quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
ANJOAZULDEBUTANTE
Baile de desbundante
(Fernando Moura)
Vestida de anjo
Na festa mirabolante
A cidade desbundante
Toca pandeiro e banjo
Pecados absolvidos
Alegria abençoada
Recados absorvidos
Agonia adiada
Frevos, sambas e blues
Cocos, rocks e xotes
Chega e-may com os motes
Castanha, cana, caju
Dama vira madame
Feio fica bonito
Vagabundo dorme e come
Mudo libera o grito
Bengalas pulam degraus
No beco do padre santo
Ébrios entoam cantos
Náufragos de muitas naus
Tem malandro e pivete
Índia da virgem mata
Papangu beija pirata
Lampião joga confete
Garis e professores
Gigolôs e cafetinas
Pierrôs e Colombinas
Amantes e ex-amores
Atores e canastrões
Palhaços e sicários
Beatas e cortesãs
Lanceiros e otários
Poetas, putas e loucos
Ninfas, faunos e musas
Gays, reis e confusas
De tudo se dá um pouco
No baile de debutante
Do Anjo Azul da Folia
A noite enlaça o dia
Na ladeira dos errantes
Seja menina ou menino
Querubim, tez de alfinim
Seja princípio ou fim
Todo anjo tem seu ninho
Anjo negro ou vermelho
Anjo verde ou amarelo
Anjo que é sincero
Cola no rosto um espelho
Nesse mundo encantado
Onde dúbio parece certo
O bloco desfila aberto
Para as ruas do passado
Nas asas dos estandartes
Nas máscaras angelicais
Os sonhos são reais
Em tons azuis escarlate
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