domingo, 26 de setembro de 2010

PARA A CULTURA PARAIBANA

O meu amigo vento

Postado por Reginaldo Marinho em 26/09/10 as 10:54

O meu amigo vento não veio me procurar, porque multidões ele foi arrastar. É assim que o compositor Zé Ramalho vive há décadas: arrastando multidões por onde quer que vá. Naquela noite de sua homenagem, nas areias do Cabo Branco, diante daquelas ondas, eu fui ver o meu amigo vento. Ele estava lá, forte e intenso como a rocha de Brejo do Cruz que domina a paisagem da cidade e a supera em energia magnética.

Zé Ramalho encanta fãs pelo Brasil inteiro com as mesmas canções que a Paraíba não quis reconhecer no início de sua carreira como Chão de Giz, Avohai, Vila do Sossego, Garoto de Aluguel e tantas outras que são referências da moderna música popular brasileira.

Zé acostumou-se a arrastar multidões desde que saiu da Paraíba para mostrar o seu talento, há mais de trinta anos no sul maravilha. Um reconhecimento que é negado a qualquer paraibano por causa de um fenômeno que nos atinge profundamente: somos uma sociedade colonizada. A falta de políticas que afirmem a nossa identidade e a própria capacidade de gerar produtos culturais de excelente qualidade nos faz dependentes de organizações sociais mais poderosas economicamente, localizadas no Sudeste, que terminam induzindo o que devemos consumir em matéria de cultura.

O triunfo de Zé Ramalho e o respectivo desprezo pelo seu talento, antes do sucesso externo, é um poderoso emblema de nossa mediocridade causada pela ausência de um instrumento capaz de promover a excelência da produção cultural da Paraíba.


Tomemos como exemplo a Bahia. Desde a década de sessenta, nas gestões de ACM como prefeito de Salvador e governador do Estado, respectivamente, que a Bahia estimula fortemente as atividades culturais. Além de fortalecimento da autoestima da população, o reconhecimento e a propagação dos produtos culturais baianos geram riquezas há mais de quarenta anos, cujos reflexos se estendem para o turismo e outros aspectos da economia.

Há tempo de semear e de colher. O governador Zé Maranhão plantou a semente e merece o nosso aplauso por ter encaminhado um projeto de lei para a Assembléia Legislativa criando a Secretaria de Cultura do Estado da Paraíba, o que certamente irá contribuir para reduzir essa incapacidade lesiva de identificar e promover os gênios paraibanos em todas as atividades que a transversalidade cultural permita.

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