e conservada em formol – que a tradição normativa tenta preservar a ferro e fogo, principalmente nos últimos tempos, com a chegada aos novos meios de comunicação de pseudoespecialistas que, amparados em tecnologias inovadoras, tentam vender um peixe gramatiqueiro para lá de podre.
Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro do conjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantados para as colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de conviver com essas situações no mínimo patéticas.
A principal característica dos discursos marcadamente ideologizados (sejam eles da direita ou da esquerda) é a impossibilidade de ver as coisas em perspectiva contínua, em redes complexas de elementos que se cruzam e entrecruzam, em ciclos constantes. Nesses discursos só existe o preto e o branco, o masculino e o feminino, o mocinho e o bandido, o certo e o errado e por aí vai.
Darwin nunca disse em nenhum lugar de seus escritos que “o homem vem do macaco”. Ele disse, sim, que humanos e demais primatas deviam ter se originado de um ancestral comum. Mas essa visão mais sofisticada não interessava ao fundamentalismo religioso que precisava de um lema distorcido como “o homem vem do macaco” para empreender sua campanha obscurantista, que permanece em voga até hoje (inclusive no discurso da candidata azul disfarçada de verde à presidência da República no ano passado).
Da mesma forma, nenhum linguista sério, brasileiro ou estrangeiro, jamais disse ou escreveu que os estudantes usuários de variedades linguísticas mais distantes das normas urbanas de prestígio deveriam permanecer ali, fechados em sua comunidade, em sua cultura e em sua língua. O que esses profissionais vêm tentando fazer as pessoas entenderem é que defender uma coisa não significa automaticamente combater a outra. Defender o respeito à variedade linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los ao mundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso repetir isso a todo momento.
Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles – se julgarem pertinente, adequado e necessário – possam vir a usá-la TAMBÉM. O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assiti ao filme,
que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem 101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou três gatos pingados).
O mais divertido (para mim, pelo menos, talvez por um pouco de masoquismo) é ver os mesmos defensores da suposta “língua certa”, no exato momento em que a defendem, empregar regras linguísticas que a tradição normativa que eles acham que defendem rejeitaria imediatamente.
Pois ontem, vendo o Jornal das Dez, da GloboNews, ouvi da boca do sr. Carlos Monforte essa deliciosa pergunta: “Como é que fica então as concordâncias?”. Ora, sr. Monforte, eu lhe devolvo a pergunta: “E as concordâncias, como é que ficam então?
Fonte: http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=745
Postado por David Soares às 00:19
quinta-feira, 12 de maio de 2011
LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO MEC ENSINA ALUNO A AFALAR ERRADO
Livro didático de língua portuguesa adotado pelo MEC (Ministério da Educação) ensina aluno do ensino fundamental a usar a “norma popular da língua portuguesa”.
O volume Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, mostra ao aluno que não há necessidade de se seguir a norma culta para a regra da concordância. Os autores usam a frase “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” para exemplificar que, na variedade popular, só “o fato de haver a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro”. Em um outro exemplo, os autores mostram que não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.
Ao defender o uso da língua popular, os autores afirmam que as regras da norma culta não levam em consideração a chamada língua viva. E destacam em um dos trechos do livro: “Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para norma culta como padrão de correção de todas as formas lingüísticas”.
E mais: segundo os autores, o estudante pode correr o risco “de ser vítima de preconceito linguístico” caso não use a norma culta. O livro da editora Global foi aprovado pelo MEC por meio do Programa Nacional do Livro Didático.
Poder Online - Os Bastidores da Política Brasileira - IG
O volume Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, mostra ao aluno que não há necessidade de se seguir a norma culta para a regra da concordância. Os autores usam a frase “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” para exemplificar que, na variedade popular, só “o fato de haver a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro”. Em um outro exemplo, os autores mostram que não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.
Ao defender o uso da língua popular, os autores afirmam que as regras da norma culta não levam em consideração a chamada língua viva. E destacam em um dos trechos do livro: “Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para norma culta como padrão de correção de todas as formas lingüísticas”.
E mais: segundo os autores, o estudante pode correr o risco “de ser vítima de preconceito linguístico” caso não use a norma culta. O livro da editora Global foi aprovado pelo MEC por meio do Programa Nacional do Livro Didático.
Poder Online - Os Bastidores da Política Brasileira - IG
quinta-feira, 5 de maio de 2011
MINISTRA DA CULTURA em ponto de alerta
por Jotabê Medeiros - O Estado de S. Paulo
Cresce a possibilidade concreta de a presidente Dilma Rousseff trocar a chefia do Ministério da Cultura. Após 5 meses à frente da pasta, a ministra Ana de Hollanda dá sinais de esgotamento e isolamento - e fontes do governo dizem que a presidente está incomodada com a "paralisia" no setor cultural. No Congresso Nacional, os deputados da base de apoio ao governo já pressionam fortemente para que seja tomada uma decisão que destrave o MinC - falando abertamente na demissão da ministra.
Ana de Hollanda. Posições a respeito do Ecad ainda estão no centro da polêmica
"Uma pessoa não pode continuar no Ministério da Cultura para barrar uma política que já foi aprovada nas urnas. É isso que está em jogo. Se não existisse uma política construída, poderíamos ter um grau de tolerância maior (em relação à ministra), mas se ela achar que não pode conduzir essa política, deve ser substituída. Senão, pode acabar respingando na presidenta", disse o deputado José Nazareno Cardeal Fonteles, do PT do Piauí.
Fonteles assinou o manifesto que circula na internet, subscrito até ontem por mais de 2 mil pessoas, e que pede mudança urgente nos rumos do MinC. Nazareno integra a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. Ontem, o deputado Alexandre Molon (PT-RJ) pediu uma audiência na Comissão de Educação e Cultura da Câmara para discutir as relações entre o MinC e o Ecad.
Os rumores sobre a queda de Ana de Hollanda tiveram o volume aumentado após revelações, pelo Estado e pelo jornal O Globo, de fraudes no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais (Ecad). A ministra manifestou-se abertamente, repetidas vezes, contra a fiscalização no órgão. O Globo chegou a divulgar emails de dirigentes do Ecad que se referem a uma certa "amiga do Ecad" no MinC.
