O poeta Mário Quintana já dizia que a gente precisa viajar, nem que seja na própria rua. Viajar é ampliar horizontes internos e ver mais da própria essência. É descobrir em cada passo, a cada nova esquina, em cada encontro com outra pessoa, com outra cultura, um pouco mais sobre nós mesmos. Quem conhece a si próprio? Só descobrimos nossas reais possibilidades e potenciais quando enfrentamos as dificuldades da vida. Porém é muito mais interessante desenvolver nossas capacidades em viagens do que na rotina das empresas, por exemplo, onde os erros são menos tolerados. Conseguir se comunicar com pessoas que não falam a sua língua, resolver problemas práticos, adaptar-se a condições estranhas aos seus hábitos e viver situações inesperadas são um treinamento avançado para dar conta dos muitos imprevistos que o dia-a-dia nos oferece. Com a vantagem de contemplar poentes espetaculares, ver gente diferente e viver aventuras únicas. Viajar é expandir-se. Dependendo da intenção com que viajamos e da forma com que nos abrimos para aprender, uma bela viagem vale por uma formação universitária. A lista de coisas que podemos conhecer enquanto viajamos não tem fim: idiomas, história, geografia, cultura, culinária, artes, artesanato, costumes, moda, paradigmas, política, ecologia, arquitetura, só para começar. Aí chegamos a outra questão. Estudamos para aprender e recebemos um diploma por isso, mas nem sempre efetivamente aprendemos, e nem sempre o que aprendemos serve para a vida prática. Quando viajamos, aprendemos nos divertindo. Não recebemos o diploma, mas o conhecimento é prático e pode contribuir muito para o sucesso. E se pudéssemos juntar tudo? Felizmente, já existem universidades ao redor do mundo que oferecem cursos a distância, beneficiando estudantes que não podem frequentar um curso regular numa instituição. E muita gente está escolhendo temas relacionados às suas preferências em viagens: história, arte, esportes, política etc. E um novo mundo que se descortina. Para quem não pode se dar ao luxo de passar um ano viajando, a sugestão é programar pelo menos 15 dias por ano. Se não pode ir longe, pode ir para perto. O importante é mudar de ares, abrir os olhos, experimentar coisas novas. E sem críticas, sem medo do desconhecido, do novo. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em parceria com uma consultoria americana para o desenvolvimento do pleno emprego, levantou dados que mostram que pessoas com experiência em viagens recebem até 20% mais em remuneração e empreendem com 50% mais sucesso do que aquelas que não viajam. Entretanto, a chave para uma experiência enriquecedora não é a viagem em si, mas a forma como se viaja. O espírito que colocamos na viagem é o que faz com que ela siga numa ou noutra direção. Tem gente que viaja para comparar o que vê com tudo que pensa e faz e criticar tudo o que é diferente, julgando a diferença como erro. Outras pessoas viajam para tirar fotos, conhecer bons restaurantes, ir a museus, assistir a espetáculos, divertir-se. Porém as que melhor podem aproveitar a viagem são aquelas que utilizam a experiência para aprender sobre seus limites e potenciais. Descobrir que o modo pelo qual levamos a vida é só um jeito aprendido, e não uma verdade absoluta. Perceber que há muitas formas de olhar a realidade. Dar-se conta de quais são as reações diante de um imprevisto, de uma dificuldade, de um novo hábito. Ser capaz de admirar a beleza mesmo em padrões radicalmente diferentes da própria estética.Viajar de olhos, mente e coração abertos. Aprender com a vivência e com a convivência. Experimentar e compartilhar. Aventurar-se com critério. Respeitar os outros e a si mesmo. Aprender outras linguagens, não só os idiomas, mas outras formas de se expressar. Viajar é ampliar o quintal da vida, fazer amigos e se divertir. Para aproveitar mais da experiência dessa breve viagem que é a vida, é preciso ser capaz de eliminar as fronteiras que nos separam da humanidade. Somos todos parte da mesma família. Não existe o "outro".
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