sábado, 3 de outubro de 2009

IPHAEP

Iphaep aprova tombamento do Sítio Acais


O Conselho Deliberativo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico aprovou esta semana, por unanimidade, o tombamento do Sítio Acais “solo sagrado da Jurema”, localizado no município de Alhandra.
Na área, há décadas, a cultura indígena e afro-brasileira - especialmente o ritual da jurema - vem resistindo à ação dos homens. “É a primeira vez que a Paraíba realiza um tombamento assim. É um momento histórico, com importância para todo o Brasil”, afirmou Damião Cavalcanti, diretor do Iphaep. “Neste momento, o Conpec presta homenagem às coisas mais antigas da humanidade: o espírito da religiosidade humana”.
Já o Pai Beto de Xangô, que é presidente da Federação Cultural Paraibana de Umbanda, Candomblé e Jurema, resumiu em poucas palavras o sentimento do grupo. “Não tenho muito o que falar, só que nossos antepassados agradecem este gesto e nós aproveitamos o momento para oferecer ao Iphaep um presente sagrado: uma muda de jurema preta, muito mimosa, para ser plantada no jardim”, disse o líder espiritual.
Em seguida, juremeiros e juremeiros fizeram uma louvação, com cânticos, palmas e o toque ritmado do tambor (ilú), que foi tocado por Netinho, 16 anos, há dois anos juremeiro e Filho de Pai de Santo. A cantoria terminou com uma toada de ensinamento, na qual eles questionaram a necessidade de que haja o respeito a todas as crenças religiosas e evocaram os sentimentos de paz, amor, luz e proteção.
O relator do processo, Kleber Mendonça, da Apan, explicou todo o desenrolar do processo, começando pela visita que fez ao local, acompanhado de outros dois conselheiros – Carlos Azevedo e Raglan Gondim –, onde ficou decidido que o polígono de tombamento foi demarcado pelo GPS.
O Sítio Acais está localizado a oeste do município de Alhandra, às margens da antiga estrada João Pessoa/Recife. No local, além da vegetação jurema preta, que é característica da manifestação religiosa afro-indígena, encontram-se sítios de mangueiras e jaqueiras. Possui uma casa grande, um coreto e, na parte mais alta da fazenda, a capela de São João Batista. Sua última proprietária foi Maria das Dores, neta de Maria do Acais. Atualmente, o cenário é de destruição e devastação da área, restando apenas a capela e o túmulo do mestre Fósculo.

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