Em Brasília, dois nomes já foram até cogitados publicamente para substituir Ana de Hollanda. Ambos são seus secretários: Marta Porto e Sérgio Mamberti. O primeiro surgiu no blog do jornalista Renato Rovai, que tem relações próximas no PT e edita a revistaForum. "Uma parte do setor petista que está no Ministério da Cultura tem conversado sobre o nome de Marta Porto, atual secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, para substituir a atual ministra Ana de Holanda", escreveu Rovai.
"Este blogue conversou com diferentes pessoas que foram consultadas sobre o que achavam da substituição. A articulação passa pela sala do presidente da Funarte, Antonio Grassi, que teria se convencido de que não está valendo à pena sustentar Ana de Holanda no cargo. Grassi, um dos principais articuladores do nome de Ana, discordou dela quando da retirada do Creative Commons do site do MinC, mas não levou o debate a público", finaliza o texto.
A contrariedade com a ministra também chegou ao Senado. Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) diz que já há elementos suficientes para pedir uma CPI "sobre as relações do Ministério da Cultura com o Ecad", o que ele pretende fazer nos próximos dias. O senador Rodrigues pensa em inquirir a ministra sobre recente sabatina a que ela foi submetida no Congresso, na qual ela teria dito: "Vocês acham que a Dilma nomearia uma ministra com relações com o Ecad?" A se confirmar o conteúdo nos emails trocados entre dirigentes do Ecad, a ministra poderia ter mentido no plenário sobre suas relações com o órgão. "A gente parte do pressuposto de que o que é dito por um ministro de Estado é a verdade, mas o que ela disse não está combinando com os fatos que estão surgindo", afirmou.
Nota do MinC, ontem, dizia o seguinte: "Nessa reta de finalização do anteprojeto que atualiza a Lei de Direitos Autorais, é papel do MinC ter interlocução com todos os segmentos envolvidos no tema. Isso não significa, de maneira alguma, dar abertura para quaisquer tratativas que não as estritamente permitidas e recomendadas pela ética".
O ator José de Abreu, que manteve uma postura ponderada até alguns dias atrás, dizendo torcer pelo sucesso de Ana de Hollanda e de uma agenda positiva, já aderiu também ao movimento pela substituição da ministra. "Conversei com companheiros da base aliada. Parlamentares, membros dos partidos, ministros e ex-ministros. Refleti e cheguei a uma conclusão", disse o ator. "Na semana passada comuniquei à ministra que retirava meu apoio." Segundo Abreu, a Carta Aberta à Presidente Dilma já deveria ter circulado há dois meses, mas ele próprio pediu paciência aos militantes para segurar o documento.
Consultadas, fontes oficiais do MinC dizem considerar tudo uma boataria, plantada por interesses alheios ao debate que se trava no MinC neste momento. Mas os atos da ministra têm provocado reações imediatas. Nota do ministério desmentindo qualquer vinculação da pasta com o Ecad, ontem, indiretamente acusava a gestão anterior, de Juca Ferreira e Gilberto Gil, de não ter feito o debate sobre o direito autoral de forma transparente e democrática. Com isso, a grita contra Ana só fez crescer no Twitter
Cresce a possibilidade concreta de a presidente Dilma Rousseff trocar a chefia do Ministério da Cultura. Após 5 meses à frente da pasta, a ministra Ana de Hollanda dá sinais de esgotamento e isolamento - e fontes do governo dizem que a presidente está incomodada com a "paralisia" no setor cultural. No Congresso Nacional, os deputados da base de apoio ao governo já pressionam fortemente para que seja tomada uma decisão que destrave o MinC - falando abertamente na demissão da ministra.
Ana de Hollanda. Posições a respeito do Ecad ainda estão no centro da polêmica
"Uma pessoa não pode continuar no Ministério da Cultura para barrar uma política que já foi aprovada nas urnas. É isso que está em jogo. Se não existisse uma política construída, poderíamos ter um grau de tolerância maior (em relação à ministra), mas se ela achar que não pode conduzir essa política, deve ser substituída. Senão, pode acabar respingando na presidenta", disse o deputado José Nazareno Cardeal Fonteles, do PT do Piauí.
Fonteles assinou o manifesto que circula na internet, subscrito até ontem por mais de 2 mil pessoas, e que pede mudança urgente nos rumos do MinC. Nazareno integra a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. Ontem, o deputado Alexandre Molon (PT-RJ) pediu uma audiência na Comissão de Educação e Cultura da Câmara para discutir as relações entre o MinC e o Ecad.
Os rumores sobre a queda de Ana de Hollanda tiveram o volume aumentado após revelações, pelo Estado e pelo jornal O Globo, de fraudes no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais (Ecad). A ministra manifestou-se abertamente, repetidas vezes, contra a fiscalização no órgão. O Globo chegou a divulgar emails de dirigentes do Ecad que se referem a uma certa "amiga do Ecad" no MinC.
Em Brasília, dois nomes já foram até cogitados publicamente para substituir Ana de Hollanda. Ambos são seus secretários: Marta Porto e Sérgio Mamberti. O primeiro surgiu no blog do jornalista Renato Rovai, que tem relações próximas no PT e edita a revistaForum. "Uma parte do setor petista que está no Ministério da Cultura tem conversado sobre o nome de Marta Porto, atual secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, para substituir a atual ministra Ana de Holanda", escreveu Rovai.
"Este blogue conversou com diferentes pessoas que foram consultadas sobre o que achavam da substituição. A articulação passa pela sala do presidente da Funarte, Antonio Grassi, que teria se convencido de que não está valendo à pena sustentar Ana de Holanda no cargo. Grassi, um dos principais articuladores do nome de Ana, discordou dela quando da retirada do Creative Commons do site do MinC, mas não levou o debate a público", finaliza o texto.
A contrariedade com a ministra também chegou ao Senado. Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) diz que já há elementos suficientes para pedir uma CPI "sobre as relações do Ministério da Cultura com o Ecad", o que ele pretende fazer nos próximos dias. O senador Rodrigues pensa em inquirir a ministra sobre recente sabatina a que ela foi submetida no Congresso, na qual ela teria dito: "Vocês acham que a Dilma nomearia uma ministra com relações com o Ecad?" A se confirmar o conteúdo nos emails trocados entre dirigentes do Ecad, a ministra poderia ter mentido no plenário sobre suas relações com o órgão. "A gente parte do pressuposto de que o que é dito por um ministro de Estado é a verdade, mas o que ela disse não está combinando com os fatos que estão surgindo", afirmou.
Nota do MinC, ontem, dizia o seguinte: "Nessa reta de finalização do anteprojeto que atualiza a Lei de Direitos Autorais, é papel do MinC ter interlocução com todos os segmentos envolvidos no tema. Isso não significa, de maneira alguma, dar abertura para quaisquer tratativas que não as estritamente permitidas e recomendadas pela ética".
O ator José de Abreu, que manteve uma postura ponderada até alguns dias atrás, dizendo torcer pelo sucesso de Ana de Hollanda e de uma agenda positiva, já aderiu também ao movimento pela substituição da ministra. "Conversei com companheiros da base aliada. Parlamentares, membros dos partidos, ministros e ex-ministros. Refleti e cheguei a uma conclusão", disse o ator. "Na semana passada comuniquei à ministra que retirava meu apoio." Segundo Abreu, a Carta Aberta à Presidente Dilma já deveria ter circulado há dois meses, mas ele próprio pediu paciência aos militantes para segurar o documento.
Consultadas, fontes oficiais do MinC dizem considerar tudo uma boataria, plantada por interesses alheios ao debate que se trava no MinC neste momento. Mas os atos da ministra têm provocado reações imediatas. Nota do ministério desmentindo qualquer vinculação da pasta com o Ecad, ontem, indiretamente acusava a gestão anterior, de Juca Ferreira e Gilberto Gil, de não ter feito o debate sobre o direito autoral de forma transparente e democrática. Com isso, a grita contra Ana só fez crescer no Twitter
quarta-feira, 4 de maio de 2011
CONVOCAÇÃO DOS SÓCIOS E SIMPATIZANTES - ASSOCIAÇÃO ANJO AZUL
ASSEMBLEIA GERAL
ELEIÇÃO NOVA DIRETORIA - biênio 2011 2013
ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA ANJO AZUL
06 DE MAIO 2011
Rua Gabriel Malagrida, 54 imediações da Praça joão pessao e Faculdade de Direito
centro histórico - João Pessoa Paraíba
17:00hs
ELEIÇÃO NOVA DIRETORIA - biênio 2011 2013
ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA ANJO AZUL
06 DE MAIO 2011
Rua Gabriel Malagrida, 54 imediações da Praça joão pessao e Faculdade de Direito
centro histórico - João Pessoa Paraíba
17:00hs
segunda-feira, 2 de maio de 2011
CARTA À EXCELENTÍSSIMA PRESIDENTA DILMA ROUSSEF
... cobrando coerência na política cultural
http://www.mobilizacultura.org/
Carta à Excelentíssima Presidenta Dilma Rousseff
Excelentíssima Presidenta Dilma Rousseff,
Esta carta é uma manifestação de pessoas e organizações da sociedade civil e busca expressar nosso extremo desconforto com as mudanças ocorridas no campo das políticas culturais, zerando oito anos de acúmulo de discussões e avanços que deram visibilidade e interlocução a um Ministério até então subalterno. Frustrando aqueles que viam no simbolismo da nomeação da primeira mulher Ministra da Cultura do Brasil a confirmação de uma vitória, essa gestão rapidamente se encarregou de desconstruir não só as conquistas da gestão anterior, mas principalmente o inédito, amplo e produtivo ambiente de debate que havia se estabelecido.
Os signatários desta carta acreditam na continuidade e no aprofundamento das políticas bem-sucedidas do governo Lula. Essas políticas estão sintetizadas no Plano Nacional de Cultura, fruto de extenso processo de consultas públicas que foi transformado em lei sancionada pelo presidente, e que agora está sendo ignorado pela ministra. Afirmamos que, se a gestão anterior teve acertos, foi por procurar aproximar o Ministério das forças vivas da cultura, compreendendo que há um novo protagonismo por parte de indivíduos, grupos e populações até então tidos como “periféricos”, entendendo as extraordinárias possibilidades da Cultura Digital. Essa não é apenas uma discussão sobre ferramental tecnológico e jurídico, mas sobre todo um novo contexto criativo e cultural, pois essas tecnologias têm sido apropriadas e reinventadas em alguma medida por esses novos atores. É nesse território fundamental, da inserção da Cultura Digital no centro das discussões de políticas culturais do Ministério e da busca da capilaridade de programas como o Cultura Viva, com os Pontos de Cultura, que a Ministra sinalizou firmemente um retrocesso.
Ao bloquear o processo de reforma da lei dos Direitos Autorais, ignorando as manifestações recebidas durante 6 anos de debates, 150 reuniões realizadas em todo o país, 9 seminários nacionais e internacionais, 75 dias de consulta pública através da internet que receberam 7863 contribuições, a Ministra afronta todo um enorme esforço democrático de compreensão e elaboração. Se há uma explicação constrangedora nessa urgência em barrar uma dinâmica política tão saudável, é a de vir em socorro a instituições ameaçadas em seus privilégios, como o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) e as associações que o compõem, que apoiaram de forma explícita e decidida as políticas culturais e o candidato derrotado no pleito eleitoral presidencial.
Mas esse “socorro”, como dissemos, se dá ao arrepio da Lei 12.343 de 2 de dezembro de 2010, que aprovou o PNC, estabelecendo claramente a obrigação de reforma da Lei dos Direitos Autorais (conforme os itens 1.9.1 e 1.9.2 que determinam “criar instituição especificamente voltada à promoção e regulação de direitos autorais e suas atividades de arrecadação e distribuição” e “revisar a legislação brasileira sobre direitos autorais, com vistas em equilibrar os interesses dos criadores, investidores e usuários, estabelecendo relações contratuais mais justas e critérios mais transparentes de arrecadação e distribuição”). Ao afirmar que o texto da lei é “ditatorial” e que a proposta construída durante o governo Lula é “controversa” e não atende os “interesses dos autores”, a Ministra deliberadamente mistura o interesse dos criadores com o dos intermediários, e contrabandeia para o seio do governo Dilma precisamente as posições derrotadas com a eleição da Presidenta.
A questão da retirada da licença Creative Commons do portal do MinC também merece ser mencionada, por seu simbolismo. O Ministério da Cultura do governo Lula foi pioneiro em reconhecer que as leis de direito de autor estão em descompasso com as práticas desta época, e que seria imperioso aprimorá-las em favor dos criadores e do amplo acesso à cultura. Esse avanço foi expresso no PNC no item 1.9.13, que prevê ”incentivar e fomentar o desenvolvimento de produtos e conteúdos culturais intensivos em conhecimento e tecnologia, em especial sob regimes flexíveis de propriedade intelectual”. Ao contrário do que tem dito a ministra, as licenças CC e similares visam regular a forma de remuneração do artista, e não impedi-la. Elas buscam ampliar o poder do autor em relação à sua obra e adaptar-se às novas formas de produção, distribuição e remuneração, aos novos modelos de negócio que essas tecnologias possibilitam.
Assim, entendemos que as iniciativas da atual gestão do Ministério da Cultura não são fiéis nem à sua campanha presidencial, nem ao Plano Nacional de Cultura e nem à discussão acumulada, representando, na melhor das hipóteses, um voluntarismo desinformado e desastroso, e na pior delas um retrocesso deliberado. Apoiamos a Presidenta Dilma Rousselff em sua manifestada intenção de continuar valorizando e promovendo a cultura brasileira, fortalecendo uma liderança global em discussões onde a nossa postura inovadora vinha se destacando dos modelos conservadores pregados pela indústrias cultural hegemônica dos Estados e da Europa. Não à toa, os Ministérios da Cultura e das Relações Exteriores assumiram a liderança munidal na aprovação da Convenção da Diversidade Cultural, que se constituiu em elemendo fundamental para a promoção da autonomia dos grupos culturais, reconhecendo as tecnologias desenvolvidas pela sociedade e garantindo seu acesso, como o discurso do próprio Minc apontada em 2009.
Nesse sentido, é necessário que o Ministério da Cultura se coadune à perspectiva deste governo. Os signatários desta Carta Aberta solicitam uma audiência com a presidência, com o objetivo de debater a orientação das políticas culturais do governo Dilma. Não se trata de questões pontuais, mas de concepção, de orientação política do mandato que, no campo da cultura, vem constrangendo aqueles que trabalham pela continuidade e ampliação das políticas construídas ao longo do governo Lula.
Signatários – Entidades e Pessoas que elaboraram a Carta
Fora do Eixo – www.foradoeixo.org.br
GPOPAI – Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação – www.gpopai.usp.br
Casa da Cultura Digital – www.casadaculturadigital.com.br
Transparência Hacker - http://thacker.com.br/
IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – www.idec.org.br
NEDAC – Núcleo de Estudos e Pesquisa em Direito, Artes e Políticas Culturais – www.nedac.com.br
Móveis Coloniais de Acaju – www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br
PILOTIS – Associação Pilotis Para Trabalho em Arte e Cultura
CBAC-DF – Comissão de Bandas e Artistas Circulantes do Distrito Federal
Laboratório Brasileiro de Cultura Digital
Teia Casa de Criação – www.teia.org.br
Centro do Teatro do Oprimido – www.ctorio.org.br
Pontão de Cultura Nós Digitais – nosdigitais.teia.org.br
Coletivo Digital – www.coletivodigital.org.br
Movimento Partido da Cultura – partidodacultura.blogspot.com
Revista Fórum – www.revistaforum.com.br
Ajuntaê | Campinas (SP) http://coletivoajuntae.blogspot.com/
Alona Cultural I Londrina (PR) www.acenalondrina.blogspot.com
Amerê Coletivo I São Paulo (SP) www.toquenobrasil.com.br
Associação do Rock do Sertão da Paraíba | Cajazeiras (PB)
Bigorna Produções I Campo Grande (MS) www.bigornaproducoes.blogspot.com
Canoa Cultural I Boa Vista (RR) www.tomarrock.com
Casarão Cultural Floresta Sonora (PA)
CECAC | Serrana (SP) http://parquimcecac.org/
Centro Cultural DoSol | Natal (RN) www.dosol.com.br
Cidadão do Mundo I São Caetano (SP) www.cidadaodomundo.org.br
Cidadela | Rio de Janeiro (RJ)
Coletivo 77 l Barbacena (MG)
Coletivo A Margem | Itabirito (MG)
Coletivo Arrastão | Belo Horizonte (MG)
Coletivo Brejo I Piracanjuba (GO) http://coletivodobrejo.blogspot.com
Coletivo Catraia I Rio Branco (AC) www.coletivocatraia.blogspot.com
Coletivo Colcheia l Sete Lagoas (MG) http://coletivocolcheia.blogspot.com/
Coletivo Cuia | Manaus (AM)
Coletivo Cultcha I Taguatinga (DF) www.coletivocultcha.blogspot.com
Coletivo Cumbuca Cultural | Teresina (PI)
Coletivo Difusão I Manaus (AM) http://foradoeixo.org.br/coletivo-difusao
Coletivo Esquina I Brasília (DF) www.coletivoesquina.wordpress.com
Coletivo Goiaba Rock I Inhumas (GO) www.goiabarock.blogspot.com
Coletivo Goma I Uberlândia (MG) www.gomamg.blogspot.com
Coletivo Megafônica I Belém (PA) www.megafonica.blogspot.com
Coletivo Megalozebu I Uberaba (MG) www.megalozebu.blogspot.com
Coletivo Multi | Vitória (ES) http://coletivomulti.org/
Coletivo Mundo I João Pessoa (PB) www.coletivomundo.com.br
Coletivo Natora I Campina Grande (PB) www.natoracoletivo.com.br
Coletivo Palafita I Macapá (AP) www.coletivopalafita.blogspot.com
Coletivo Pegada I Belo Horizonte (MG) www.coletivopegada.org
Coletivo Peleja I Patos de Minas (MG) www.coletivopeleja.blogspot.com
Coletivo Pequi I Anápolis (GO) www.coletivopequi.wordpress.com
Coletivo Popfuzz I Maceió (AL) www.popfuzz.com.br
Coletivo Retomada I Montes Claros (MG) www.retomadamoc.blogspot.com
Coletivo Sem Paredes l Juíz de Fora (MG)
Coletivo Semifusa I Ribeirão das Neves (MG) www.coletivosemifusa.blogspot.com
Coletivo Suíça Baiana | Vitória da Conquista (BA)
Coletivo Vatos I Vespasiano (MG) www.coletivoazimute.wordpress.com
Coletivo Vilhena Rock I Vilhena (RO) www.vilhenarockzine.blogspot.com
Colméia Coletivo I Araraquara (SP) colmeiascoletivo.blogspot.com/
Corrente Cultural | Poços de Caldas (MG)
Edith Cultura | Bragança Paulista (SP) http://espacoedithcultura.blogspot.com/
Enxame Coletivo I Bauru (SP) www.enxamecoletivo.org
Espaço Cubo I Cuiabá (MT) www.espacocubo.org.br
Extremo Rock Sul I Porto Alegre (RS) www.associacaosonarcultural.wordpress.com
Feira Coletivo | Feira de Santana (BA) http://feiracoletivo.blogspot.com/
Fósforo Cultural I Goiânia (GO) www.fosforocultural.com.br
Fuligem | Ribeirão Preto (SP) http://coletivofuligem.zzl.org/
Guerrilha Gig | Franca (SP) http://blog.guerrilhagig.com/
Instituto Cultural Fórceps I Sabará (MG) www.forceps.com.br
Interior Alternativo I Ji Paraná (RO) www.interioralternativo.blogspot.com
Lumo Coletivo I Recife (PE) www.lumocoletivo.org
Macondo Coletivo I Santa Maria (RS) www.macondocoletivo.wordpress.com
Maiêutica | Paraibuna (SP) http://www.coletivomaieutica.blogspot.com/
Massa Coletiva I São Carlos (SP) foradoeixo.org.br/massacoletiva
Matula Sonora | Lavras (MG) www.matulasonora.blogspot.com
Pé de Cabra | Ipatinga (MG) http://www.rodavivadecultura.com.br
Ponte Plural (RJ) www.arariboiarock.com.br/
PVH Caos I Porto Velho (RO)
Quina Cultural I Salvador (BA) http://quinacultural.blogspot.com
Rasgada I Sorocaba (SP) rasgadacoletiva.com.br
Redecem I Fortaleza (CE) www.redecem.wordpress.com
Satolep | Pelotas (RS)
Casa Fora do Eixo São Paulo – casa.foradoeixo.org.br
Abrafin – Associação Brasileira dos Festivais Independentes – www.abrafin.com.br
Rede Universidade Nômade http://www.universidadenomade.org.br/
Revista Global/Brasil http://www.revistaglobalbrasil.com.br/
GP Cult – Grupo de Pesquisa em Direitos Autorais e Acesso à Cultura (ITR/UFRRJ) http://www.gpcult.org
Coletivo Soylocoporti
Associação Cultural Dynamite
Escola de Comunicação da UFRJ
Pontão de Cultura Digital da ECO-UFRJ
OutroRock - http://outrorockbh.tumblr.com/
COMUM – Cooperativa da Música de Minas
Movimento Nova Cena (BH) - www.movimentonovacena.wordpress.com
Diretório Acadêmico Antônio Francisco Lisboa – EBA – UFMG – BH
Diretório Acadêmico Escola de Música da UFMG -BH - http://www.damusicaufmg.blogspot.com/
A Gente Se Fala Produções Artísticas Ltda – www.agentesefala.com.br
Associação Filmes de Quintal – MG – organizadora do forumdoc.bh
Comunidade educacional de Pirenópolis – COEPi-GO - www.coepi.org.br
Pontão de articulação da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura - www.pontosdecultura.org.br
Cooperativa de serviços e Ideias Ambientais - Ecoodeia - www.ecooideia.org.br
Instituto Global Comunitário IGC – Inhumas -GO
Ponto de Cultura Casa de Maria
Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Festival Literário de Londrina
Coletivo Intervozes
Alex Antunes – Jornalista
Cláudio Prado – Laboratório Brasileiro de Cultura Digital
Pablo Capilé – Fora do Eixo
Pablo Ortellado – GPOPAI
Rodrigo Savazoni – Casa da Cultura Digital
Ladislau Dowbor – Economista
Oona Castro – Overmundo
Paulo Rená
Adriano Belisário - adrianobf@gmail.com – Pontão da ECO
Giuliano Djahjah Bonorandi - boreste@gmail.com – Pontão da ECO
Julio Braga – uliobraga69@gmail.com – Pontão da ECO
Marcelo Alvo – Rede Griô
Geo Britto – Ponto de Cultura
Caio Motta – Coletivo Difusão/Fora do Eixo
Leonardo Barbosa Rossato – Fora do Eixo/Partido da Cultura
Marcus Franchi – Colaborador Fora do Eixo
Samir Raoni – Ponto de Cultura/ Fora do Eixo
Rafael Rolim – Fora do Eixo
Alexandre Santini – Ponto de Cultura
Juliana Pagu – Rede Mulher
Talles Lopes – Abrafin
Fábio Pedroza – Móveis Coloniais de Acaju
Esdras Nogueira – Móveis Coloniais de Acaju
Heluana Quintas – Assessora Senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
Otto Ramos – Fora do Eixo
Tarciana Portella
Marcelo Alvo – Rede Griô - marcelodashistorias@gmail.com
Sergio Branco – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Pedro Francisco – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Koichi Kameda – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Ronaldo Lemos – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Marília Maciel – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Bruno Magrani – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Eduardo Magrani – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Paula Martini – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Pedro Mizukami – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Luiz Fernando Marrey Moncau – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Arthur Protasio – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Jhessica Reia – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Carlos Affonso Pereira de Souza – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Pedro Markun – Transparência Hacker
Daniela B. Silva – Transparência Hacker
Lilian Starobinas – Transparência Hacker
Leandro Salvador – Transparência Hacker
Barbara Szaniecki – Revista Global/Ponto de Mídia Livre – www.revistaglobalbrasil.com.br
Allan Rocha de Souza – Advogado e Professor
Leandro Mendonça – Advogado e Professor
Messias Bandeira – UFBA
Juliana Nolasco
Ale Youssef – Studio SP
Guilherme Rosa Varella – IDEC
Ivana Bentes – UFRJ
Ricardo Targino – Cineasta
Fábio Maleronka – Casa da Cultura Digital
Sergio Amadeu – Sociólogo e militante do Software Livre
Felipe Altenfelder – Fora do Eixo
Idelber Avelar – Professor de Literatura Latino-Americana – Tulane University
Fabiana Motroni – Publicitária, escritora, ciberativista - Hub São Paulo / BlogueirasFeministas.com
Leoni - leoni@outrofuturo.com.br – cantor, compositor e músico
Dudu Falcão - ddfalcao@terra.com.br – compositor
Carlos Mills - carlosmills@gmail.com – produtor
Mu Carvalho - mu.carvalho@globo.com – compositor, arranjador e músico
Felipe Radicetti - felipe.radicetti@gmail.com - cantor e compositor
Tim Rescala - tim@timrescala.com.br - compositor e arranjador
Pierre Aderne - pierreaderne@gmail.com – cantor e compositor
Makely Ka - makelyka@yahoo.com.br - compositor
Uirá Porã – Articulador Cultural
Nelson Pretto – Professor
Giuseppe Cocco – Prof. Titular UFRJ
Renato Rovai – Jornalista
Cristiano Therrien – Advogado e professor de Direito Autoral
Rodrigo Otávio Tavares – Só Som Salva – Criolina
Beth Moura – Verdura Produções – Curitiba – PR
Rachel Braggato – Coletivo Soylocoporti
Érico Massoli – Coletivo Soylocoporti / Pontão de Cultura Kuai Tema
Diego Casaes – Transparência Hacker
Cezar Migliorin – Professor – Universidade Federal Fluminese
Bruno Cava – Escritor e mestrando em filosofia do direito pela UERJ
Daniel Rubens Miranda – Instituto Global Comunitário IGC / Inhumas -GO
Sebastião Donato Cirilo – Instituto Global Comunitário IGC / Inhumas -GO
Patricia Ferraz da Cruz - Diretora Presidente da COEPi - @patpiri - patriciaferraz007@gmail.com,
Jussara Pereira Pinto - Produtora da COEPi e do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros - jussarapinto@gmail.com,
http://www.mobilizacultura.org/
Carta à Excelentíssima Presidenta Dilma Rousseff
Excelentíssima Presidenta Dilma Rousseff,
Esta carta é uma manifestação de pessoas e organizações da sociedade civil e busca expressar nosso extremo desconforto com as mudanças ocorridas no campo das políticas culturais, zerando oito anos de acúmulo de discussões e avanços que deram visibilidade e interlocução a um Ministério até então subalterno. Frustrando aqueles que viam no simbolismo da nomeação da primeira mulher Ministra da Cultura do Brasil a confirmação de uma vitória, essa gestão rapidamente se encarregou de desconstruir não só as conquistas da gestão anterior, mas principalmente o inédito, amplo e produtivo ambiente de debate que havia se estabelecido.
Os signatários desta carta acreditam na continuidade e no aprofundamento das políticas bem-sucedidas do governo Lula. Essas políticas estão sintetizadas no Plano Nacional de Cultura, fruto de extenso processo de consultas públicas que foi transformado em lei sancionada pelo presidente, e que agora está sendo ignorado pela ministra. Afirmamos que, se a gestão anterior teve acertos, foi por procurar aproximar o Ministério das forças vivas da cultura, compreendendo que há um novo protagonismo por parte de indivíduos, grupos e populações até então tidos como “periféricos”, entendendo as extraordinárias possibilidades da Cultura Digital. Essa não é apenas uma discussão sobre ferramental tecnológico e jurídico, mas sobre todo um novo contexto criativo e cultural, pois essas tecnologias têm sido apropriadas e reinventadas em alguma medida por esses novos atores. É nesse território fundamental, da inserção da Cultura Digital no centro das discussões de políticas culturais do Ministério e da busca da capilaridade de programas como o Cultura Viva, com os Pontos de Cultura, que a Ministra sinalizou firmemente um retrocesso.
Ao bloquear o processo de reforma da lei dos Direitos Autorais, ignorando as manifestações recebidas durante 6 anos de debates, 150 reuniões realizadas em todo o país, 9 seminários nacionais e internacionais, 75 dias de consulta pública através da internet que receberam 7863 contribuições, a Ministra afronta todo um enorme esforço democrático de compreensão e elaboração. Se há uma explicação constrangedora nessa urgência em barrar uma dinâmica política tão saudável, é a de vir em socorro a instituições ameaçadas em seus privilégios, como o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) e as associações que o compõem, que apoiaram de forma explícita e decidida as políticas culturais e o candidato derrotado no pleito eleitoral presidencial.
Mas esse “socorro”, como dissemos, se dá ao arrepio da Lei 12.343 de 2 de dezembro de 2010, que aprovou o PNC, estabelecendo claramente a obrigação de reforma da Lei dos Direitos Autorais (conforme os itens 1.9.1 e 1.9.2 que determinam “criar instituição especificamente voltada à promoção e regulação de direitos autorais e suas atividades de arrecadação e distribuição” e “revisar a legislação brasileira sobre direitos autorais, com vistas em equilibrar os interesses dos criadores, investidores e usuários, estabelecendo relações contratuais mais justas e critérios mais transparentes de arrecadação e distribuição”). Ao afirmar que o texto da lei é “ditatorial” e que a proposta construída durante o governo Lula é “controversa” e não atende os “interesses dos autores”, a Ministra deliberadamente mistura o interesse dos criadores com o dos intermediários, e contrabandeia para o seio do governo Dilma precisamente as posições derrotadas com a eleição da Presidenta.
A questão da retirada da licença Creative Commons do portal do MinC também merece ser mencionada, por seu simbolismo. O Ministério da Cultura do governo Lula foi pioneiro em reconhecer que as leis de direito de autor estão em descompasso com as práticas desta época, e que seria imperioso aprimorá-las em favor dos criadores e do amplo acesso à cultura. Esse avanço foi expresso no PNC no item 1.9.13, que prevê ”incentivar e fomentar o desenvolvimento de produtos e conteúdos culturais intensivos em conhecimento e tecnologia, em especial sob regimes flexíveis de propriedade intelectual”. Ao contrário do que tem dito a ministra, as licenças CC e similares visam regular a forma de remuneração do artista, e não impedi-la. Elas buscam ampliar o poder do autor em relação à sua obra e adaptar-se às novas formas de produção, distribuição e remuneração, aos novos modelos de negócio que essas tecnologias possibilitam.
Assim, entendemos que as iniciativas da atual gestão do Ministério da Cultura não são fiéis nem à sua campanha presidencial, nem ao Plano Nacional de Cultura e nem à discussão acumulada, representando, na melhor das hipóteses, um voluntarismo desinformado e desastroso, e na pior delas um retrocesso deliberado. Apoiamos a Presidenta Dilma Rousselff em sua manifestada intenção de continuar valorizando e promovendo a cultura brasileira, fortalecendo uma liderança global em discussões onde a nossa postura inovadora vinha se destacando dos modelos conservadores pregados pela indústrias cultural hegemônica dos Estados e da Europa. Não à toa, os Ministérios da Cultura e das Relações Exteriores assumiram a liderança munidal na aprovação da Convenção da Diversidade Cultural, que se constituiu em elemendo fundamental para a promoção da autonomia dos grupos culturais, reconhecendo as tecnologias desenvolvidas pela sociedade e garantindo seu acesso, como o discurso do próprio Minc apontada em 2009.
Nesse sentido, é necessário que o Ministério da Cultura se coadune à perspectiva deste governo. Os signatários desta Carta Aberta solicitam uma audiência com a presidência, com o objetivo de debater a orientação das políticas culturais do governo Dilma. Não se trata de questões pontuais, mas de concepção, de orientação política do mandato que, no campo da cultura, vem constrangendo aqueles que trabalham pela continuidade e ampliação das políticas construídas ao longo do governo Lula.
Signatários – Entidades e Pessoas que elaboraram a Carta
Fora do Eixo – www.foradoeixo.org.br
GPOPAI – Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação – www.gpopai.usp.br
Casa da Cultura Digital – www.casadaculturadigital.com.br
Transparência Hacker - http://thacker.com.br/
IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – www.idec.org.br
NEDAC – Núcleo de Estudos e Pesquisa em Direito, Artes e Políticas Culturais – www.nedac.com.br
Móveis Coloniais de Acaju – www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br
PILOTIS – Associação Pilotis Para Trabalho em Arte e Cultura
CBAC-DF – Comissão de Bandas e Artistas Circulantes do Distrito Federal
Laboratório Brasileiro de Cultura Digital
Teia Casa de Criação – www.teia.org.br
Centro do Teatro do Oprimido – www.ctorio.org.br
Pontão de Cultura Nós Digitais – nosdigitais.teia.org.br
Coletivo Digital – www.coletivodigital.org.br
Movimento Partido da Cultura – partidodacultura.blogspot.com
Revista Fórum – www.revistaforum.com.br
Ajuntaê | Campinas (SP) http://coletivoajuntae.blogspot.com/
Alona Cultural I Londrina (PR) www.acenalondrina.blogspot.com
Amerê Coletivo I São Paulo (SP) www.toquenobrasil.com.br
Associação do Rock do Sertão da Paraíba | Cajazeiras (PB)
Bigorna Produções I Campo Grande (MS) www.bigornaproducoes.blogspot.com
Canoa Cultural I Boa Vista (RR) www.tomarrock.com
Casarão Cultural Floresta Sonora (PA)
CECAC | Serrana (SP) http://parquimcecac.org/
Centro Cultural DoSol | Natal (RN) www.dosol.com.br
Cidadão do Mundo I São Caetano (SP) www.cidadaodomundo.org.br
Cidadela | Rio de Janeiro (RJ)
Coletivo 77 l Barbacena (MG)
Coletivo A Margem | Itabirito (MG)
Coletivo Arrastão | Belo Horizonte (MG)
Coletivo Brejo I Piracanjuba (GO) http://coletivodobrejo.blogspot.com
Coletivo Catraia I Rio Branco (AC) www.coletivocatraia.blogspot.com
Coletivo Colcheia l Sete Lagoas (MG) http://coletivocolcheia.blogspot.com/
Coletivo Cuia | Manaus (AM)
Coletivo Cultcha I Taguatinga (DF) www.coletivocultcha.blogspot.com
Coletivo Cumbuca Cultural | Teresina (PI)
Coletivo Difusão I Manaus (AM) http://foradoeixo.org.br/coletivo-difusao
Coletivo Esquina I Brasília (DF) www.coletivoesquina.wordpress.com
Coletivo Goiaba Rock I Inhumas (GO) www.goiabarock.blogspot.com
Coletivo Goma I Uberlândia (MG) www.gomamg.blogspot.com
Coletivo Megafônica I Belém (PA) www.megafonica.blogspot.com
Coletivo Megalozebu I Uberaba (MG) www.megalozebu.blogspot.com
Coletivo Multi | Vitória (ES) http://coletivomulti.org/
Coletivo Mundo I João Pessoa (PB) www.coletivomundo.com.br
Coletivo Natora I Campina Grande (PB) www.natoracoletivo.com.br
Coletivo Palafita I Macapá (AP) www.coletivopalafita.blogspot.com
Coletivo Pegada I Belo Horizonte (MG) www.coletivopegada.org
Coletivo Peleja I Patos de Minas (MG) www.coletivopeleja.blogspot.com
Coletivo Pequi I Anápolis (GO) www.coletivopequi.wordpress.com
Coletivo Popfuzz I Maceió (AL) www.popfuzz.com.br
Coletivo Retomada I Montes Claros (MG) www.retomadamoc.blogspot.com
Coletivo Sem Paredes l Juíz de Fora (MG)
Coletivo Semifusa I Ribeirão das Neves (MG) www.coletivosemifusa.blogspot.com
Coletivo Suíça Baiana | Vitória da Conquista (BA)
Coletivo Vatos I Vespasiano (MG) www.coletivoazimute.wordpress.com
Coletivo Vilhena Rock I Vilhena (RO) www.vilhenarockzine.blogspot.com
Colméia Coletivo I Araraquara (SP) colmeiascoletivo.blogspot.com/
Corrente Cultural | Poços de Caldas (MG)
Edith Cultura | Bragança Paulista (SP) http://espacoedithcultura.blogspot.com/
Enxame Coletivo I Bauru (SP) www.enxamecoletivo.org
Espaço Cubo I Cuiabá (MT) www.espacocubo.org.br
Extremo Rock Sul I Porto Alegre (RS) www.associacaosonarcultural.wordpress.com
Feira Coletivo | Feira de Santana (BA) http://feiracoletivo.blogspot.com/
Fósforo Cultural I Goiânia (GO) www.fosforocultural.com.br
Fuligem | Ribeirão Preto (SP) http://coletivofuligem.zzl.org/
Guerrilha Gig | Franca (SP) http://blog.guerrilhagig.com/
Instituto Cultural Fórceps I Sabará (MG) www.forceps.com.br
Interior Alternativo I Ji Paraná (RO) www.interioralternativo.blogspot.com
Lumo Coletivo I Recife (PE) www.lumocoletivo.org
Macondo Coletivo I Santa Maria (RS) www.macondocoletivo.wordpress.com
Maiêutica | Paraibuna (SP) http://www.coletivomaieutica.blogspot.com/
Massa Coletiva I São Carlos (SP) foradoeixo.org.br/massacoletiva
Matula Sonora | Lavras (MG) www.matulasonora.blogspot.com
Pé de Cabra | Ipatinga (MG) http://www.rodavivadecultura.com.br
Ponte Plural (RJ) www.arariboiarock.com.br/
PVH Caos I Porto Velho (RO)
Quina Cultural I Salvador (BA) http://quinacultural.blogspot.com
Rasgada I Sorocaba (SP) rasgadacoletiva.com.br
Redecem I Fortaleza (CE) www.redecem.wordpress.com
Satolep | Pelotas (RS)
Casa Fora do Eixo São Paulo – casa.foradoeixo.org.br
Abrafin – Associação Brasileira dos Festivais Independentes – www.abrafin.com.br
Rede Universidade Nômade http://www.universidadenomade.org.br/
Revista Global/Brasil http://www.revistaglobalbrasil.com.br/
GP Cult – Grupo de Pesquisa em Direitos Autorais e Acesso à Cultura (ITR/UFRRJ) http://www.gpcult.org
Coletivo Soylocoporti
Associação Cultural Dynamite
Escola de Comunicação da UFRJ
Pontão de Cultura Digital da ECO-UFRJ
OutroRock - http://outrorockbh.tumblr.com/
COMUM – Cooperativa da Música de Minas
Movimento Nova Cena (BH) - www.movimentonovacena.wordpress.com
Diretório Acadêmico Antônio Francisco Lisboa – EBA – UFMG – BH
Diretório Acadêmico Escola de Música da UFMG -BH - http://www.damusicaufmg.blogspot.com/
A Gente Se Fala Produções Artísticas Ltda – www.agentesefala.com.br
Associação Filmes de Quintal – MG – organizadora do forumdoc.bh
Comunidade educacional de Pirenópolis – COEPi-GO - www.coepi.org.br
Pontão de articulação da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura - www.pontosdecultura.org.br
Cooperativa de serviços e Ideias Ambientais - Ecoodeia - www.ecooideia.org.br
Instituto Global Comunitário IGC – Inhumas -GO
Ponto de Cultura Casa de Maria
Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Festival Literário de Londrina
Coletivo Intervozes
Alex Antunes – Jornalista
Cláudio Prado – Laboratório Brasileiro de Cultura Digital
Pablo Capilé – Fora do Eixo
Pablo Ortellado – GPOPAI
Rodrigo Savazoni – Casa da Cultura Digital
Ladislau Dowbor – Economista
Oona Castro – Overmundo
Paulo Rená
Adriano Belisário - adrianobf@gmail.com – Pontão da ECO
Giuliano Djahjah Bonorandi - boreste@gmail.com – Pontão da ECO
Julio Braga – uliobraga69@gmail.com – Pontão da ECO
Marcelo Alvo – Rede Griô
Geo Britto – Ponto de Cultura
Caio Motta – Coletivo Difusão/Fora do Eixo
Leonardo Barbosa Rossato – Fora do Eixo/Partido da Cultura
Marcus Franchi – Colaborador Fora do Eixo
Samir Raoni – Ponto de Cultura/ Fora do Eixo
Rafael Rolim – Fora do Eixo
Alexandre Santini – Ponto de Cultura
Juliana Pagu – Rede Mulher
Talles Lopes – Abrafin
Fábio Pedroza – Móveis Coloniais de Acaju
Esdras Nogueira – Móveis Coloniais de Acaju
Heluana Quintas – Assessora Senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
Otto Ramos – Fora do Eixo
Tarciana Portella
Marcelo Alvo – Rede Griô - marcelodashistorias@gmail.com
Sergio Branco – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Pedro Francisco – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Koichi Kameda – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Ronaldo Lemos – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Marília Maciel – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Bruno Magrani – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Eduardo Magrani – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Paula Martini – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Pedro Mizukami – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Luiz Fernando Marrey Moncau – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Arthur Protasio – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Jhessica Reia – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Carlos Affonso Pereira de Souza – Centro de Tecnologia e Sociedade, FGV Direito Rio
Pedro Markun – Transparência Hacker
Daniela B. Silva – Transparência Hacker
Lilian Starobinas – Transparência Hacker
Leandro Salvador – Transparência Hacker
Barbara Szaniecki – Revista Global/Ponto de Mídia Livre – www.revistaglobalbrasil.com.br
Allan Rocha de Souza – Advogado e Professor
Leandro Mendonça – Advogado e Professor
Messias Bandeira – UFBA
Juliana Nolasco
Ale Youssef – Studio SP
Guilherme Rosa Varella – IDEC
Ivana Bentes – UFRJ
Ricardo Targino – Cineasta
Fábio Maleronka – Casa da Cultura Digital
Sergio Amadeu – Sociólogo e militante do Software Livre
Felipe Altenfelder – Fora do Eixo
Idelber Avelar – Professor de Literatura Latino-Americana – Tulane University
Fabiana Motroni – Publicitária, escritora, ciberativista - Hub São Paulo / BlogueirasFeministas.com
Leoni - leoni@outrofuturo.com.br – cantor, compositor e músico
Dudu Falcão - ddfalcao@terra.com.br – compositor
Carlos Mills - carlosmills@gmail.com – produtor
Mu Carvalho - mu.carvalho@globo.com – compositor, arranjador e músico
Felipe Radicetti - felipe.radicetti@gmail.com - cantor e compositor
Tim Rescala - tim@timrescala.com.br - compositor e arranjador
Pierre Aderne - pierreaderne@gmail.com – cantor e compositor
Makely Ka - makelyka@yahoo.com.br - compositor
Uirá Porã – Articulador Cultural
Nelson Pretto – Professor
Giuseppe Cocco – Prof. Titular UFRJ
Renato Rovai – Jornalista
Cristiano Therrien – Advogado e professor de Direito Autoral
Rodrigo Otávio Tavares – Só Som Salva – Criolina
Beth Moura – Verdura Produções – Curitiba – PR
Rachel Braggato – Coletivo Soylocoporti
Érico Massoli – Coletivo Soylocoporti / Pontão de Cultura Kuai Tema
Diego Casaes – Transparência Hacker
Cezar Migliorin – Professor – Universidade Federal Fluminese
Bruno Cava – Escritor e mestrando em filosofia do direito pela UERJ
Daniel Rubens Miranda – Instituto Global Comunitário IGC / Inhumas -GO
Sebastião Donato Cirilo – Instituto Global Comunitário IGC / Inhumas -GO
Patricia Ferraz da Cruz - Diretora Presidente da COEPi - @patpiri - patriciaferraz007@gmail.com,
Jussara Pereira Pinto - Produtora da COEPi e do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros - jussarapinto@gmail.com,
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